Após tomar banho em uma cabine fechada que Dallas mandou Aldous implantar, trocar de roupas e pegar apenas uma faca e um capuz, eu saí da floresta, fui andando até Iron Empire de cabeça baixa para que nenhum outro maníaco visse meus olhos, mesmo cabisbaixa eu podia ouvir o som de chicotes estalando nas costas de maníacos que provavelmente não seguiram a "lei" de Era, possivelmente inocentes que foram punidos injustamente, o que ela sempre fez.
Nova Chicago não era mais a mesma, nem nenhuma cidade, a Nova Inglaterra estava ainda pior mesmo que a grande tirana não estivesse por lá.
Eu fui barrada por guardas na porta de Iron Empire.
- Quem é você?- Um deles me perguntou.
- Sou uma espiã, trabalho para Igor Sanderson, é sigiloso e isso é só o que precisam saber.- Eu respondi
- Desculpe "dona espiã", mas vai ter que dizer seu nome e sua idade para entrar aqui.- O outro guarda disse.
- Sério isso?- Perguntei.
- Por que acha que brincaríamos?- Ele rebateu, eu dei uma risada cínica.
- E se eu não quiser falar?- Desafiei, ambos colocaram um aparelho de choque no meu pescoço ao mesmo tempo.
- Acho melhor a senhorita parar de gracinha ou vamos ligar os dois aparelhos no seu pescoço.- Ele ameaçou.
- Fui treinada para suportar tortura tanto física quanto emocional, vá em frente.- Eu disse indiferentemente.
- Gabriela?- Igor apareceu, percebi que ele havia entrado no jogo no mesmo instante, eu sentia muito ódio dele mas tentava disfarçar.
- Conhece essa mulher senhor?- Um guarda perguntou.
- Sim, não tem porque se preocupar ela é de confiança.- Ele disse.
- Pode só nos dizer o nome dela? Questões de segurança que sua mãe exige senhor.
- Se quiser procurar o nome dela no sistema não vai encontrar, ela é espiã.- Ele disse.- Gabriela Apple, vinte e um anos de idade.
- Ok.- Eles finalmente saíram da frente e me deixaram passar.
- Ouviu a conversa?- Sussurrei, ele deu um sorrisinho mas eu continuei séria, eu estava com tanta raiva daquele idiota que eu nem pensava na possibilidade de sorrir.- Precisamos conversar em particular.- Eu disse a Igor em voz baixa.
- Sei disso.- Ele me respondeu.- Me acompanhe e não levante o olhar em hipótese alguma.- Ele disse, passamos por escadas e corredores, estava bem mais vazio do que imaginei mas eu podia ouvir gritos vindos do subsolo. Chegamos em uma sala, ele trancou a porta e tirei o capuz, ele deu um sorriso.
- Não sabe o quanto estou feliz por te ver viva.- Ele disse.
- Cala essa boca.- Peguei a minha faca, segurei ele pelo pescoço contra a parede e apontei minha faca para o estômago dele.
- Eternity o que você está fazendo?- Ele perguntou.
- Você atirou em mim dez vezes e depois me transformou em um monstro, por que?- Perguntei descontrolada, eu sentia muita raiva dele, ódio seria a palavra perfeita para descrever.
- Porque eu sou apaixonado por você, e te "matar" era o único jeito de te proteger.- Ele me respondeu.
- E por que você aplicou a droga daquele soro em mim? Eu preferiria estar morta.- Rosnei.
- Para te salvar, só assim você viveria.- Ele disse.
- Mentiroso.- Eu resmunguei.
- Eu não mentiria, esse soro tem uma capacidade inimaginável Eny.- Ele disse.
- Eu corro o risco de machucar meus amigos a todo e qualquer momento, eu não tenho mais controle da minha força, eu tenho medo de matar alguém por acidente e a culpa é sua!- Pressionei a faca contra o estômago dele, ele riu.
- Você não vai cravar essa faca em...- Não o deixei terminar e cravei a faca no estômago dele, ele fez uma careta.
- Se ficar continuar bancando o cínico vai ser pior.- Eu disse.
- Está furiosa assim porque não sabe usar o poder que te dei ao seu favor.
- Chama isso de poder?- Arqueei as sobrancelhas.
- Você sabe que não é como os outros agora mas tem que aprender a controlar a sua força antes que seu medo se concretize.- Ele disse, eu subi a faca e fui cortando a barriga dele, ele continuou olhando fixamente nos meus olhos.
- O que eu faço?- Perguntei quase como se fosse uma ameaça.
