Lauren POV.
Por incrível que pareça, eu havia acordado na manhã seguinte sentindo-me especialmente bem.
Na noite anterior, eu agradeci por Camila ter aparecido tão de repente e em tão perfeita hora, quase como se, telepaticamente, eu a tivesse avisado de que precisava de sua presença ali.
A mais nova foi perfeita, ficando ao meu lado em absoluto silêncio e respeitando meu espaço. Só convenceu-se a sair dali quando eu a lembrei do toque de recolher, o que imediatamente a fez levantar-se e finalmente seguir para seu dormitório.
O fato é que, mesmo com as poucas palavras trocadas na noite anterior, Camila havia sido a grande responsável por meu humor ter mudado da água para o vinho nesta manhã. O fato de dona Janete ainda estar internada e de eu não ter recebido mais nenhuma notícia dela por meu pai até então, é claro, ainda me incomodava. Mas, de alguma forma, eu havia aceitado toda a situação e me decidido a esperar pelo melhor, afinal de contas, isso era tudo o que me cabia no momento.
Assim, acordei absolutamente disposta para trabalhar nesta terça-feira, sem deixar que minha mente divagasse pelo que havia acontecido de ruim, focando apenas em minhas tarefas e distraindo-me a todo momento com elas.
Agora, aproximadamente às quatro e meia da tarde, eu me ocupava de organizar algumas fichas sobre a grande mesa de mármore a minha frente. Tendo minha atenção inesperadamente desviada do que fazia, eu ouvi alguém bater à porta.
Ergui o rosto rapidamente e pude vê-la ali, parada, com o sorriso incerto. Camila.
- Não quer entrar? – perguntei assim que percebi que a garota não se aproximara.
- Ah. Sim. – ela disse, rindo nervosamente e entrando a passos curtos dentro da biblioteca. Eu ergui uma das sobrancelhas para sua atitude curiosa e ri de seu jeito conforme ela andava até mim devagar.
- Oi. – eu disse simplesmente, sorrindo ao vê-la parar frente à minha mesa.
- Oi... – ela respondeu baixinho, acenando desajeitadamente para mim. – Eu só... Só queria saber como você está.
- Ah. Bem. – ela sorriu fracamente e eu assenti. – Bem melhor, na verdade.
- Isso é... Ótimo. – ela respondeu, deixando um suspiro aliviado escapar.
- É... E obrigada. – eu completei, olhando-a com sinceridade. – Por ontem e...
- Ah, não. Não precisa me agradecer por isso. – ela me interrompeu, sorrindo.
- Preciso. – eu respondi com firmeza. – E também preciso te pedir desculpas por...
- Você já pediu ontem. – ela me cortou novamente. – É sério. Não precisa agradecer ou se desculpar. Eu só quero saber se você tá realmente bem... – ela terminou com serenidade e eu sorri com o canto dos lábios.
- Eu estou...
- Mesmo? – ela tornou a perguntar, me olhando com atenção. Uma risada escapou da minha boca.
- Mesmo, Camila.
- Eu estou perguntando sério, não minta... – ela adotou uma expressão apreensiva e eu sorri abertamente.
- Você tá muito desconfiada, Deus. Eu estou dizendo que to bem, pode ficar tranquila.
Ela continuou a me observar com agonia e eu balancei a cabeça em negação.
- Camila...
- Tudo bem, eu entendi. – ela disse me parando e remexendo a própria cabeça. – Você está bem, você está bem... – ela repetiu lentamente, quase como se dissesse para si mesma.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...