Lauren POV
O sábado demorou mais do que o esperado para chegar. Os últimos dias da semana literalmente se arrastaram. Minha vida durante esse período se resumiu em acordar cedo demais pro meu gosto, passar praticamente o dia todo dentro daquela biblioteca fazendo absolutamente nada e ir dormir cedo. Sim, eu ia dormir cedo porque, curiosamente, após horas e horas de não fazer nada, eu me sentia extremamente cansada. Quando despertei hoje mais cedo à hora que eu bem quis, sem alarmes estridentes tocando no meu ouvido e sem meu pai enchendo o meu saco pra acordar, a impressão que deu foi de que eu ainda estava dormindo e sonhando. Pela primeira vez naquela semana, eu havia acordado com um sorriso no rosto.
Não só o fato de acordar mais tarde foi motivo de alegria, como poder ter acordado no meu próprio quarto, sobre a minha própria cama e meu próprio edredom, também. Cinco míseros dias longe daquele lugar e eu já sentia uma falta imensa do meu cantinho. Tudo o que eu gostava, da maneira que eu gostava, na ordem em que eu gostava, estava ali.
Eu também não podia deixar de fora todo o resto da casa e, claro, da família. Ainda que meu pai fosse ao internato todos os dias e, vez ou outra tinha de me acordar, eu não o via com tanta frequência assim. Por isso, a saudade que eu começava a sentir dele àquela altura já equivalia à mesma que eu sentia dos meus irmãos. Se eu sentia saudades da minha mãe? Bom. Sentir saudades da minha mãe já era outra questão muito mais complicada e vocês bem sabem a razão disso.
Depois de ter passado a manhã e a tarde todas com Chris e Taylor, vulgo as pestes com quem eu dividia os genes (e não ter trocado uma só palavra com minha mãe, que tratou de se ocupar com tarefas domésticas que ela nunca exercia, mas lhe davam uma boa desculpa pra não ter que olhar para minha cara naquele dia, pelo menos enquanto eu estivesse em casa), eu segui para o novo apartamento de Normani, conforme já havíamos combinado. Íamos hoje para a tal da festa do Austin e, sinceramente? Eu já não me sentia mais exatamente animada com aquilo. A ideia, a princípio, havia me parecido uma oportunidade perfeita de distração. Agora, já começava a achar que todo o tédio pelo qual eu vinha passando ao trabalhar no internato me fez superestimar demais o fato de ir a uma simples festa no fim de semana. Mas, uma vez que o programa já estava marcado, só me restava esperar que essa droga de festa fosse tão boa e polêmica quanto pareciam achar, ou eu teria deixado de fazer qualquer outra coisa por nada.
No momento, me via parada à entrada do grande edifício em que, agora, Normani morava. Cumprimentei com um sorriso o porteiro do lugar, que me devolveu o cumprimento com a mesma expressão, simpático, e lhe informei meu nome, avisando que desejava visitar Normani. Ele assentiu, rapidamente discando o número do apartamento dela no interfone e trocando rápidas palavras com a mesma, antes de liberar minha entrada, indicando-me o caminho para o elevador.
Em poucos minutos eu estava à porta de Normani e eu mal precisei tocar a campainha para que ela a abrisse e me recebesse com um sorriso.
- Entra. Você precisa me ajudar urgente. – ela disse, largando a porta aberta logo em seguida e voltando para dentro do próprio apartamento com pressa. Eu entrei no lugar, encostando a porta atrás de mim, e olhei tudo ao redor. O apartamento era lindo. Não muito grande, nem muito pequeno, e extramente bem decorado. Tal qual a cara da Normani. Olhei para o corredor por onde vi que ela havia corrido assim que me recebeu e a segui até um quarto que eu deduzi ser o seu. Ela estava parada em frente ao espelho, com a testa franzida e a expressão concentrada, analisando o que via no reflexo. Sobre a cama, dezenas de roupas estavam espalhadas e, ao seu redor, alguns sapatos estavam largados pelo chão.
- Eu não sei o que vestir. – ela respondeu num tom frustrado, retirando a peça de roupa que há segundos vestia e jogando-a sobre a pilha de roupas na cama.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...