Lauren POV
- Lauren!
Em meu estado sonolento, o barulho parece longe, a quilômetros de distância.
- Lauren, acorda!
- Anda, Lauren! Não é justo que você ainda esteja dormindo enquanto nós já estamos aqui, acordados e prontos.
A sequência de murros na porta me desperta um pouco mais, ainda sem entender exatamente de onde os gritos veem ou o que eles significam. Vagarosamente, tomo consciência do cansaço imenso que sinto, acompanhado de uma ressaca desnecessária. Simplesmente me recuso a abrir os olhos, esticando o braço direito sobre o colchão para encontrar... Ninguém?
- Lauren, eu não estou brincando! Acorda de uma vez ou vou chamar Normani para te acordar!
Tanto o sumiço de Camila, quanto a menção do nome de minha amiga na voz grossa e irritada de Nicolas, é o que me fazem relutantemente abrir os olhos.
- Lauren!
- Parem com esse escândalo no meio do corredor! – finalmente os respondo, gritando de volta para a dupla de homens ao lado de fora do quarto, sentindo minha cabeça praticamente estourar pelo ato, e me arrependendo em seguida.
Nicolas e Cristóvão continuam a resmungar, enquanto lentamente deixo a cama e trato de vasculhar o quarto do hotel por um vestígio de Camila. Percebo suas roupas reviradas sobre a mala aberta ao pé da cama, bem como a porta do banheiro entreaberta, o que é suficiente para que eu enxergue o cômodo vazio.
Ao contornar a cama em busca de meu celular, por fim encontro sob a cabeceira um bilhete na grafia da mais nova que, ainda pelo sono, me parece embaçado.
São sete horas da manhã e Normani está neste exato momento atrás de mim, bufando e batendo os pés, enquanto me espera escrever este bilhete. Aparentemente, hoje é o dia de todas as madrinhas provarem o buffet da festa. Boa sorte experimentando ternos com Nicolas e os meninos mais tarde. Te amo.
- Experimentando o quê-
- Lauren, você não voltou a dormir, não é? – a voz imponente de Gregoire próxima à porta me surpreende ao denunciar sua presença e eu solto um suspiro exausto.
- Não por falta de vontade... – sussurro a mim mesma com desprezo, dando-me por vencida e arrastando os pés pesados em direção à minha própria mala. – Me deem cinco minutos! – respondo, desta vez alto o suficiente para que os três me escutem.
Apesar do resmungo positivo em retorno, o revirar dos olhos de Nicolas à minha resposta é tão alto que posso ouvir o gesto mesmo de dentro do meu quarto.
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Camila POV
Apesar do horário inumano em que Normani havia aparecido em nosso quarto espumando de raiva, como se esperasse que eu fizesse a ideia remota do motivo – quando é claro que eu não fazia –, o dia não vinha sendo tão terrível quanto prometia. Em toda a oportunidade que tinha, a morena aproveitava para me alfinetar, deixando claro o tipo desprezível de madrinha de casamento que eu era, já que nem sequer de sua agenda matrimonial eu tinha completo conhecimento – pra não dizer nulo. No entanto, já faziam agora cerca de duas horas que eu não fazia nada mais além de provar uma infinidade de salgadinhos e docinhos e sabe-se lá mais que categoria de comidinhas de buffet de casamento. Com o bucho cheio, os pés pra cima sobre uma das cadeiras do local e com meu corpo totalmente estirado em outra, com mais nada eu me importava, nem com os insultos ininterruptos de Normani.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...