- Oi Max.- A primeira imagem que vi no vídeo foi ela dando um sorrisinho, eu não me lembrava de como ela costumava sorrir, era só espontâneo, ela sempre era uma garota meiga mesmo quando tentava parecer durona, e me lembrar que ela morreu de uma hora para outra na minha frente era doloroso.- Como eu vou explicar isso para você...bem, Coy pressentia que algo ruim poderia acontecer comigo, então se você está assistindo isso provavelmente eu me acidentei muito feio ou...morri...- Ela disse rindo como se fosse uma piada, mas o jeito que ela debochava doía muito.-...Então eu só queria me despedir de você e do papai...- Eu fechei meus olhos e pausei o vídeo, respirei fundo antes de continuar assistindo, mas continuei.-...Talvez você sinta minha falta ou não mas eu não posso morrer antes de te contar algumas coisinhas, três pra ser mais precisa...- Ela continuava sorrindo como se não estivesse preocupada, mas eu estava, porra Trinity, eu me importei, e isso pareceu ser um problema, era um incômodo ver ela sorrir mesmo sabendo que ela poderia morrer, aquilo me deixava irritado.-...Um: Fui eu que rasguei seus livros de histórias quando você tinha quatro anos, foi um acidente, foi mal...- Ela começou a rir, e a minha raiva foi embora.-...Dois: Fui eu que coloquei pimenta no seu bolo de aniversário quando você tinha sete anos, por isso te dei um presente tão bom e desculpa por isso também, achei que ia ser engraçado, aliás, mais uma terceira, me desculpa por todas as vezes que eu te chamei de merdinha e reclamei, mas eu reclamava só porque eu me preocupava demais com você...- Ela baixou o olhar e vi algumas lágrimas começarem a cair do rosto dela.-...- Q-Quatro: Eu não desejaria outro irmão nesse mundo, nem um mais brincalhão ou um mais reservado ou um mais companheiro...eu cheguei à conclusão de que irmãos foram criados para serem diferentes e eu tenho quase toda a certeza do mundo que é por isso que eu te amo tanto Max, te amo bem além do infinito seu merdinha, se eu morrer por favor não esquece disso, tá? Só lembra que eu estou com a mamãe agora.- Eu me contive esse tempo inteiro, mas ninguém é 100% de ferro, chega uma hora que não dá mais para se conter, eu começei a chorar, e parecia aliviar uma parte do que eu estava sentindo, "Seu babaca de merda, deve estar parecendo uma mulherzinha chorando desse jeito" Pensei, tentei enxugar minhas lágrimas com raiva de mim mesmo por estar naquele estado, mas eu não conseguia parar de chorar.-...Seja forte maninho, sempre vamos estar ao seu lado, mesmo que você não perceba eu...eu só quero te fazer mais alguns pedidos...- Ela disse, ela chorava bem mais do que eu.-...Cuida da Coy por mim e por favor escute ela quando ela tiver uma daquelas previsões, siga em frente, esqueça que eu morri, seja muito feliz com a Tessa, não desista de salvar a nossa espécie, você vai conseguir derrotar as Geminis, Era é só mais uma Nova Era, e elas costumam acabar, nada é verdadeiramente eterno, liberte a raça humana dos maníacos que querem nos destruir, seja a esperança, seja a luz que eu não pude ser, alcançe os objetivos que eu não consegui em vida, seja mais do que eu ou mamãe pudemos ser...- Pela primeira vez dei um sorrisinho diante à tela, embora as lágrimas continuassem caindo.-...Afinal somos "Fearless".- Ela sorriu.- Adeus Maximus, enquanto se lembrar que fomos irmãos de verdade, eu estarei viva.- Ela acenou e o vídeo acabou, tirei o pen drive e começei a chorar mais ainda, soquei a tela do computador e acabei cortando a minha mão doeu mas nada comparado ao que eu senti quando assisti o vídeo.
Começei a me culpar pelo que aconteceu, se eu não tivesse ido pra Iron Empire nada disso teria acontecido, foi culpa minha, lixo, essa é a sensação, como se eu fosse só mais um pedaço de bosta.
Ouvi batidas na porta, claro que eu não respondi nada, eu não queria que ninguém me visse daquele jeito.
