Lauren POV.
Tanto o homem à porta, junto dos outros três presentes, sentados à sala, quanto Camila e eu, paralisamos à cena. Apenas Austin pareceu se divertir com o que acontecia, sorrindo para mim de forma sarcástica e exibida ao lado da mais nova.
- Ahm. Papai. – Camila finalmente se manifestou, aproximando-se da porta e alternando o olhar aflito entre mim e o homem ao seu lado. – Pode deixar que eu a recebo. – disse, gesticulando para que ele voltasse à sala e fizesse companhia aos demais presentes.
Meio relutante, ele me fitou nos olhos mais uma vez, antes de virar nos próprios calcanhares e voltar ao seu lugar, fazendo questão de abraçar Austin pelos ombros e caminhar ao lado do garoto até o centro do cômodo.
- O que você está fazendo aqui? – Camila despertou minha atenção, com uma carranca.
- O que Austin está fazendo aqui? – rebati, vendo-a encostar minimamente a porta da casa atrás de si.
- Eu te fiz uma pergunta, Lauren.
- E eu te fiz outra! – devolvi alterada. – Por que esse garoto está na sua casa?!
- Ok, a menos que você realmente tenha algo pra me dizer, então eu não tenho tempo pra ficar...
- Tá bom, tá bom. – disse rapidamente, antes que ela voltasse a abrir a porta e me deixasse do lado de fora. – Eu tenho algo pra dizer, ok?
- Estou esperando. – cruzou os braços sobre o peito e continuou a me encarar.
- Certo... – inspirei fundo, sentindo meu pulso acelerar ao saber o que eu diria a seguir. – Você me disse que era pra eu te procurar quando achasse que você fosse digna de fazer parte da minha vida... – comecei pausadamente e Camila não demonstrou nenhuma reação. – O fato é que... Você já era. – soltei num suspiro, sentindo a ponta dos meus dedos tremer. – Você já era e continua sendo digna disso... – completei, abaixando o olhar sem conseguir continuar fitando-a.
- Ok... – respondeu após algum tempo, no mesmo tom defensivo. – Você sabe o que isso significa, então, não é? – ergui a cabeça novamente e assenti. – Ótimo. Agora você pode me dizer o que diabos tem acontecido na sua vida, Lauren?
Era isso.
O sentido de tudo aquilo era esse.
Eu tinha ido até lá justamente para me abrir com Camila, não somente sobre o que acontecia comigo no momento, como também sobre tudo, sobre minha mãe e, principalmente, sobre como eu me sentia em relação a ela.
Seria agora ou nunca.
- Eu...
- Camila? – a voz feminina nos pegou de surpresa e uma das mulheres surgiu à porta, abrindo-a novamente e nos encarando de forma curiosa. – Nós já vamos jantar, minha querida, você não prefere pedir pra que a sua amiga entre? – questionou educada e eu entrei em pânico no mesmo segundo.
- E-entrar?!
- Ora, sim. – respondeu a mim com um sorriso, sendo com certeza mais simpática do que o pai da mais nova fora antes. – Vocês podem continuar conversando lá dentro. Venham. – segurou em um dos meus braços e praticamente arrastou tanto a mim quanto Camila para dentro da casa, sem esperar por nossas respostas. – Por favor, fique à vontade. – me indicou uma das cadeiras sobre a grande mesa de jantar e se afastou para partir em direção à cozinha.
Todos os demais já estavam ali sentados e seus olhares repousaram diretamente em mim, assim que me aproximei da mesa. Camila sentou-se em um dos lugares vazios, sem coragem o suficiente de me encarar no momento, e eu decidi sentar-me ao seu lado, ficando, infelizmente, de frente para Austin.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...