Camila POV.
Mas era só o que me faltava.
Seja lá quem quer que fosse a tal mulher parada agora à nossa frente, ficava mais do que nítido o interesse descarado que ela demonstrava ter sobre Lauren e, somente por isso, eu já não me simpatizara com ela.
- Quem é você? – Lauren fez a pergunta que não queria calar em minha mente e a morena sorriu com todos os dentes antes de lhe responder.
- Sou Ámila, a governanta da casa.
- Oh. – a mais velha exclamou ao meu lado, parecendo estranhamente aliviada. Quem ela achou que essa criatura pudesse ser, ora? – É. Sim, eu sou Lauren. Muito prazer. Ahm. Nós podemos entrar?
- É claro. – Ámila abriu caminho, pela primeira vez repousando seus olhos sobre mim. Um brilho esquisito surgiu neles assim que encontraram os meus e um arrepio me atravessou a coluna. – Você, seria...?
- Camila. – a respondi prontamente, procurando ser firme. Ela apenas assentiu, sorrindo sem dentes, e indicou com uma das mãos o caminho. – Eu não vou nem...
- Shh. – Lauren me cortou, assim que fiz menção de sussurrar aquilo em seu ouvido. – Er. Onde está o meu avô, Ámila? – ela questionou novamente à tal governanta e eu não contive um revirar de olhos.
- Venham por aqui. – a mulher chamou, caminhando a nossa frente e inundando o ambiente com o som de seus saltos batendo ruidosamente contra o carpete de madeira.
Eu a segui, aproveitando para observar melhor a parte de dentro da casa, e me dei conta de que ela era bem maior do que eu pensava. Os móveis eram todos antigos, porém, extremamente belos. Havia uma quantidade enorme deles espalhados na grande sala de estar, bem como uma imensidão de quadros pendurados nas paredes, também revestidas de madeira. O clima era bastante clássico e, ao mesmo tempo, aconchegante. A decoração era, em verdade, impecável. Por onde passávamos, era possível enxergar portas e mais portas; a curiosidade de descobrir aonde estas podiam nos levar me ganhando aos poucos.
- Aqui. – Ámila abaixou seu tom de voz e parou em frente a uma passagem sem portas, que desembocava no que parecia uma segunda sala de estar, repleta de tapetes felpudos e coloridos. Ao canto, podia-se enxergar um belo piano e, ao centro, um enorme sofá, revestido por veludo de cor verde escuro. Sobre ele, um senhor relativamente baixinho, com seu barrigão pra cima, dormia pacificamente. – Ele está descansando agora, mas não deve demorar pra despertar. Vocês podem aguardá-lo aqui mesmo, enquanto eu peço para prepararem um café para vocês, tudo bem?
Nós duas apenas assentimos em silêncio e Ámila virou-se de costas para sair dali. Antes de, de fato, voltar por onde veio, a criatura ainda ousou checar as costas de Lauren de cima à baixo e eu, indignada, não desgrudei meus olhos da governanta até que ela estivesse longe de meu campo de visão outra vez. Vagabunda.
Lauren soltou um riso abafado ao meu lado e eu me virei para encará-la. Ela caminhou até o sofá em silêncio e eu a segui instantaneamente. Assim que paramos frente a ele, um dos olhos do senhor abriu por baixo dos óculos e eu me sobressaltei em surpresa.
- Ela já foi? – ele questionou num sussurro, alternando o olhar entre mim e Lauren, mas eu estava incapaz de respondê-lo. Lauren foi quem assentiu e, então, ele suspirou aliviado, abrindo ambos os olhos e colocando-se sentado sobre o sofá com uma rapidez que até mesmo eu invejei. – Ótimo. – disse uma vez ereto, arrumando a camisa de botão e ajeitando os óculos sobre o nariz fino. – Não me levem à mal. Amélia é bastante prestativa, mas, se querem saber, me sufoca um pouco.
- Ahm. Ámila. – Lauren o corrigiu com um sorriso crescendo no canto dos lábios e o senhor deu de ombros.
- Foi o que eu disse, querida. Diga-me agora. – arrastou-se para frente, apoiando as mãos sobre os joelhos e fitando Lauren com os olhos miúdos. – Como está a minha neta preferida? – a morena corou na mesma hora e no segundo seguinte tinha seus braços ao redor do pescoço do homem, com o rosto afundado contra seu peito e me fazendo sorrir. – Lauren... – ele suspirou, cerrando os olhos e recebendo um resmungo abafado da mais velha em resposta. – Eu estava com saudades, filhote...
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...