Lauren POV
Era ridículo pensar que eu tinha acordado de bom humor só por saber que ia receber uma visita da Normani. Primeiro porque eu a via praticamente todos os dias da minha vida, até ano passado. E segundo porque era a Mani. Só a Mani. Pra vocês terem uma ideia do tédio que a minha vida tinha se tornado em míseros dois dias.
Eu folheava algumas fichas e listas de assinatura sobre a grande mesa de mármore na biblioteca quando escutei o barulho dos saltos batendo contra o piso de madeira.
- Você não tem tendências suicidas, tem? Porque esse lugarzinho dá vontade de morrer. – ela disse, entrando e olhando ao redor, com uma bolsa enorme pendurada em um dos braços. Eu sorri abertamente e me levantei, indo em direção a ela.
- Eu to provavelmente começando a desenvolver algumas.
Ela me olhou, sorrindo como eu, e abriu os braços para me agarrar num abraço apertado.
- Ai, minha Lolo! – ela praticamente gritou no meu ouvido, me apertando ainda mais. – Quem diria que esse seria o nosso fim. Uma trabalhando no internato dos pais, a outra, recém-casada, descobrindo que está grávida do primeiro filho. – meus olhos se arregalaram em uma fração de segundos e eu a soltei no mesmo momento, buscando o seu rosto e me sentindo levemente sem ar. Ela gargalhou alto da minha expressão de pânico e me puxou para perto novamente. – Eu to brincando!
Eu respirei fundo, tentando acalmar os batimentos do meu coração e a olhei com a expressão mais enfurecida que eu possuía.
- Como eu te odeio...
- Vem cá, que horas é esse teu intervalo, hein? – ela perguntou, ignorando o que eu disse. – Queria poder conversar num lugar menos... Assim. – ela disse, gesticulando para o ambiente. Eu ri da cara que ela fez e olhei no relógio da parede.
- Agora. Vamos lá, eu preciso comer alguma coisa.
Sentamos em uma das mesas do refeitório destinado apenas a funcionários e comemos entre conversas e risadas. Normani me disse que a grande novidade era que seus pais tinham comprado pra ela um apartamento próximo à universidade na qual ela pretendia entrar no começo do ano que vem. Acreditam nisso? Um apartamento todinho só pra ela? Em menos de quinze minutos de conversa, já havíamos feito trilhares de planos e programas dentro daquele lugar. Estava radiante por ela, mas não posso negar que senti uma pontinha de inveja. Tudo que eu queria no momento era estar livre pra viver fazendo o que eu bem entendesse. Mas, como vocês bem podiam ver, isso não tava sendo muito possível no momento.
Eu sorri quando vi Nicolas vindo até nossa mesa atrás de Normani e ela, percebendo meu olhar, se virou na mesma direção para ver pra onde eu olhava. Em um segundo, a morena virou o rosto de volta pra mim, com as sobrancelhas erguidas, e eu li seus lábios se moverem num silencioso "Meu Deus". Eu tive de me segurar para não rir com aquilo quando Nicolas se aproximou o suficiente.
- E não é que você tem mesmo outros amigos? To impressionado. – ele disse, se sentando ao meu lado e olhando pra Normani, com um sorriso.
- É que eu tenho uma paciência enorme, sabe? Além de um instinto solidário muito grande. – Normani respondeu, sorrindo exageradamente.
- Sério mesmo que vocês mal se conhecem e já se juntaram pra me irritar? – eu questionei incrédula e os dois riram da minha pergunta.
- É bom saber que uma coisa a gente já tem em comum. – Normani disse, olhando diretamente para Nicolas. Eu tentei não rir da sua atitude descarada, mas quando percebi Nicolas literalmente corar com o comentário, eu não aguentei e gargalhei alto.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...