Segredos

365 58 16
                                    

- Pai?
- Maximus? Não deveria ligar para mim, a não ser que tenha algo importante para dizer.
Contei até dez mentalmente e respirei fundo.
- Quer que eu te diga algo importante?!- Perguntei com raiva, eu culpava ele, se ele tivesse escutado Tessa, Trinity ainda estaria viva.
- Abaixe o tom comigo garoto!
- Não!! Eu não vou abaixar a droga do meu tom!! Por sua causa queimaram as nossas naves e não temos como voltar para o Fearless!! Além disso...- Eu me segurei para não começar a chorar.
- Garoto aonde está sua educação?! "Além disso..." o que?!
- A...A Trin.- Eu disse lutando para que nenhuma lágrima caísse.
- Desembucha moleque! Fale logo! O que tem a sua irmã?!
- Ela morreu pai!!! Desintegraram ela!!!- Eu gritei, tudo o que houve foi o silêncio.
- Maximus Sparks Hyers se isso for uma brincadeira você vai ficar de castigo!!!- Ele disse.
- Acha que eu tô brincando?!- Perguntei.- Você realmente tá achando que eu brincaria com a droga da morte da minha irmã?!?! Você é mesmo um hipócrita!!!- Gritei, eu estava muito exaltado, eu sentia muita raiva dele, das Geminis, de Era, da porra toda, se queriam me deixar com raiva, conseguiram, ouvi meu pai começar a chorar do outro lado da linha, eu sabia que depois da minha mãe esse golpe havia sido duro e certeiro pra ele, mas eu estava com tanta raiva que ignorei o fato de que meu próprio pai estava chorando; O grande Aldous Sparks.
- Eu sinto muito meu filho, eu estava tão cego de medo...
- Que mandou a sua própria filha pra morrer?! Que tipo de pai você é?!- Perguntei.
- Me desculpe.
- Não! Se estivesse escutado a Tessa e cancelado a merda dessa missão Trinity ainda estaria viva!!- Eu disparei.
- Estou indo para onde estão, Yuri tem as coordenadas, talvez eu possa reconstruir e consertar o que fiz, meu filho...entenda Max, você é o único que ainda me resta.
- Eu prefiro que me renegue!- Eu disse.
- Maximus, já chega!- Tessa tirou o fone do meu ouvido e colocou no dela.- Aldous? Aqui é a Tessa, sinto muito, Maximus está muito exaltado, sei exatamente a dor que ele pode estar sentindo e falar com ele agora não vai adiantar nada ok?- Ela disse, ele pareceu estar conversando, não ouvi a conversa.- Ok e de nada, te esperamos aqui.- Ela desligou o fone.
- Fala sério, depois de tudo o que ele te fez você ainda perdoa ele?!- Perguntei.
- Maximus, ele pode ser terrível, mas ainda continua sendo o seu pai.- Ela disse, revirei os olhos.
- Péssima hora pra lição de moral tá bom?- Perguntei, me afastei dela.
- Eu perdi minha família, Hyers.- Ela disse, eu fechei os olhos e me virei, eu odiava quando ela se lembrava de coisas ruins por minha causa.
- E eu sinto muito, agora posso dizer que sei como você se sente.- Eu disse, ela fez um sinal para que eu a acompanhasse, ela foi para debaixo de uma árvore afastada do pessoal e se sentou ali, olhei para o chão e vi a mochila de Trinity, eu me lembrei do que ela disse antes de morrer mas resolvi só olhar o que tem dentro da mochila depois, em algum lugar melhor.
Me sentei na frente de Tessa.
- É o seguinte, cada um de nós vai contar um segredo, um segredo que nós nunca tivemos coragem de contar pra ninguém.- Tessa disse, obviamente, todos tem segredos, eu tenho os meus, Tessa os dela, Jaydan e Aiden os deles, até Trinity tinha os dela, a parte mais difícil não é contar eles, a parte mais difícil é ser corajoso o suficiente para contar.
- Primeiro, você é linda, mas acho que isso todo mundo já sabe.- Ironizei, ela deu um sorriso.
- Pelo menos estamos progredindo.- Ela disse em tom sarcástico.
- Com o que?- Perguntei.
- Li uma pesquisa uma vez...que dizia que as pessoas se sentem melhores após desabafar com alguém.- Ela disse.
- Essa é a idéia?- Perguntei sorrindo.
- Provavelmente, por que não tenta descobrir?- Ela me perguntou, respirei fundo.
