Camila POV.
Naquele momento, tudo era demais.
A música estava alta demais. As pessoas estavam bêbadas demais. O apartamento estava cheio demais. Minha cabeça doía demais.
Depois da discussão completamente inútil com Lauren, eu já não sentia mais paciência para absolutamente nada. Eu queria ficar sozinha. A presença das pessoas me irritava. A presença de Kim me irritava. A presença de Lauren me irritava. A minha própria presença ali, dentro daquele apartamento lotado e fechado, me irritava.
Eu estava no limite.
Durante as duas últimas horas, eu havia me ocupado de fugir do garoto. Dele ou de qualquer outra pessoa que se atrevesse a se aproximar de mim naquele estado. Agora, até disso eu me via cansada. Por isso, desisti de rodar aquele apartamento todo na esperança de passar despercebida em meio ao mar de gente e simplesmente decidi me escorar na varanda, no lugar mais afastado possível, pronta a dispensar com meu mau humor qualquer um que viesse tentando puxar papo.
Apoiando-me sobre o parapeito, eu bufei. Mas bufei audivelmente. Com vontade. Na esperança de soltar junto daquilo todo sentimento ruim que me envolvia agora.
Eu me sentia um verdadeiro lixo. Algo completamente acabado. Esgotado. Perdido. Como se todas as minhas forças tivessem sido retiradas de dentro de mim. E o responsável por isso? Ela. Somente ela. Lauren. A ruína que eu sabia que, cedo ou tarde, acabaria comigo. O inferno com o qual eu brinquei desde o começo, mesmo adivinhando que no fim, eu terminaria aqui, iludida, com uma puta de uma dor no coração apertado, sentindo-me idiota demais por esperar mais da garota do que o que ela já vinha me oferecendo.
O que eu achei? Que a filha do dono do Internato Jauregui assumiria a inocente aluna do último ano? Que o que ocorria entre mim e ela era mais do que só sexo? Tesão? Uma fantasia da monitora? O seu passatempo? Que no fim das contas, Lauren magicamente se daria conta de que sente algo a mais e simplesmente se declararia para mim?
O que eu esperava, afinal?!
Em que momento aquilo tudo deixara de ser uma simples, porém forte, atração, pra se tornar um ciúmes fodido daqueles? Uma raiva imensa por somente imaginá-la com outra? Uma tristeza absurda ao simplesmente cogitar a possibilidade de ter que deixá-la ir?
Por que justamente agora? Por que comigo? Por que ter escolhido beijar justo a mim naquela droga de corredor?!
- EHHHHHH!
O coro que surgiu de dentro da sala me despertou dos devaneios e só então eu pude notar que meu rosto estava úmido. Limpando-o com as costas das mãos, eu me virei na direção do ruído e percebi uma movimentação em volta de algo ou alguém. Ao que parecia, haviam quebrado uma garrafa ao chão. De novo.
O caos dentro do apartamento era insano, o que me fazia perguntar de que maneira os vizinhos de Normani podiam tolerar aquilo, levando em consideração, principalmente, o horário em que estávamos.
Ainda observando o lado de dentro, eu preguei os olhos em Normani, fielmente grudada a Dinah desde o momento em que pisamos os pés naquele lugar. Ambas estavam claramente bêbadas e agora cambaleavam de um lado a outro enquanto tentavam, provavelmente sem muito sucesso, limpar os cacos de vidro que se espalharam pelo piso.
A minha vontade era de simplesmente sumir e, no entanto, algo me dizia que esta era uma péssima ideia, visto que a única pessoa sóbria e consciente que ainda restava naquele lugar era eu. Eu não vi mais Lauren após deixar o quarto de hóspedes mais cedo, e nem fazia questão. Mas podia apostar que a garota estava ainda pior do que Dinah e Normani.
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O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...