Camila POV.
Andei a passos rápidos de volta para a sala quase como se fugisse. Não de Lauren, mas de mim mesma e da vontade que eu sabia que não poderia segurar se continuasse dentro daquele quartinho perto dela. Definitivamente, aquela loucura tinha que acabar. Tudo o que eu havia conversado com Dinah não tinha mudado. As coisas ainda eram extremamente complicadas e perigosas. A situação talvez até tivesse piorado depois do que tinha acabado de acontecer, já que além de todos os contras que já existiam em toda a história, o simples fato de eu não conseguir de maneira alguma frear a atração insana que eu sentia por aquela garota não era nem um pouco normal. E isso me assustava. Com toda a certeza, aquela loucura tinha que acabar, e acabar de vez!
- Com licença, professora. – disse, assim que atravessei a porta da sala de volta à aula. Ela acenou com a cabeça, voltando a explicar o que eu havia interrompido, e rapidamente sentei em minha cadeira. No mesmo segundo, Dinah jogou sobre minha mesa um bilhetinho de papel. Eu o desdobrei e li o que ela havia escrito.
"O que a monitora queria com você?"
Lancei um rápido olhar a ela antes de pegar minha caneta e escrever no verso do papel que eu tinha me esquecido de devolver um livro qualquer à biblioteca. Joguei o bilhete de volta em sua mesa assim que terminei e ela demorou mais alguns segundos escrevendo alguma coisa sobre ele, jogando-o novamente para mim.
"Nunca vi um monitor vir atrás de um aluno durante a aula só pra fazer isso. Acho que essa garota tem alguma cisma com você".
Soltei uma risada fraca e frustrada ao terminar de ler. Se ela ao menos soubesse... Amassei o papel, guardando-o dentro do meu estojo, e virei na direção de Dinah, dando de ombros. Ela continuou me observando, provavelmente analisando quão verdadeira eu estava sendo, mas eu tratei de ignorá-la. Até porque, dali pra frente tudo voltaria ao normal. Dali pra frente eu não cederia mais a nenhum tipo de atração, por mais forte que fosse, e logo não teria mais segredos pra esconder dela ou de Ally.
As aulas da manhã, por sinal em nada produtivas, seguiram sem nenhum acontecimento interessante. Não que eu estivesse reclamando, é claro, já que a confusão que havia se tornado aquele começo de ano pra mim já era "interessante" o suficiente. Em menos de uma semana, Lauren virara minha vida de cabeça para baixo, de um jeito bom e ao mesmo tempo ruim. Nos últimos dias, minha vida tinha se resumido a ela e ao que vinha acontecendo. Eu já não prestava atenção nas aulas, não conseguia me concentrar nas tarefas, era difícil até pra me distrair numa conversa com as meninas, sem contar o fato de eu nunca ter mentido tanto pra elas em todos esses anos de amizade quanto vinha mentindo ultimamente. Três beijos. Três míseros beijos e eu já me encontrava virada do avesso. Tudo bem, eles não eram exatamente "míseros". Mas isso pouco importava porque daqui pra frente eu já não pensaria mais no que eles eram ou deixavam de ser. Daqui pra frente, Lauren seria uma simples funcionária do internato como qualquer outra e tudo voltaria ao normal.
- A gente pode conversar? – ouvi a voz familiar dizer a mim enquanto eu andava com Dinah e Ally pelo jardim durante o segundo intervalo.
- Sim. – eu lhe respondi com a expressão neutra.
Era Austin. Seu rosto parecia abatido e seu tom de voz ameno. Até mesmo sincero. Ele andou calmamente, se afastando das meninas e me pedindo apenas com o olhar para que eu o acompanhasse. Olhei rapidamente para as meninas, que assentiram pra mim, e segui ao lado dele. Ele não parou de andar e percebi que ele não me levaria para conversarmos em algum lugar específico, e sim que sua vontade era simplesmente caminhar ao meu lado.
Após alguns minutos em que tratamos de andar calmamente, um ao lado do outro, em um silêncio confortável, ele finalmente se manifestou.
- Eu não quero perder a sua amizade. – seu tom baixo e melancólico tocou fundo em meu coração. Senti uma tristeza e, ao mesmo tempo, um alívio me preencherem, e virei meu rosto em sua direção. Austin fez o mesmo e nos encaramos por alguns instantes, sem interrompermos nossa caminhada.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...