O Internato

Nós precisamos conversar

Camila POV.

Instantaneamente, as lágrimas inundaram meus olhos e, antes mesmo que eu tivesse a chance de me controlar, minha visão já estava completamente embaçada por elas.

Mas eu não as deixaria cair.

Não na frente de Lauren e Joanna.

Por isso, sem esperar nem mais um segundo, eu simplesmente cerrei minhas pálpebras com toda a força do mundo e respirei fundo tentando conter o choro sob elas, antes de simplesmente girar em meus calcanhares para ir embora dali.

- Camila, espera!

Ao primeiro passo que dei, uma mão segurou firme em um dos meus ombros, puxando-me com força e virando-me outra vez de frente para a porta.

- Não toca em mim. – disse no mesmo segundo, esquivando-me de Joanna e vendo-a recuar com o olhar assustado. Atrás dela, Lauren ainda permanecia parada, em total estado de choque.

Apesar de vê-la por minha visão periférica, eu sequer conseguia encará-la nos olhos. No momento, eu simplesmente não sabia o que sentir pela garota, a não ser uma repulsa imensa.

Ter Joanna à minha frente, tentando se explicar, só estava me irritando ainda mais. A situação toda já era humilhante o bastante, sem eu ter de me sujeitar a ficar parada, escutando-a inventar desculpas para o que acontecia ali.

Assim, eu me virei novamente e, desta vez, não deixei que nenhum chamado da ruiva atrás de mim me impedisse de andar até o carro de Troy e de pedi-lo para me tirar daquele lugar o mais rápido possível.

- Camila!

Ouvir Lauren, então, gritar por mim pela primeira vez e perceber que ela havia finalmente saído de seu estado de choque, fez meu coração literalmente doer dentro do meu peito.

Minha vontade de chorar cresceu e, por isso, a ardência em minha garganta por estar evitando-a ao máximo que eu podia somente piorou. Eu não pensei duas vezes antes de acelerar meu passo gradativamente, sem nunca olhar para trás, até passar literalmente a correr.

- Camila! Para com isso e vem conversar comigo!

Seu tom era falho, quase dolorido, como se ela estivesse com uma dificuldade tremenda de falar. Eu não poderia me importar menos, pois com toda certeza me sentia bem mais machucada do que ela.

Afinal de contas, a grande idiota da história era eu.

- Camila, não age como se não tivesse me escutando! – dessa vez, sua voz pareceu ainda mais distante e eu agradeci por isso, avistando agora o carro de Troy a apenas alguns metros de mim.

- Camila! – seu último chamado soou quase inaudível. Eu o ignorei com todas as minhas forças e finalmente alcancei o veículo, abrindo a porta ao lado do passageiro e pulando para dentro dele.

- Por favor, me tira daqui. – soltei para Troy num só fôlego, com medo de que falar mais do que aquilo fosse me fazer desabar num choro sem fim.

O garoto parecia assustado demais com tudo o que havia visto e, sem me fazer pergunta alguma, somente ligou o motor do carro e partiu.

Eu não tive coragem de erguer meu rosto e procurar por Lauren na calçada através da janela. Eu não conseguiria olhá-la. Por isso, apenas tornei a fechar meus olhos e praticamente me encolhi sobre o banco, como se naquela posição eu pudesse me proteger do que acontecia ao meu redor.

Só que muito ao contrário do eu pensava, nada poderia me proteger daquilo agora. Porque tudo de ruim, naquele momento, ocorria exatamente dentro de mim, corroendo meu interior e me fazendo simplesmente não aguentar.