Lauren POV.
Na manhã seguinte, ficara difícil de distinguir o que era sonho do que era realidade.
Ao vibrar do aparelho celular sobre a cômoda, a alguns centímetros de distância, minhas pálpebras abriram-se assustadas.
Encarando-o de perto, com os olhos miúdos e desacostumados à claridade, dar-me conta de que ali brilhava o nome de Camila já me fizera questionar quão desperta eu realmente estava.
"O que nós faremos hoje?", dizia a mensagem, que apesar de curta já me trouxera um sorriso imenso ao rosto.
A noite passada por si só já havia sido perfeita.
Acordar com uma mensagem de Camila, ainda àquela hora da manhã, parecia simplesmente irreal. Bom demais para ser verdade.
"Isso tudo é saudades?", respondi, sem deixar que meu sorriso morresse, ainda esparramada sobre a cama, sabendo que a mais nova entenderia a provocação.
"Eu estou te devendo um encontro, não é? Não gosto de ficar com dívidas, apenas isso",devolveu alguns segundos depois no mesmo tom, fazendo-me rir sozinha dentro do quarto.
"Tudo bem. Então me diga você. Aonde quer me levar hoje?", respondi sem hesitar, finalmente sentando-me sobre os lençóis e sentindo-me de repente extremamente ansiosa.
"É uma surpresa. Primeiro, venha me buscar".
O primeiro impulso fora respondê-la de imediato, até dar-me conta do que aquilo significava.
Eu a buscaria em casa? Com a possibilidade de Alejandro nos ver?
"Eu ainda estou no internato", a mensagem seguinte chegou em apenas alguns segundos, tal como se adivinhasse os meus pensamentos.
"Tudo bem. Estarei aí em meia hora", concordei rapidamente, policiando-me para não raciocinar demais sobre o assunto.
Seja lá de que maneira Camila estava conseguindo todo aquele tempo para passar ao meu lado, tendo Alejandro em seu encalço, o que de fato importava era que aquilo estava sendo possível.
Logo, eu me apressei em levantar da cama, tomar um banho e por fim me trocar. Eu não fazia ideia do que Camila planejava para aquela hora da manhã de um sábado e, por isso, eu me vesti da forma mais casual possível.
Finalmente deixando meu quarto eu pude perceber que Joanna, para variar, não havia passado a noite em casa. Somente Deus e eu sabíamos do esforço que a ruiva exercia durante todo o resto da semana em seus "bicos" e atrás de um emprego formal. Por isso, eu não a julgava quando a garota decidia se divertir um tanto a mais durante a sexta-feira.
Não pretendendo perder tempo algum com besteiras antes de ver Camila, eu decidi então que poderia tomar café ao sair do apartamento. Assim, chequei uma última vez minha aparência num dos espelhos e saquei as chaves do carro a caminho da porta.
Uma vez que a atravessei, a surpresa foi grande.
- Oh, droga.
Parado à minha frente, parecendo indeciso em meio ao corredor sobre de fato bater na minha porta, ou não, estava Gregoire, agora completamente acuado e quase arrependido de ter sido pego ali.
- Greg. – soltei sem reação, encarando-o com as sobrancelhas erguidas. – O que você...? – comecei baixinho, vendo-o imediatamente negar com a cabeça e afastar-se em direção à porta do elevador.
- Esqueça, eu não devia ter vin-
- Ei! – o chamei rapidamente, adiantando-me e segurando-o firme num dos braços. – O que você tem? – questionei em seguida, assim que o tive de frente para mim novamente. Ele parecia suar frio e a expressão em seu rosto não negava que algo de muito errado ocorria. – Gregoire, o que aconteceu?
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...