O quê dizer sobre um dia em que nada teve ligação, ou teve. Preciso pensar melhor sobre isso.
Levantei e meu tio estava na cadeira de rodas com um cobertor cobrindo suas pernas peludas e imóveis, frente a mesa do café, tomando água.
-E aí moleque...
-Oi Tio. Por quê levantou?
-Porque eu quis. Senta aqui.
Me sentei sonolento.
-Tio, lembra aquela fita que me deu? Por quê me deu ela?
-Eu não sei, tinha ela com muitas outras fitas. Comprei a maioria delas quando voltava do sítio.
-Voltava? Mas você gravou a mensagem na fita quando estava no sítio, ou era o que parecia...
-Mensagem? Eu não gravei nada disso menino.
Fui pra escola, encasquetado com a ideia de que, meu tio era a pessoa que falava na fita e ele mesmo não se lembrava. Deve ser.
Devia ser.Na escola, Nicolas me seguiu até o muro cinza se sentando ao meu lado pra conversar:
-Vamos conversar um pouco, sobre qualquer coisa. Tudo tem ficado tão estranho entre nós, Aif.
Junto dele, Matheus e Lucas, meio bravos, talvez?
Olhando agora, vejo o quanto sou um péssimo amigo.-Tudo bem. Então, quando vou poder ir na casa de vocês jogar?
-Sei lá, qualquer dia, desde que vá.
-Ei, como tá a Dona Lê?
Perguntou Matheus, se sentando no banco.
-Bem, ela comentou de fazer uma festa de aniversário pra mim. Ela nunca faz, mas quer fazer e convidar vocês.
-Fazer aniversário no dia vinte e quatro deve ser complicado, mesmo assim, iremos.
Lucas riu logo dizendo:
-Tem que levar presente Matheus e você sempre esquece de levar.
-Dona Lê faz aquela receita maravilhosa de frango com patê como se fosse meu presente.
Ri:
-Nossa,o cara viaja...É com molho, não patê.Ficamos discutindo sobre lutas, comida e como seria uma festa cheia de jogos e bebidas como... energéticos.
Olhei em volta, o clima parecia como quando tudo era rotineiro. O céu estava aberto, sem vento e olhando o muro cinza e as folhas da árvore balançando, me acalmei como se tudo que eu precisasse estivesse ali e estava.
Na árvore, pulando do muro, Plutão.
-Aif.
Me levantei, meus amigos que estavam completamente descontraídos, a encararam.
-Plutão.
Sorri.
Meus amigos olhavam sem entender. Ela se aproximou, tímida, mordendo a manga do moletom.
-Ela é...Plutão?
Perguntou Matheus, me olhando como se soubesse de muitas coisas.
Quando ele leu o diário, me lembrei.-Seu rosto é familiar.
Disse Nicolas, observando a garota.
-Ela é a causa de tudo, mas é....bonitinha.
-Ei...
O empurrei de leve, rindo.
-Quê foi, Aif? Não posso achar ela bonita?
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Aif
Novela JuvenilEM HIATUS Eu sou Antônio Ícaro Fernandes, mas me chamam de Aif. Na verdade só me chamam assim porque meu irmão também era Aif. Bem isso que leu, ele era. Você sabia que Plutão voltou a ser um planeta recentemente?