- Não o consegues arranjar? De certeza?
- Bom... não sei... talvez.
- Sei que consegues Kenzinho, acredito em ti.
- Não me... uf, let it go.
Depois de levar-mos o rádio aos sobreviventes, observamos o Ken a examinar o rádio partido.
- Mas devo precisar de ferramentas, coisa que nós... não temos.
- Mas pode-se fazer... Ou arranjar. Certo? - pergunto.
- Acho que sim.
- Então vamos a isto.
Procuramos por toda a ilha, perguntamos a todos sobre ferramentas. Arranjamos um martelo a partir de uma pedra e um pau, uma chave de fendas que alguém tinha - como? - e uma faca, mais uma pedra afiada.
- Não é suficiente... Mas posso começar.
- Ótimo! - exclamam todos.
*
No fim da semana - ou pelo menos, ao fim de algum tempo - reunimo-nos de novo, para ver-mos os progressos do arranjo do rádio. E, graças à ajuda de todos e ao talento do Ken, o rádio está quase arranjado, faltando apenas uma antena.
- Oh, para isso não precisamos de nada de muito especial! - exclama a Laura.
- Como assim?! - questiona o Ken.
- O meu pai ensinou-me que podemos criar uma antena apenas usando um objeto pontiagudo e numa ponta colocar alumíni* e não temos alumínio, pois não?
- Acho que não...
Todos suspiraram.
- Mas podemos procurar? - pergunta alguém.
- Acho que sim, não sei é se vamos encontrar.
- Tentemos.
Logo todos se puseram à procura, mas nada... Até que um dia, em que já todos estavam a desistir, a Laura chega ao pé de nós, muito entusiasmada, segurando um pequeno pedaço de alumínio.
- OMG! Laura, és o nosso bilhete de saída daqui! - exclama o Ken, correndo para a abraçar. A face da Stevei alterou-se, e não apenas ciúme... Algo mais, que não se descreve. Aclarou a garganta.
- Bom, muitos parabéns. Podemos saber onde a arranjas-te?
- O quê? O que importa.
- Bem, importa que podes estar a esconder alguma coisa.
Todos se afastaram da Laura, exceto o Ken. Não me mexi, tal como o David e o Gonçalo.
- O que pode ela estar a esconder?! - exclama o Ken.
- Não disseram que havia mais alguém nesta ilha? Um traidor?
- O quê!? - exclamaram todos.
- Mas ela já vinha connosco!
- O que é que isso impede.
*
A desconfiança espalhou-se pela ilha. Apenas eu, o Gonçalo, o David e o Ken andávamos com a Laura. Por causa disso, a Stevei acabou com ele, mas a culpa foi toda dela. Os seus ciúmes é que acabaram a relação, apesar de que, se a Stevei continuasse a ser tão chata, o Ken acabaria por acabar com ela.
Cada vez nos afastavam mais. Mas parecia que todos se tinham esquecido do rádio até que o Ken terminou de o arranjar e o decidimos experimentar em segredo, para não piorar tudo.
Ligámo-lo e, por momentos apenas ouvimos estática.
- Oh! Foi uma perda de tempo. - disse o David, desiludido.
- Calma, temos de o sintonizar... - disse o Ken, movimentando uns quantos botões, até a estática desaparecer. Então pegou no altifalante:
- Roger, alguém desse lado!
- QAP
- Está alguém a ouvir-nos! - exclama o Ken.
- O que é que ele disse? - pergunto.
- É linguagem código. Diz que está à escuta.
Do outro lado do rádio.
- QRZ? Roger.
-QRA desconhecida. Roger.
- Como?! Quem fala? Roger.
- Desculpe, precisamos urgentemente de salvamento! Estamos presos numa ilha deserta à um mês! Roger.
- Não acredito! São o TAP 413? Roger.
- Afirmativo. Roger.
- Enviaremos de imediato um resgate. Quais as coordenadas? Roger.
- Não temos a certeza... Roger.
- OK, mantenha-se ligado para o localizar-mos! Roger.
E a estática volta. O silêncio é geral.
- Conseguimos? - pergunta a Laura.
- Eu... Eu acho que sim.
E então festejamos. Talvez cedo de mais.