Lauren POV.
De um milésimo a outro, meu sangue ferveu, minhas narinas inflaram e um tremor súbito de puro ódio me envolveu o corpo inteiro.
Eu me afastei de Camila tão rápido quanto pude, vendo-a fazer o mesmo em reflexo, e virei na direção da voz inconveniente. Meus olhos pararam sobre sua feição presunçosa e meu peito encheu-se de ar, fazendo-me apertar os punhos contra o meu próprio corpo na tentativa quase falha de conter em mim o pouco de paciência que ainda me restava, para não acabar avançando no pescoço da criatura e matá-lo ali mesmo.
- Camila, eu... Eu não acredito que você... Que você... – ele pronunciava arrastado, cruzando os braços sobre o peito e fitando a garota ao meu lado com descrença; as palavras mal se formando em sua garganta.
- Que eu o quê, Austin? – seu tom extramente tranquilo me fez rapidamente virar o rosto em sua direção. – O que de tão extraordinário tem em uma aluna conversando com a monitora da biblioteca, para você estar com essa cara de deslumbrado?
O garoto ergueu as sobrancelhas e deixou que um risinho incrédulo escapasse de seus lábios.
- Ora, vocês não estavam conversando!
- Como não estávamos?! – Camila questionou, dando um passo a frente e fitando Austin com a testa franzida.
- Camila. – ele pronunciou seu nome com simplicidade, como se o que ele estivesse querendo dizer fosse absolutamente óbvio. No entanto, a garota manteve-se impassível e, então, ele pareceu perder a paciência. – Camila, por Deus! – Austin exclamou, soltando os braços e erguendo um deles impacientemente em nossa direção. – Eu não sou cego e sei o que vi! Vocês estavam...
- Pois o que você acha que viu não foi nada além de uma conversa entre monitora e aluna. – ela bateu o pé, interrompendo-o e postando-se novamente ao meu lado.
Eu sorri discretamente, cruzando agora meus próprios braços sobre o peito, e o vi alternar o olhar alterado para mim.
- Você estava com as mãos na cintura dela, admita! – seu tom acusador me fez soltar uma risada e negar com a cabeça.
- Eu acho que você está vendo coisas demais, senhor Mahone.
- Eu concordo com a monitora Jauregui. – Camila completou dissimuladamente e eu tive de fazer um esforço para não rir outra vez.
- Vocês estão achando tudo isso uma piada, não é? – ele abaixou seu tom de voz e aproximou-se de nós. – Pois veremos quem vai rir quando o conselho souber sobre a monitora da biblioteca estar agarrando uma das alunas por aqui. – ele dirigia-se diretamente a mim e eu sabia.
Inalei fortemente para não acertar-lhe um tapa no meio da fuça e me policiei para responder-lhe num tom baixo.
- Engraçado. Isso me lembra de outro caso, onde um dos alunos agarrava outra aluna dentro de um local estritamente reservado aos estudos. – seu olhar estremeceu ligeiramente e eu voltei a sorrir com o canto dos lábios. – Eu mesma presenciei a cena, você sabe? Se quiser, podemos testar qual palavra possui mais peso para o conselho: a de um mero aluno... Ou a da monitora da biblioteca, filha do dono. – seus olhos estreitaram-se frente aos meus e eu sorri abertamente.
Ele afastou-se um passo, mirando agora Camila, e lhe fitou com desdém antes de falar novamente.
- Eu não esperava isso de você...
Sem aguardar por resposta, ele simplesmente virou-se de costas e seguiu escada a baixo. Camila fez menção de segui-lo, suas bochechas ardendo em raiva, mas eu prontamente tratei de segurá-la por um dos braços, puxando-a de volta para mim.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...