(Nem tão) Complicado demais

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Lauren POV.

Os olhos encarando-me de volta expressavam um misto de incerteza e culpa.

Meu nome parecera ser a única coisa capaz de sair de sua boca há apenas alguns instantes. Agora, os lábios cheios e trêmulos faziam-na gaguejar sem nem mesmo proferir som algum. As mãos nervosas, em ansiedade, movimentavam-se como se desejassem arrancar da própria garganta as palavras certas. O silêncio já se fazia sufocante, o que somente servia para me deixar ainda mais preocupada.

O que, afinal de contas, ela fazia ali? Por que ela fora até lá? O que, por Deus, poderia ter acontecido?

- Normani, desembuche! – explodo em desespero quando a falta de uma continuação já é insuportável, levando-a a se sobressaltar.

- Desculpe, Lauren. – é o que a morena solta com dificuldade, como se carregasse um peso enorme sobre as costas. – Eu tentei entrar em contato! Eu tentei ligar para o seu telefone, mas você se fez completamente inacessível! – ela continua, agora de forma desenfreada, como se minha explosão a tivesse feito engatar a própria fala de vez. – Ela apareceu na minha porta de manhã, e eu sei que jurei que não permitiria que ela cometesse nenhuma loucura, mas você simplesmente não atendeu às minhas ligações, Lauren! Eu não pude te avisar!

- Ela quem?! – questiono sem entender absolutamente nada, vendo-a engolir em seco antes de continuar na mesma velocidade apressada e ansiosa.

- Camila. Camila apareceu na minha porta essa manhã com Alejandro e eu-

Oh, meu Deus.

- ...Eu não soube o que fazer, Lauren! Eu não soube sequer o que aconteceu. Só o que eu sabia era que Camila estava desesperada para te ver. – termina num suspiro pesado, e eu mal posso prestar atenção em sua fala, enquanto ainda tento processar o fato de Camila tê-la procurado. – Desculpe caso eu tenha feito uma burrada, ok? – pede algum tempo depois, quando não a respondo de imediato, o que me faz erguer os olhos para encará-la fundo nos seus. – Desculpe se eu ultrapassei os limites, mas Camila insistiu tanto, que-

- O que você fez? – a interrompo, com o coração agora batendo a mil por hora dentro do peito ao imaginar sobre o que Normani pode estar se referindo de maneira tão culpada. – O que você fez?! – insisto num tom alterado, vendo-a negar com a cabeça e desviar o olhar para algo atrás de mim.

Assim que me viro na mesma direção, vejo o improvável.

- Eu sei que você não queria ser incomodada, mas... – a voz de Normani ecoa distante atrás de mim, mas minha atenção em mais nada focava agora, a não ser na figura à minha frente. – Se você tivesse visto o estado em que ela estava...

Camila encarava-me do outro lado do cômodo com os olhos fixos e intensos sobre mim. Os cabelos estavam presos num coque bagunçado sobre sua cabeça; alguns fios escapavam rebeldes dele e grudavam à sua testa úmida. Ela transpirava, apesar de sua respiração me parecer relativamente calma. Ao seu lado, eu podia ver meu avô – não de todo, pois meu olhar simplesmente não conseguia desviar do de Camila – com uma das mãos sobre seu ombro, segurando um copo de água na outra.

- Ámila quem viu o estado em que ela estava assim que chegou aqui, sim? – ele diz, cortando o silêncio momentâneo com um sorriso terno no rosto. – Mas já cuidamos de Camila agora. – completa, em seguida lançando um olhar significativo à Normani.

No instante seguinte, ambos saem da sala, deixando-me a sós com a garota a apenas alguns passos de mim, quais, agora, pareciam como quilômetros de distância, tal como se ainda estivéssemos separadas por um país inteiro.

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