Capítulo XVIII

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 - Não o consegues arranjar? De certeza?

 - Bom... não sei... talvez.

 - Sei que consegues Kenzinho, acredito em ti.

 - Não me... uf, let it go.

 Depois de levar-mos o rádio aos sobreviventes, observamos o Ken a examinar o rádio partido.

 - Mas devo precisar de ferramentas, coisa que nós... não temos.

 - Mas pode-se fazer... Ou arranjar. Certo? - pergunto.

 - Acho que sim.

 - Então vamos a isto.

 Procuramos por toda a ilha, perguntamos a todos sobre ferramentas. Arranjamos um martelo a partir de uma pedra e um pau, uma chave de fendas que alguém tinha - como? - e uma faca, mais uma pedra afiada.

 - Não é suficiente... Mas posso começar.

 - Ótimo! - exclamam todos.

*

 No fim da semana - ou pelo menos, ao fim de algum tempo - reunimo-nos de novo, para ver-mos os progressos do arranjo do rádio. E, graças à ajuda de todos e ao talento  do Ken, o rádio está quase arranjado, faltando apenas uma antena.

 - Oh, para isso não precisamos de nada de muito especial! - exclama a Laura.

 - Como assim?! - questiona o Ken.

 - O meu pai ensinou-me que podemos criar uma antena apenas usando um objeto pontiagudo e numa ponta colocar alumíni* e não temos alumínio, pois não?

 - Acho que não...

 Todos suspiraram.

 - Mas podemos procurar? - pergunta alguém.

 - Acho que sim, não sei é se vamos encontrar.

 - Tentemos.

 Logo todos se puseram à procura, mas nada... Até que um dia, em que já todos estavam a desistir, a Laura chega ao pé de nós, muito entusiasmada, segurando um pequeno pedaço de alumínio.

 - OMG! Laura, és o nosso bilhete de saída daqui! - exclama o Ken, correndo para a abraçar. A face da Stevei alterou-se, e não apenas ciúme... Algo mais, que não se descreve. Aclarou a garganta.

 - Bom, muitos parabéns. Podemos saber onde a arranjas-te?

 - O quê? O que importa.

 - Bem, importa que podes estar a esconder alguma coisa.

 Todos se afastaram da Laura, exceto o Ken. Não me mexi, tal como o David e o Gonçalo.

 - O que pode ela estar a esconder?! - exclama o Ken.

 - Não disseram que havia mais alguém nesta ilha? Um traidor?

 - O quê!? - exclamaram todos.

 - Mas ela já vinha connosco!

 - O que é que isso impede.

*

 A desconfiança espalhou-se pela ilha. Apenas eu, o Gonçalo, o David e o Ken andávamos com a Laura. Por causa disso, a Stevei acabou com ele, mas a culpa foi toda dela. Os seus ciúmes é que acabaram a relação, apesar de que, se a Stevei continuasse a ser tão chata, o Ken acabaria por acabar com ela.

 Cada vez nos afastavam mais. Mas parecia que todos se tinham esquecido do rádio até que o Ken terminou de o arranjar e o decidimos experimentar em segredo, para não piorar tudo.

 Ligámo-lo e, por momentos apenas ouvimos estática.

 - Oh! Foi uma perda de tempo. - disse o David, desiludido.

 - Calma, temos de o sintonizar... - disse o Ken, movimentando uns quantos botões, até a estática desaparecer. Então pegou no altifalante:

 - Roger, alguém desse lado!

 - QAP

 - Está alguém a ouvir-nos! - exclama o Ken.

 - O que é que ele disse? - pergunto.

 - É linguagem código. Diz que está à escuta.

 Do outro lado do rádio.

 - QRZ? Roger.

 -QRA desconhecida. Roger.

 - Como?! Quem fala? Roger.

 - Desculpe, precisamos urgentemente de salvamento! Estamos presos numa ilha deserta à um mês! Roger.

 - Não acredito! São o TAP 413? Roger.

 - Afirmativo. Roger.

 - Enviaremos de imediato um resgate. Quais as coordenadas? Roger.

 - Não temos a certeza... Roger.

 - OK, mantenha-se ligado para o localizar-mos! Roger.

 E a estática volta. O silêncio é geral.

 - Conseguimos? - pergunta a Laura.

 - Eu... Eu acho que sim.

 E então festejamos. Talvez cedo de mais.

 


 



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