Próxima vez?

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Camila POV.

Eu não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo a minha volta.

Eu não sabia se estava ganhando, se estava perdendo, se estava jogando bem ou se estava jogando mal. A última das alternativas era, provavelmente, a mais verdadeira, mas, ainda assim, uma dúvida pra mim.

Tudo o que eu, de fato, sabia e, mesmo com a pouca sobriedade que me restava, eu ainda conseguia ter certa consciência, era do quão insuportável e agonizante toda aquela situação frente à Lauren se fazia pra mim.

Veja bem o meu estado. O cenário via-se exatamente assim: Christóvão e Homero, agora tão bêbados quanto eu, vestiam apenas as calças. Kim, ao meu lado, ainda tinha calças, blusa e até mesmo jaqueta sobre o corpo. Nicolas vestia bermuda e camiseta e, Gregoire, apenas cueca. Até então, nada fora do esperado. Mesmo porque eu, sendo a jogadora medíocre e embriagada que era, já me encontrava tão seminua quanto Gregoire, rezando com todas as forças para que, na rodada seguinte, eu não acabasse perdendo a calcinha ou o sutiã – já que depender das minhas cartas e habilidades estratégicas estava completamente fora de cogitação.

O que, na verdade, estava extremamente estranha era a situação em que Lauren, provavelmente a melhor jogadora daquela mesa, se encontrava: calcinha lhe cobrindo a intimidade e um dos braços – repito – um dos braços lhe cobrindo os seios.

Eu, sinceramente, não esperava que as coisas terminassem dessa maneira. Lauren era, obviamente, uma ótima jogadora. Era quase impossível que a garota estivesse perdendo roupas naquela partida mais do que qualquer outro jogador ali. Mais do que isso, era impossível que ela estivesse perdendo mais roupas do que eu, que sequer sabia o que fazia sentada ali com minhas cartas à mão. Mas, como numa brilhante e cruel atitude do universo para me provocar, lá estava ela, cobrindo os seios livres de tecido a poucos centímetros de mim. Por isso, vocês podem imaginar quão tortuosa, e quase eterna, esta última rodada vinha sendo para mim.

Minha concentração há muitas jogadas já era zero. Com Lauren naquele estado, ao meu lado, passou a ficar negativa. Pra melhorar, Kim parecia estar mais atacado do que nunca, constantemente apoiando a mão sobre a minha coxa a cada droga de jogada que fazia. Com o nível de álcool em meu organismo, eu estava a ponto de chamá-lo a atenção por isso a qualquer momento. Mas minha parcela consciente ainda mantinha algum tipo de educação para não fazê-lo, se é que Kim a merecia.

Sentir sua mão suada sobre a minha pele, naquela situação agonizante, não vinha sendo a melhor das sensações. Eu sabia, apesar de tudo, que o garoto estava afim de mim. Tomando um ou mais goles de cerveja, sua coragem para investir em nós tinha dobrado, é óbvio. Mas isso, infelizmente, já não mais me agradava e vinha atingindo o meu limite.

- Christóvão. – Homero pronunciou o nome do rapaz de forma arrastada, sorrindo abertamente e vendo-o bufar.

- Você está roubando, não está? – Christóvão dirigiu-se à Kim, que, pelo visto, havia sido o ganhador daquela rodada sobre ele.

- Eu realmente não sei o que está acontecendo. Algo me diz que Lauren tem aliviado esse jogo pra mim. – o moreno sorriu na direção dela e Lauren deu de ombros.

- Quem sabe, não é? Acho que não estou num bom dia. – seu descaramento ao falar me chegava a dar arrepios. Na verdade, qualquer palavra que escapasse de sua boca naquele tom rouco, no momento, me eriçaria os pelos do corpo inteiro.

- Não dispersem. – Homero tornou a falar com a voz completamente embargada, apontando para Christóvão. – Você perdeu essa. Pode tirando essa calça.

Christóvão bufou mais uma vez, em meio às risadinhas dos presentes, e retirou a peça a muito contra gosto.

Quão irônico seria pensar que eu estava em meio a dois garotos – quais, diga-se de passagem, eram realmente atraentes e isso não há de se negar -, vestindo nada mais e nada menos do que cuecas e, ainda assim, tudo o que eu tinha em mente eram quão apertados os seios de uma garota estavam sob seus braços, enquanto a mesma encontrava-se apenas de calcinha ao meu lado? Há alguns meses, isso seria total absurdo para mim, não é mesmo? E agora vejam só a situação ridícula em que eu me encontro...

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