- Eu posso te ajudar.- Ele sugeriu.
- Não confio em você.- Eu disse.
- Realmente não tem motivos para confiar, eu não mereço a confiança de alguém como você depois do que fiz.- Ele disse, revirei os olhos e puxei a faca do estômago dele, ele só fez uma careta novamente, eu sabia que não doía, só incomodava.
- Ainda não me deu uma resposta decente para a minha primeira pergunta. Por que atirou em mim dez vezes e depois me deu essa força se sabia que eu não seria capaz de utilizá-la?- Insisti, ele respirou fundo.
- Quer mesmo a verdade?- Ele perguntou.
- Claro que quero.- Eu disse como se fosse completamente óbvio.
- O primeiro motivo foi o que eu te disse: Eu te amo e esse era um jeito não tão ruim de resolver as coisas, Eny se eu te quisesse morta não estaríamos conversando agora...- Eu cruzei os braços e tentei desviar o meu olhar ao máximo.
- Segundo motivo?- Perguntei.
- ...É que eu tenho...- Ele hesitava, levantei as sobrancelhas, de repente ele tirou a camisa e virou de costas, vi que as costas dele tinham cicatrizes de cortes e estavam em uma mistura de roxo e vermelho, muito escuro, estavam bem inchadas e pareciam arder só de olhar, se eu não o visse tranquilo eu diria que ele não conseguiria andar se tentasse.
- O que é isso?- Perguntei.
- É o que acontece quando não sigo as regras, senhorita Sparks.- Ele respondeu.
- Era fez isso com você?- Perguntei.
- Sim.- Ele disse.
- Como ainda tem coragem de chamá-la de "mãe"? Ela nem é sua mãe biológica.- Eu estava horrorizada com o que eu via, não pareciam ser ferimentos de chicotes e com certeza não eram balas, eu nunca vi nada parecido em toda a minha vida e parecia ser recente.
- Mas quando meus pais me deixaram para morrer ela me deu uma segunda chance.- Ele disse.
- E é assim que ela te trata agora?- Perguntei, ele ficou em silêncio.- Como ela fez isso?- Eu disse me aproximando dele.
- Canivetes e veneno de um escorpião.- Ele respondeu.
- Por que ela te puniu assim?- Respirei fundo.- Ela sempre faz isso?- Perguntei.
- Quando é por sua causa sim, ela costuma me punir por eu ainda ter sentimentos, ela acha que eles enfraquecem as pessoas e eu não deixo de concordar, mas eu não tenho culpa, tudo isso é maior que eu, matar maníacos e humanos dos jeitos que ela me manda fazer ainda é uma idéia ruim.- Ele disse.
- Não pense que sinto pena de você por causa disso, você escolhe o seu próprio caminho e você escolheu isso mesmo sabendo que poderia mudar tudo, você ainda pode mudar tudo. Por que ainda insiste nessa vida?- Perguntei.
- Por que isso poderia afetar minhas relações externas com outras pessoas, se eu cometesse um ato pérfido contra Era, meus amigos sofreriam as consequências.
- Tem outros amigos?- Eu disse, eu já estava me arrependendo de ter cravado uma faca nele, se apaixonar tem consequências e uma delas é sentir mais do que o normal por tudo.
- Tenho amigos na Impugnação, uma espécie de resistências, passo algumas informações para eles.- Ele me respondeu, eu tive uma idéia após cogitar por um tempo.
- Quantos membros?- Perguntei.
- 500, o número total de sobreviventes de Nova Chicago humanos.- Ele respondeu.
- Tá de brincadeira né?- Perguntei.
- Não.- Ele disse.- São todos humanos, a líder se chama Anahi Jensen Wiscousin, a senha que ele sabe que eu daria a novos membros é: IOM2023.
- Como eu vou saber que não é uma emboscada?- Perguntei.
- Tem que confiar em mim, sei que não podem acabar com isso tudo sozinhos.- Ele disse.
- Certo, amanhã você aparecerá na floresta e se tentar alguma coisa para machucar alguém não vai ser Era que vai fazer esse estrago nas suas costas, será eu.- Coloquei o capuz, baixei o olhar e saí andando.
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Descendentes_Livro 3
Научная фантастикаMeu nome é Maximus Sparks Hyers, eu tenho dezenove anos de idade. Durante duzentos anos, maníacos (infectados quase 100% curados) e humanos viveram em paz, como se fossem um só, sem preconceitos ou julgamentos. Mas há alguns meses atrás, houve uma...