(In)dependência

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Lauren POV.

Para a minha total surpresa, conduzir aquele carro entre as ruas vazias da cidade, àquela hora da madrugada, fora ainda mais difícil do que dirigir até a casa de Camila mais cedo, quando eu já me sentia a ponto de ter um ataque cardíaco e o trânsito, de fato, existia.

No momento, eu mal possuía forças de tocar o câmbio ou controlar o volante. Pisar fundo nos pedais, com minhas pernas vacilantes, era, então, praticamente impossível. Todo o meu corpo tremia, desde a ponta dos dedos dos pés ao último fio de cabelo existente em minha cabeça, ainda em completo êxtase; tudo por conta dos últimos minutos vividos naquela calçada.

Eu havia dito que a amava.

Eu havia dito que a amava, porra!

Eu sequer me lembro de ter passado por uma situação semelhante àquela em toda a minha vida. Seria mentira caso eu dissesse que nunca havia dito o mesmo a ninguém com quem eu tivesse me envolvido antes. Mas com a mesma intensidade? Com o mesmo significado? Sob a força maior e absurda que simplesmente me fez soltar as três palavras como se minha própria vida dependesse daquela confissão?

Não.

Isso nunca.

Somente com Camila.

Mas e então? O que aconteceria depois disso? Alejandro não havia nos dado a chance de encerrar aquela conversa. Nada poderia ter me matado mais do que ver Camila sendo arrastada para longe, sem conseguir obter uma resposta sequer dela.

Se ser rejeitada era uma opção? É claro.

Se eu me arrependia de ter dito o que disse por isso? Com certeza.

Por um lado, eu sabia que se as três palavras não tivessem saído de mim àquela hora, então sairiam em outra, mais cedo ou mais tarde. Mas por outro, era inevitável não pensar que isso pudesse ter assustado Camila e a feito somente querer se afastar de mim.

Pior ainda do que tudo isso, era ter de aguardar até sabe-se lá quando nessa dúvida incessante até conseguir uma resposta. Eu já havia "feito a minha parte" e, agora, cabia somente à mais nova me deixar saber se o que ela sentia era recíproco. Ou não.

- Lauren! – Normani gritou assim que entrei novamente no apartamento, dando-me um susto tremendo.

- Puta merda, Normani! Não era pra você já estar dormindo?! – disse atordoada, fechando a porta atrás de mim e vendo-a pular do sofá para vir em minha direção.

- Somente nos seus sonhos que eu dormiria antes de saber o que aconteceu com Camila. – a morena rolou os olhos, puxando-me pelos ombros ao centro da sala e me fitando de perto com o olhar arregalado. – E então? – questionou ansiosa, cruzando os braços sobre o peito. – Como foi?!

- Ahm. – levei uma das mãos à nuca, lembrando-me mais uma vez da mais nova indo embora ao lado de Alejandro, e suspirei frustrada. – Eu disse que a amava...

- VOCÊ O...?! – Normani mal conseguiu terminar a frase e terminou engasgada com o nada. Eu me apressei em bater com força em suas costas, até que a morena finalmente se acalmasse e voltasse a me agarrar pelos ombros, com o rosto vermelho. – Você fez o quê?!

- Eu sei. – respondi infeliz, esfregando o rosto com as mãos. – Eu não devia ter dito isso agora, mas... – me joguei sobre o sofá e fitei Normani com o lábio inferior entre os dentes. – Escapou. – dei de ombros. – O pai dela estava vindo em nossa direção, ela continuava insistindo pra que eu falasse algo, e na pressão... Eu acabei dizendo...

- Puta que pariu, Lauren... – a morena sussurrou incrédula, sentando-se ao meu lado com uma das mãos sobre a boca escancarada. – O que ela respondeu?

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