Lauren POV.
- Ei! – um sussurro impaciente interrompeu-me os pensamentos naquela tarde de segunda-feira, na biblioteca.
Ergui o rosto para fitar à frente, encontrando apenas um grupo de alunos concentrados, estudando sobre algumas mesas e completamente indiferentes a mim. Franzi o cenho, curiosa, sem conseguir identificar exatamente de onde viera o som.
- Lauren! – a voz tornou a chamar no mesmo tom. Eu me coloquei em total alerta, endireitando a coluna e procurando pelo murmúrio de um lado a outro.
Ao fixar meus olhos à porta, vi a figura de Nicolas encolhida ao batente, chamando-me freneticamente com uma das mãos. Estreitei meus olhos, estranhando sua atitude adversa, e então me levantei para caminhar em sua direção.
- Anda logo! – ele voltou a exclamar, mexendo sua mão com ainda mais veemência e fazendo-me apertar o passo quase que por instinto.
- O que você... Ei! – me surpreendi ao chegar perto o bastante e ser rapidamente puxada e arrastada por ele pelo corredor a fora. – Qual seu problema, Nicolas?!
- Só fique quieta e vem comigo. – seu tom era sério e, se eu não estava enganada, levemente eufórico.
- Ok, eu vou. Mas não precisa me escoltar. – disse, livrando-me de sua mão e acompanhando seus passos apressados.
Em silêncio, seguimos pelo caminho qual eu sabia que levaria à enfermaria. Àquela altura, eu já me via totalmente desconfiada de todo o mistério. Enquanto caminhávamos, atentei-me ao rosto de Nicolas para entender do que aquele pedido repentino se tratava, mas sua expressão era indecifrável, deixando-me ainda mais curiosa a cada segundo.
Finalmente paramos em frente às duas grandes portas brancas e o moreno adiantou-se para girar a maçaneta. No momento em que ele o fez e revelou-me o espaço adentro, eu resfoleguei. Minhas pernas enfraqueceram e eu tive de me segurar para não cair de bunda no chão com o que vi.
Sob meu olhar, ali, a apenas alguns metros, o semblante reconfortante e carismático da velha senhora me fitava de volta com ternura. Meus lábios imediatamente curvaram-se num sorriso tão imenso que eu cheguei a sentir minhas bochechas arderem. Prendendo um grito de felicidade, e sentindo uma enorme alegria me consumir por dentro, tudo o que pude fazer no segundo seguinte foi avançar correndo em sua direção e me atirar nos braços dela: Dona Janete. São e salva. Viva. Comigo.
- Oh, minha querida! – sua voz amena ecoou ao pé do meu ouvido, conforme me abraçava de volta com os braços curtos apertados em torno do meu pescoço.
- Eu achei que... Eu... – ao tentar falar, percebi quão embargada a minha voz saía, surpreendendo-me ao notar que eu já chorava em cascatas.
- Eu sei, meu amor. Eu sei. Não precisa dizer. – ela me afagou os cabelos, fazendo-me literalmente soluçar ao me dar conta da falta que seu carinho me fazia. Em seguida, afastou-se minimamente de mim e segurou o meu rosto entre as mãos, fitando-me profundamente nos olhos. – Oh, Lauren.
- Não me dê mais um susto desses, dona Janete. – disse ao franzir o cenho, procurando soar séria em meio ao choro, mas fazendo-a sorrir.
- Eu não darei. Tudo bem? Fique tranquila, filha. – mais uma vez, a puxei para um caloroso abraço e apenas após longos minutos a soltei novamente.
- Gostou da surpresa? – Nicolas perguntou sorrindo, escorado à parede com as mãos enfiadas nos bolsos da calça.
- Eu já ia te esmurrar por me tirar da biblioteca daquele jeito, sem abrir a boca pra me explicar do que se tratava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Internato
RomanceNão havia no país um colégio interno melhor conceituado do que o Internato Jauregui. As famílias, evidentemente poderosas, que, por uma velha tradição, faziam questão de matricularem seus herdeiros lá, dispunham de uma parcela bastante considerável...