Eu ouvi passos de aproximação, "Se Courage estivesse vivo eu acabaria com ele". Eu pensava, eu me sentia terrível, eu havia classificado decididamente aquele dia como o pior dia da minha vida.
- Eu sinto muito.- Luna me disse ao chegar.
- O que houve?- Perguntei, enxugando as lágrimas, havia sangue dele na minha mão mas eu não me importava.
- Ele simplesmente não resistiu.- Ela disse.
- Impossível Luna, fale a verdade!- Insisti.
- É a verdade Tessa, o corte da faca foi muito profundo, ele teve uma hemorragia...eu não sei como você vai aguentar isso.- Ela disse.
- Primeiro uma das minhas melhores amigas morre, depois a minha outra melhor amiga leva dez tiros, agora o cara que eu amo também tá morto?- Perguntei.
- Tessa...- Eu voltei a chorar.- Não chora Tessa.- Ela disse, dava até para sentir a pena dela.
- Eu não consigo não chorar, isso não acaba?! Vai ser sempre a mesma merda?! Eu precisava dele comigo! Eu ainda preciso dele do meu lado Luna! Você sabe como é amar uma pessoa e do nada ela morrer?!
- Sei Tessa, eu sei bem como é mas...
- Mas nem chega aos pés disso, a gente não tinha planos, a gente nem sequer pensava em nada, éramos só um casal feliz, um diamante raro entre tantos outros quebrados, mas agora metade do diamante tá quebrado e os pedaços não valem mais nada, você entende o que é isso?!- Perguntei.
- Sinceramente, eu queria entender.- Ela disse.
- Pra que? Chorar junto comigo? Já me sinto muito humilhada e fraca, não preciso de mais dor.- Eu respondi.
- Você não parecia se importar tanto quando ele estava vivo.- Ela disse.- Desculpe, eu estou sendo franca eu não quis...
- Eu sou assim mesmo, eu não demonstro, sou fria, bato o tempo todo, como se eu o odiasse, mas na verdade é o oposto, eu amo tanto ele que se ele acordasse agora dizendo "Oi princesa" eu nem ligaria, não bateria nele, nem xingaria, deixaria as perguntas para depois e aí sim bateria nele...as pessoas não entendem certas formas de amor.- Eu disse soluçando, cobri o rosto com as mãos.- Eu quero ele de volta aqui comigo, eu quero ter um "Além do infinito" com ele.- Eu disse quase sem voz de tanto chorar.
Senti braços me envolverem e ouvi um "Oi princesa" perto do meu ouvido, meu coração acelerou ao reconhecer a voz, desgraçado...eu me virei e o vi começei a chorar mais ainda só que de felicidade, ele estava lá sorrindo.
- Me diz que não é uma alucinação.- Eu disse.
- Alucinações abraçam?- Ele disse eu começei a rir e o abraçei com toda a minha força.
- Seu filho da mãe.- Eu disse enxugando as lágrimas.
- Eu podia rir da sua cara por você ter caído no truque, mas você foi sincera demais.- Ele sorriu, eu o beijei e ele logo correspondeu, queria dar um tapa bem no meio da cara dele mas eu estava feliz demais, franzi a testa.
- Eu morri por alguns minutos e você já estava com saudades assim, imagina se fosse definitivo.
- Como fez isso?- Perguntei, ele deu uma risada e Luna também.
- Luna me ajudou, foi só uma brincadeira, ela me deu uma droga que paralisa o coração por alguns minutos mas regulariza todo o nosso sistema depois.- Ele disse.
- Eu podia meter a mão na sua cara Hyers, por ter me feito de otária assim.- Eu disse.
- Não tem problema, depois do que você disse nada mais importa.- Ele sorriu, eu respirei fundo.
- Nunca mais faça isso.- Eu disse.
- Vou tentar.- Ele respondeu.
- Não você não vai tentar você nunca mais vai fazer isso porque isso foi uma grande sacanagem!- Dei um tapa de leve na cabeça dele, ele deu risada.
- Tudo bem Tessa, eu, Maximus Sparks Hyers, juro solenemente que nunca mais irei fazer uma pegadinha que possa mexer com você, mas não prometo nada quanto a outras coisas.- Ele ironizou, eu sorri.
- Você é um idiota Max.
- Eu sei disso, na verdade é da minha natureza.
Nós rimos, Luna não parava de sorrir quando olhava para nós, me perguntei como eu pude não saber que era a droga de uma brincadeira?
- Gente?- Olhei para trás e vi Eternity, não haviam mais balas em seu corpo mas havia sangue seco na roupa dela e em suas mãos, os olhos dela estavam diferentes, estavam de um cinza que chegava a brilhar, como se fosse um prateado, ela olhava para nós como se estivesse com medo.
- Eny?- Fui até ela e a abraçei, mas ela não retribuiu.
- Tessa...eu acho que eu não estou muito bem.- Ela disse.
- Por que não? Quer dizer, você acordou e está andando sendo que levou dez tiros dá para me explicar o que houve?- Luna perguntou.
- Maximus...Igor tinha uma duplicata mais forte do soro de Era, um que te deixa quase imortal, ele aplicou alguma coisa em mim antes de...atirar?- Ela perguntou.
- Aplicou, isso é um problema Eternity?- Maximus perguntou.
- É sim.- Ela afirmou.
- Por que?- Luna perguntou curiosamente, Eternity olhou para todos nós.
- Sigam-me.- Ela disse em tom de voz autoritário, nós obedecemos, ela foi até uma rocha.- Aquela droga traz invulnerabilidade e uma força quase sobrenatural.- Ela nos disse e deu um chute na rocha, a mesma parecia tão leve quanto uma bola e caiu a alguns quilômetros de distância de nós.
Luna se assustou, eu não sabia o que dizer e Maximus parecia saber exatamente do que se tratava.
- O que foi isso?- Luna perguntou.
- Te parece familiar primo?- Ela perguntou a Max, ele respirou fundo.
- Parece, e você vai ter que aprender a controlar isso Eternity.- Ele disse.
- Como?!- Eny se irritou.- Eu tenho medo de ser uma aberração.
- Eternity, essa força não faz de você uma aberração, você continua sendo a mesma Eny que era minha amiga e continua sendo minha melhor amiga.- Eu disse.
- Eu queria poder te abraçar agora Tessa.- Ela disse.
- Eny, só precisa aprender a controlar a sua força, vamos dar um jeito, ok?- Maximus disse, ela suspirou.
- Promete?- Ela perguntou, Max ficou sem saber o que dizer pro alguns segundos.- Você não sabe como...mas eu sei.- Ela deu as costas e saiu andando
- O que você vai fazer Eny?- Perguntei.
- Acertar as contas com Igor.- Ela disse.
- Eu vou com você.- Eu disse.
- Não, não vai.- Ela rebateu e saiu andando.
- Teimosa.- Resmunguei.
- Relaxa Tess, se eu conheço bem a Eny ela vai ficar bem, só tenho pena...- Ele riu.
- Do que?- Perguntei.
- Igor.
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Descendentes_Livro 3
Science FictionMeu nome é Maximus Sparks Hyers, eu tenho dezenove anos de idade. Durante duzentos anos, maníacos (infectados quase 100% curados) e humanos viveram em paz, como se fossem um só, sem preconceitos ou julgamentos. Mas há alguns meses atrás, houve uma...