- Eu minto para as pessoas que não conheci minha mãe, mas na verdade eu conheci sim, ela tinha cabelos pretos e olhos azuis, vivia de batom vermelho porque dizia que era a cor mais bonita do mundo.- Eu disse.
- Por que você mente?- Ela perguntou.
- Porque assim parece que não doeu.- Respondi, ela desviou o olhar.
- Sinto muito...ainda se lembra da sensação?- Ela perguntou.
- Não muito, mas é passado.
- Sei que é meio inconveniente ficar fazendo perguntas, mas qual era o nome dela?- Ela perguntou.
- Miryam Hyers.- Eu respondi dando um sorrisinho.
- Hyers.- Ela sorriu.- O sobrenome mais estranhamente bonito que já vi.- Ela disse.
- Valeu Tess.- Eu disse, ela suspirou.
- Eu matei meus tios, os pais de Courage.- Ela disse se controlando para se manter fria.
- Por que?- Perguntei, por mais incrível que parecesse aquilo não importava pra mim, eu só a via como a mesma Tessa que eu conheci.
- Eu vi Jessie e Cassie no lugar deles, esfaqueei eles depois que as Geminis mataram meus...pais.- Ela disse, segurei o rosto dela.
- Tess, é passado, ok?- Perguntei, ela sorriu.
- Tem razão.- Ela disse, eu olhei para uma folha que estava caindo no chão, ela me devolveu o meu fone.- Não ligue para Aldous, se ligar eu vou saber hein?- Ela perguntou de modo sarcástico.
- Ah claro.- Levantei as sobrancelhas e coloquei os fones no meu ouvido, caso tivesse alguma ligação de meu pai ou de Era ou das Geminis, aquelas três vagabundas demoníacas.
- É além do infinito, não é?- Ela perguntou, fiquei surpreso como ela sabia daquilo? A encarei com os olhos semicerrados.
- Como sabe desse lance?- Perguntei.
- Eu vi Kimberly e Aaron, seus antepassados, não é?- Ela perguntou.
- São.- Eu disse.
- Vi em uma das visões do Jogo das Almas Perdidas.- Ela disse.
- Então, além do infinito?- Perguntei irônicamente.
- Prefiro os pontos e nesse instante, perdeu muitos deles por ser babaca com seu pai.- Ela brincou, eu ri, ela se levantou.
- Além do infinito Maximus.- Ela deu um sorriso e piscou, logo saiu andando.
- Pensei que estivessem em Nova Chicago.- Olhei para trás assustado e vi Coy.
- Seline?!- Perguntei.
- Já falei pra me chamar de "Coy", Hyers.- Ela disse.
- Que se dane, Coy o que você está fazendo aqui?!- Perguntei.
- Peguei uma nave escondida no Fearless, eu precisava seguir vocês, mas acabou o combustível a poucos quilômetros e daqui e eu achei que ia demorar muito, muito, muito mesmo pra chegar em Nova Chicago, mas aí achei vocês!- Ela disse.
- Peraí Coy, tá me dizendo que pegou uma nave escondida?!- Perguntei, ela assentiu com um sorrisinho no rosto.
- E quem pilotou pra você?!- Perguntei.
- Eu mesma, ué.- Ela disse.
- Meu Deus.- Eu disse.- Está louca, você poderia ter se ferido gravemente sabia?!
- Sei, mas não é problema, calculei as probabilidades do ejetor da nave funcionar mentalmente e cheguei à conclusão de que eram mais de noventa e cinco por cento.- Ela disse.
- Você tem mesmo nove anos?- Perguntei.
- E seis meses, mas isso não é importante agora, só quero saber cadê a Trinity.- Ela disse, eu fechei os olhos, droga, seria horrível explicar aquilo para uma criança.
- Coy...- Me abaixei, e olhei para ela, ela começou a desconfiar.-...A Trin...ela está em um lugar bem melhor agora.- Eu disse, Coy arqueou as sobrancelhas.
- Ela foi pra outra cidade?- Coy perguntou, era como um caminhão atingindo meu peito, sem erro.
- Não Coy, ela está no céu.- Eu disse, baixando o olhar, ela ficou parada por um tempo e logo começou a chorar.
- Não...não, cadê ela Max? Cadê a Trin? Ela não foi embora assim, foi?- Coy perguntou.
- Foi Coy, ela se foi.- Eu disse, ela começou a soluçar, e me abraçou.
Aquilo era terrível.
- Ela cuidava de mim...- Coy disse, eu fechei os olhos.-...Você vai cuidar de mim Max? Com a Tessa?- Ela perguntou me abraçando com mais força.
- Vou.- Respondi, eu iria proteger a Coy, de qualquer mal que pudessem fazer a ela.
- Jura?- Ela perguntou me soltando, eu forçei um sorriso.
- Juro.

Descendentes_Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora