Lauren POV.
Eu me remexia inquieta sob o edredom naquela manhã de sexta. Com os olhos ainda fechados, sentia minha cabeça latejar, como resultado de uma noite mal dormida. Tentando pegar num sono decente enquanto ainda me restavam alguns minutos antes que eu tivesse de acordar, me virei para o outro lado da cama. Ao fazê-lo, bati o corpo contra algo. Ou alguém.
- Lauren. – ouvi a voz de meu pai chamar próxima ao meu ouvido. Eu teria de estabelecer alguns limites com ele o mais rápido possível. Essa história de simplesmente entrar no meu quarto a hora que bem entende, me acordando mais cedo do que o normal, já tinha dado o que tinha que dar.
- O que é...? – falei praticamente rosnando, mantendo os olhos firmemente fechados.
- Que história é essa de que você foi à festa de um aluno? – meus olhos abriram-se totalmente assim que ele terminou de falar. Ajeitei-me sobre o travesseiro rapidamente, virando meu rosto em sua direção e o encarei. – Hein?
- Ahm. Ué. – eu comecei, me engasgando entre as palavras. – Fui porque sabia que outros funcionários costumavam ir.
- E...? – seu olhar sobre mim era intimidador demais.
- E que eu fui porque achei que fosse ser legal. Já que outros funcionários iam. E já que eu sou uma funcionária. E como outros funcionários iam...
- Lauren. – ele me interrompeu e eu o fitei com os olhos apreensivos. – Você não é uma funcionária qualquer. Você sabe muito bem que antes disso, você é minha filha. E aposto que também sabe os problemas que esse tipo de festa já causou ao internato como instituição de ensino. – eu balancei a cabeça negativamente, mas ele me ignorou, continuando seu sermão. – Ter alunos ou ainda funcionários envolvidos nessas festas é a última coisa da qual o internato precisa. E você, como minha filha, devia prezar por isso. Pela imagem do negócio que a sua família administra com tanto esforço. – eu rolei os olhos e me levantei, sentando sobre a cama de frente para ele.
- Pai, não aconteceu nada naquela festa...
- Mas poderia ter acontecido. Você não poderia adivinhar. – ele respondeu me olhando nos olhos. – É esse tipo de responsabilidade que eu espero de você, Lauren. – ele continuou num tom ainda mais sério. – Esse tipo de noção. Noção de que você agora faz parte dessa instituição e que qualquer atitude sua daqui pra frente será diretamente vinculada à imagem do internato. Mais do que já ocorria antigamente... – ele terminou, olhando para baixo como se tivesse lembrado dos meus tempos de colegial e do trabalho que eu havia dado a ele.
Eu suspirei alto antes de respondê-lo.
- Tudo bem. Desculpe por ter ido ou por não ter avisado que ia. Eu realmente não pensei nesse tipo de consequência... – eu disse com sinceridade e ele sorriu fracamente para mim.
- Ok. Desde que isso não se repita, tá certo? Eu vou confiar em você. – ele falou levando uma das mãos ao meu rosto e acariciando-o de leve. – Enfim, era só isso. Normani está aí fora. – ele disse, levantando-se da cama.
- Normani? – questionei surpresa. – Você deixou a coitada aí fora até agora pra falar disso comigo?
- Ora. Não ia te repreender na frente da sua amiga. O assunto dizia respeito à instituição também.
- Pai. A Normani estava comigo na festa. – ele parou em frente à porta ao me ouvir dizer aquilo e me fitou com o rosto inexpressivo.
- Eu devia ter imaginado... – ele pronunciou baixinho após alguns segundos de silêncio e abriu a porta, dando espaço para Normani entrar. Ela sorriu para mim ansiosa, antes de dar alguns passos para dentro do quarto, e meu pai colocou uma das mãos sobre o ombro dela. – Juízo, Normani. Juízo. – ele disse num tom sério, olhando-a nos olhos.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...