Descendentes_Livro 3

Os diários

- Maximus! Maximus!!- Acordei com Scara me chamando, abri os olhos com o sono quase forçando ambos a se fecharem novamente.
- Que?- Perguntei com a voz falhando por causa do sono.
- É a Bloodwell, ela tá surtada, você tem que ajudar, conseguiu acalmar a garota quando ela surtou pela primeira vez.- Scara disse, por mais que fosse forte ela tinha um altruísmo exagerado que, na nossa situação, eu dispensaria.
Me levantei, fui até o cômodo em que  Tessa dormia com Trixie, Trix a segurava, Tessa insistia em tentar pegar uma faca.
- Max me ajuda!- Trix disse, eu corri até ela e a empurrei para que Scara a segurasse.
- Leva ela pra longe!- Exclamei.
Tessa agarrou a faca e ia dar um golpe e cravá-la em meu pescoço, mas segurei o punho dela.
- Tessa, para com isso!!!- Eu disse, ela largou a faca e tentou me bater, ela agarrou meu braço e começou a torcê-lo, me soltei e ela me chutou no estômago, repetidamente, eu agarrei os ombros dela e a choquei contra a parede, pressionei ela contra a mesma, segurei os braços dela, os olhos dela estavam mais claros do que o normal, quase cinzas, acontece quando os "Esquizofrênicos" surtam.
- Tessa, para!! O que quer que esteja vendo, saiba que não é real!!
- Você nos abandonou quando mais precisávamos Cyall!!!- Ela exclamou, eu olhei para ela de modo confuso, "Cyall" era o sobrenome de Courage.
- Que?- Indaguei sem entender.
- Mas adivinha só, não foram só os meus pais que morreram naquela noite, tia Angelic e tio Welkin também foram assassinados.
Jessie e Cassie mataram tia Stella e tio Javier também, elas mataram a família inteira...e você só escolheu fugir.
- Tessa, não sou Courage, sou eu, Hyers, olha pra mim.- Eu disse, ela olhou fixamente para mim, agora eu sabia o motivo do ódio que ela tinha de Courage, ele parecia querer me matar.
- Aprenda a mentir seu covarde!- Ela se debateu, o que eu poderia fazer para mostrar a ela que eu era apenas o "Maximus", e não o primo que ela odiava? Até que tive uma idéia.
- Tessa, qual a minha possibilidade de chegar até o último ponto?- Perguntei, esperando que ela caísse na real.
Ela me olhou e me encarou confusamente.
- Hyers...- Ela sussurrou olhando fixamente nos meus olhos.
- Que bom que voltou.- Eu disse dando um sorrisinho irônico.
- Idiota...o que foi que eu fiz?- Ela perguntou.
- Falou algumas...coisas, sobre Courage.- Ela se assustou e agarrou minha camisa, me puxando.
- Tem mais alguém aqui Hyers?!- Ela perguntou.
- Relaxa aí novata, não tem, estamos só nós dois aqui.- Eu disse.
- Eu feri alguém?- Ela me perguntou com medo.
- Quase, Trixie, você tentou esfaqueá-la, e queria fazer o mesmo comigo.- Respondi, ela balançou a cabeça negativamente como quem diz: "Meu Deus".
- Me desculpe Maximus, peça desculpas a Trixie também por mim...eu...eu cansei de machucar as pessoas...eu machuco, mas não para matar...Maximus e se eu matar alguém sem querer? Eu não sei o que eu faço! Eu não quero mais ter essa doença maldita! Eu quero ser uma humana normal.
- Tessa!- Sacudi ela, ela me encarou com as sobrancelhas arqueadas.
- Nada vai acontecer, porque eu não vou deixar.- Eu disse, por alguma razão eu me sentia bem ao dizer isso a ela, meu coração acelerava de um jeito meio louco quando eu olhava para ela, eu queria proteger ela, ou até mais do que isso.
- Jaydan não deveria ter deixado que fosse responsável por mim.- Ela disse de um jeito frio, ela sempre se distanciava.
- Eu sinto muito novata, mas já era.- Eu saí do cômodo, um antigo laboratório planejado para que Trix e Tessa dormissem.
- Scara e Trixie, não contem nada a ninguém, muito menos meu pai.- Avisei, as duas assentiram.
- Toma cuidado, Tessa é legal mas é perigosa.- Trixie disse voltando para o quarto.
- E agora Scara?- Perguntei.
- Max, não concordo com a Trixie, a novata é legal mas ela tá doente, ela não sabe o que faz quando surta, ela é "Esquizofrênica", ainda existem pessoas no "Fearless" que trabalham na cura, torça para que encontrem logo, tá na cara que se importa com ela.
- Scara...tá tudo sob controle.- Eu disse nervoso com a situação, eu conheço a Tessa, ela não machucaria alguém que conhecesse.
"Não duvide de nada Maximus, ela é maníaca, ela é capaz de qualquer coisa" Eu tentava dizer pra mim mesmo, repetia mentalmente várias vezes a mesma frase "Tessa é maníaca" E porque eu tentava me importar com isso? Foda-se.
Mesmo que eu queira pensar algo ruim dela, eu não consigo, mesmo com os surtos dela e tudo mais, eu odeio me sentir assim, odeio o que ela faz comigo, e ao mesmo tempo não consigo odiar ela, nem por cinco minutos.
Acho que vou acabar enlouquecendo! Geminis, Tessa, epidemia mundial...o que mais falta pra foder tudo de uma vez? O que mais pode afetar a droga do meu cérebro?
Passei em frente ao cômodo de meu pai, a porta estava apenas encostada e a primeira coisa que enxerguei foi uma mochila semiaberta em cima de um balcão do laboratório, estranhei, o que haveria ali? Era de Trinity? Não, descartei completamente a possibilidade, se fosse de Trin seria vermelho, é a cor que ela mais ama no mundo, ela gosta que os objetos que ela usa sejam vermelhos e bem escandolosos, aquela coisa de menina afetada, e a mochila era preta, simplória, só podia ser do meu pai, engraçado, não reparei nessa mochila, se reparei não me lembro bem.
Minha curiosidade falou mais alto e eu entrei silenciosamente no cômodo e peguei a mochila, haviam armas, facas, canivetes, punhos ingleses, meu pai nunca foi bom com o arco e flecha, comigo é o oposto, não precisei que me ensinassem, aprendi sozinho.
Eu quase desisti, até que achei um livro de capa vermelha e outro de capa branca, tudo ficava cada vez mais intrigante, porque eu sabia que meu pai não gostava de ler, peguei o livro e o folhei, na primeira folha do livro de capa vermelha estava escrito:
"Diário de Kimberly Sparks".
Eu sabia quem era Lydia Sparks Rogers, mas não fazia idéia de quem fosse "Kimberly Sparks".
Seria alguém da família ou coisa do tipo? Eu estava muito curioso, peguei os dois livros rapidamente e fui para o cômodo em que eu dormia com Whitney, ela dormia profundamente, eu me sentei na cama improvisada no chão, liguei uma lanterna e começei a ler...