- Max?- Droga, quem mais podia ser? Tessa.- Max, sou eu, Tessa.- Continuei em silêncio.- Está tudo bem aí?-Ela abriu a porta do nada, sem permissão, não adianta falar nada com a Tessa.- Foi mal por entrar assim mas fiquei preoc...- Ela parou de falar quando olhou para mim, escondi o rosto e enxuguei as lágrimas.
- Cai fora Tessa.- Eu disse, ela fez uma cara estranha, como se estivesse preocupada, ela fechou a porta e se sentou na minha frente.
- Nossa...assumir a dor é melhor Maximus...não se preocupe, sabe que eu não vou contar para ninguém.- Ela disse passando a mão no meu cabelo.
- A culpa foi minha.- Eu disse.
- Trinity morrer? Sei como se sente, mas sabe que não é verdade.- Tess consolou.
- Se eu não tivesse me envolvido com a puta da Cassie...
- Não foi culpa sua Max.- Ela disse.- Sabe que nada disso foi culpa sua, muito menos de Aldous, ninguém teve culpa Maximus, foi uma fatalidade.- Ela disse.
- Isso não tá ajudando.- Eu desviei o olhar, ela puxou meu rosto para que eu olhasse pra ela, o que só me deixou com mais raiva.
- Max, não adianta ficar triste, não agora, sabe que as consequências disso vão gerar dor, mas de certa forma, a dor é importante, ela só nos ajuda a crescer.- Eu olhei para baixo.
- Eu não quero ser fraco assim, não quero que a morte dela me deixe desse jeito.- Eu fui franco, odeio falar dessa merda de sentimentos com qualquer um, me faz parecer estúpido.
- Então não seja, transforme essa dor em raiva, não por mim, pelas Geminis e por Era, Trinity mandou você não desistir antes de morrer não é? Então não desista Maximus.- Ela disse, ela tinha razão, elas foram as culpadas, se for pra fazer alguma coisa, não vou fazer por vingança, orgulho próprio ou questão de satisfação, vou só cumprir a minha promessa com a minha irmã, e vou libertar a minha espécie daquelas três.
Olhei para Tess.
- Está comigo agora?- Perguntei, ela sorriu.
- Você chegou no último ponto, estou com você agora e sempre.- Ela respondeu.- Ah é sério? Eu nem queria chegar nesse último ponto besta também.- Ironizei, ela começou a rir e deu um soco de leve no meu ombro direito.
- Sei...- Ela disse, ela parou de rir.
- Aí, você sente cócegas?- Perguntei dando um sorrisinho malicioso, ela fez uma cara estranha.
- Não se atreva Hyers! Eu dou um soco na sua cara!- Ela se afastou e pegou um travesseiro como "escudo".
- Vai me bater com o travesseiro?- Perguntei irônicamente, ela jogou o travesseiro na minha cara e começou a rir, eu levantei as sobrancelhas.
- Esse travesseiro podia ter me matado.- Brinquei.
-Sem drama Hyers.- Ela sorriu.
- Vamos partir pra comédia mesmo.- Ironizei e começei a fazer cócegas nela, ela começou a rir como louca mas me deu um chute e se afastou.
- Para, eu odeio cócegas.- Ela disse tentando ficar séria.
- Não foi o que pareceu.- Eu disse.
- Tessa?- Ouvi a voz de Zella e batidas na porta, Tessa colocou a mão na testa.
- Esqueci de avisar, Dux estava te chamando.- Ela disse em voz baixa, me levantei da cama e Tessa também, abri a porta, a mãe de Tessa pareceu meio surpresa.
- Oi senhora Lacey, Tessa me avisou sobre Dux e resolvemos conversar porque, sabe como é né? Amigos são amigos.- Eu disse sorrindo, Zella riu.
- Há quanto tempo estão juntos?- Zella perguntou ainda sorrindo.
- Mãe!- Tessa reclamou, vi que ela estava vermelha e sorri.
- Faz um tempinho.- Eu disse.
- Ele está brincando.- Tessa disse, eu e Zella rimos.
- Só venham comigo, os dois.- Eu e Tessa nos entreolhamos e seguimos ela.
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Descendentes_Livro 3
FantascienzaMeu nome é Maximus Sparks Hyers, eu tenho dezenove anos de idade. Durante duzentos anos, maníacos (infectados quase 100% curados) e humanos viveram em paz, como se fossem um só, sem preconceitos ou julgamentos. Mas há alguns meses atrás, houve uma...