Camila POV.
Incrível.
Em apenas dois dias, minha vida conseguira ir de um extremo a outro.
Num momento, eu estava completamente desiludida, decidida a me esquecer de Lauren, ainda que isso soasse quase impossível até então. No outro, eu estava desesperada para encontrar uma maneira de convencer meus pais a me deixarem viajar pelo fim de semana, na companhia da própria, sentindo-me o completo oposto de antes.
Não que eu estivesse reclamando, até porque a reviravolta havia sido absolutamente perfeita. A princípio, eu me culpei por ser tão egoísta, afinal de contas, eu não fizera nada para impedir que Lauren tomasse a decisão que ela acabou por tomar. Sair de casa, ao invés de mudar-se conforme sua própria mãe havia ordenado, era algo, no mínimo, arriscado. Tudo o que poderia consequentemente acontecer dali para frente era incerto e perigoso. Os contras de sua decisão eram muitos e pesavam mais do que os prós, com toda certeza. Mas, apesar de saber disso, tudo o que fiz foi simplesmente sorrir e encorajar a garota a seguir com tal plano no mesmo momento em que ela o teve. Fora egoísmo, e parte de mim sabia, mas a outra estava feliz e satisfeita demais para importar-se com isso. Logo, sem me arrepender, eu aceitei acompanhá-la na viagem.
Querendo ou não, meu coração palpitava ridiculamente com a ideia. Diferentemente de como fora quando passamos aquele fim de semana com Nicolas e Normani, dessa vez eu sabia que tudo se resumiria a nós duas – com exceção, é claro, do tempo que passaríamos com seu avô.
Ual. Eu conheceria o avô de Lauren.
Quão inesperado era isso? Eu havia conhecido seus pais e seus irmãos somente por pura sacanagem do destino. Ela não havia me levado aquele dia para a casa dela com esse propósito – aliás, fora totalmente o contrário. Mas, dessa vez, a garota tinha me chamado para ir até lá, dito com todas as palavras que gostaria que eu a acompanhasse até a casa de um avô que ela não vê há anos. Eu devia me sentir especial por isso, certo?
- Venha aqui. – Alejandro me chamou com a voz grave, porém com os olhos ternos sobre mim, enquanto nos despedíamos naquela tarde de sexta-feira.
- Ai, papai. – resmunguei baixinho, sentindo-o me apertar contra seu corpo.
- Estou me despedindo da minha filha, posso? – rebateu de volta, finalmente me soltando sem antes deixar de me beijar a testa de forma carinhosa.
- Eu só vou ficar fora por um fim de semana. – não é como se eu já não tivesse feito isso, mesmo que vocês não saibam, completei mentalmente.
- Não vá dar trabalho pra família de Allyson naquele rancho, escutou, Camila? – minha mãe questionou, puxando-me ela agora para um abraço apertado.
- Eu não vou dar trabalho pra ninguém... – murmurei contrariada, afastando-me algum tempo depois e respirando fundo antes de me despedir de vez. – Eu preciso ir agora, antes que o motorista do táxi comece a buzinar por mim.
- Tudo bem. – meu pai suspirou, escondendo as mãos nos bolsos da calça e erguendo o rosto sem tirar os olhos de mim. – Tenha juízo, Camila.
- Pode deixar. – respondi sorrindo e me voltando para Sinu. – Até mais, mamãe.
- Até mais, minha filha. Diga a Allyson para irem com cuidado.
- Direi. E vocês, avisem Sofia quando chegar que eu vou sentir saudades, tudo bem? – pisquei para os dois, que assentiram, e, assim, com um último aceno de mãos, saí pela porta da casa e segui à calçada, onde o taxista, com Ally, me esperava.
A baixinha abriu os vidros do automóvel para cumprimentar os dois de longe, enquanto eu colocava minha pequena mala de mão no banco traseiro e em seguida me ajeitava ao seu lado. Assim que tínhamos tudo certo, o motorista finalmente deu a partida e, dali, ao contrário do que pensavam meus pais, nós seguimos diretamente para o aeroporto da cidade, onde Lauren me esperava.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...