Dia 6.063

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Acordei um pouco cansado e fui tomad café, logo de manhã e quando me sentei não havia ninguém na cozinha fora minha mãe que lia um livro de receitas velho e Giovana que lavava louça a ouvindo;

-Algum dos meninos poderia ir pegar jabuticaba perto do rio. Aí eu faria uma torta.

-Seria legal.

Coloquei um pão na boca.

-Eu vou mãe, vou com o Nicolas.

Saí, precisava espairescer de todos os pensamentos ruins. Meu amigo drogado achava que a culpa era minha e que eu simplesmente era um bosta.

Nicolas apareceu do meu lado comendo uma maçã;

-E aí Aif, está melhor?

-Não, mas minha mãe pediu para que fossemos pegar algumas jabuticabas.

-Beleza então, é no mercado?

-Não, perto do rio. Aquele da ponte de madeira, lá tem muitas jabuticabas.

-Sabe o caminho?

-Sei, venho aqui faz tempo e acha que não conheço?

-Acho, você é esquecido.

-Vou me trocar.

Coloquei a blusa do iron-man, meu jeans, tênis e saímos.

Pegamos a bicicleta e um vasilha com tampa, Nicolas foi pedalando até a ponte enquanto eu olhava o caminho, nele havia, como sempre;o vasto campo, bois, vacas e até bebês cachorrinhos brincando.

-Nossa, a água daqui é tão limpa, espera aí vou beber um pouco, estou com sede.

-Beleza.

Olhei em volta, tudo era calmo e simplório. Nem parecia que o campo estava recebendo o enredo de uma história de horror. Porque era exatamente isso que eu imaginava da minha vida agora.

-Aí, eles eram tão fofos. Tentando pegar a borboleta.

-Para cara de se grudar em mim, cê tá com bafo.

-Eu tô com saudade, isso sim.

-De quê? Da sua amiguinha Nicolas?

-Não, da minha mochila.

Olhei pra trás, Matheus e Lucas vinham andando lentamente, rindo. Lucas certamente estava doido, por não poder se drogar.

Escutei os passos de Nicolas voltando a subir a ponte, pisando as gramas, gravetos e lentamente a madeira que rangia.

Estavámos de lados opostos. Nicolas hesitou um passo pra trás. Olhei de canto e fiz um sinal pra que viesse do meu lado.

Se alguém visse a cena, iam achar que éramos adolescentes arranjando briga, estou rindo disso agora, por quê é exatamente o quê somos.

-Vocês por aqui?

-Pergunto o mesmo.

Matheus tirou uma vasilha do bolso e saiu andando. Segurei no braço dele quando ele passava.

-Me solta, seu traidor.

Me solta, seu traidor.

Minha Vó uma vez me disse que tudo que a gente diz, algum dia na vida vai ser dito pra gente. Se a gente diz que ama alguém, alguém vai dizer que nos ama, se a gente diz que odeia alguém, alguém vai revidar palavras de ódio. E as palavras de ódio voltaram exatamente como foram.

Matheus, seu canalha.

-Beleza, Aif, solta ele. Vamos logo lá, sabe onde é?

-Sei, é ali.

AifOnde histórias criam vida. Descubra agora