O pescador

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Acordei meio tonto, abri meus olhos bem devagar, vi a luz entrando pela janela e até os grãos de poeira pairando no ar, olhei para o lado e vi Tessa, isso me reconfortou na mesma hora, minha visão já voltava ao normal e pude ver Tessa sorrir.
- Oi.- Ela disse, olhei em volta, percebi que eu estava em um lugar estranho, eu...estava em um barco?! Me sentei no mesmo instante.- Calma Maximus, está tudo bem, foi só um mal entendido.- Ela disse, me empurrou de leve para que eu continuasse deitado.
Olhei para a porta e vi um velhinho, um homem negro de cabelos brancos, e com uma barba branca, estranho, ele deu um sorrisinho.
- Você me bateu.- Eu disse.
- Não foi bem assim.- Tessa disse.
- Vai dizer que fiquei esquizofrênico agora também?- Perguntei, ela fez uma cara estranha, eu me sentei.
- Desculpe garoto, pensei que fosse um ladrão, ou um maníaco.- O velho senhor disse.
- Por que me bateu duas vezes então?- Perguntei.
- Porque na primeira vez, achei que fosse um maníaco, e na segunda achei que fosse um ladrão.- Ele disse.
- Precisava me apagar?- Perguntei.
- Já me desculpei.- Ele retrucou, respirei fundo.- Começamos com o pé esquerdo, Maximus Sparks Hyers, não é?- Ele me perguntou.
- É.- Eu disse.
- Sou Ferdinand Bluewalles sou um pescador.- Ele disse.
- Posso te chamar de "Ferds"? Tipo, é bem mais fácil.- Eu disse.
- Tudo bem.- Ele disse.- Vocês queriam ir para a hidroelétrica, eu trouxe vocês, não o grupo inteiro, mas uma parte dele.- Ele disse.
- Estamos na hidroelétrica?- Perguntei.
- Na verdade, não, estamos perto dela, um pouquinho longe mas mesmo assim perto, só precisamos andar até ela, mas teoricamente estamos quase no reservatório.- Ele disse, certo, o cara é muito estranho.
- Que horas são?- Perguntei.
- Quatro e quarenta e cinco.- Ele respondeu.
- Temos que ir antes de anoitecer.- Eu disse.
- Maximus, tem a mínima de como se desliga uma hidroelétrica?- Tessa perguntou.
- É só desligar as turbinas, assim a água não é convertida em energia.
- E como se desliga essas turbinas?- Ela franziu a testa.
- Tem um gerador na casa de força, por via das dúvidas vamos levar uma lanterna, pode ser escuro lá.- Eu disse, ela deu um sorriso.
- Impressionante Hyers, como aprendeu tudo isso?- Ela perguntou.
- Aulas de química e física podem salvar sua vida um dia.- Ironizei, ela sorriu.
- Maximus.- Mal terminei de me virar e vi Trinity me abraçar.- Caramba, você parecia mal, sério.- Ela disse.
- Eu estava mal, eu quase morri ali.- Brinquei.
- Ah claro, só se foi de babaquice.- Ela deu um tapinha na minha cabeça e eu começei a rir.
- Trinity, Maximus.- Vi meu pai entrando.- Vamos.- Ele apressou.
Assenti e saí do quartinho do barco, eu saí do barco, coloquei um fone de ouvido que Trin me deu, eu não sabia que utilidade teria, mas coloquei do mesmo jeito.
Olhei em volta, vi que Jaydan estava lá, Aiden, Annika, Raphael, Roy, Maryne e mais um cara, Oliver Rattling Sioux, era moreno e tinha cabelo preto, meio sério, completamente o contrário de Aiden, pelo menos foi o que Annika me disse.
Nós fomos andando até a hidroelétrica, a beira do lago Michigan era fresca, a água se movia lentamente, o céu ainda estava um pouco nublado, mas estava tudo indo bem, só precisávamos entrar na casa de força, desligar as turbinas e pronto. Nova Chicago inteira vai ficar sem energia elétrica.
Quanto mais escurecia mais eu corria, eu estava indo na frente do grupo e Tessa estava comigo, até que chegamos, pude ver a barreira e uma espécie de ponte acima dela, e mais abaixo, lá estava a casa de força.
- Maximus, acho melhor você não ir na frente dessa vez.- Tessa disse.
- E quem vai na frente? Você?- Perguntei quase rindo, ela me olhou de canto e saiu andando na frente, ela ficou se segurando no corrimão, do nada ela se inclinou para olhar para o lago.
- A vista aqui é linda.- Ela disse, eu ri.
- Tessa, sai daí.- Eu disse indo até ela, ela se sentou no corrimão.
- Espera, dá pra esperar um pouco.- Ela disse sorrindo, do nada ela parou de sorrir e pareceu ficar mal.
- Maximus?- Ela chamou.
- O que?- Eu ainda me aproximava dela, ela cambaleou um pouco e eu andei mais rápido, eu estava quase chegando.
- Eu não estou me sentindo muito...- Ela cambaleou mais uma vez e eu corri, ela escorregou do corrimão e eu segurei a mão dela firmemente.
- Ah!! Droga, Maximus me ajuda!!
- Tessa!!! Aguenta firme!!!- Eu disse enquanto tentava puxá-la para cima, do nada ela começou a rir e logo depois gargalhou, eu fiquei sem entender nada, ela segurou o corrimão com a outra mão e subiu de novo, ela caiu no chão de tanto rir.
- Você tinha que ver a sua cara Hyers!!- Ela disse rindo.
- Foi brincadeira?!- Perguntei irritado, ela continuou rindo mas assentiu.- Mas que porra Tessa, não foi engraçado, você enlouqueceu?!
- Foi mal.- Ela disse rindo, respirei fundo.- Mas valeu.- Ela sorriu, eu levantei as sobrancelhas.
- Pelo que?- Perguntei.
- Por fazer papel de trouxa.- Ela riu mais ainda, revirei os olhos.
- Palhaça.- Eu resmunguei, o grupo já chegava naquela ponte, eu fui andando até a casa de força, Tessa entrou junto comigo, haviam vários botões ligados ao gerador, inclusive um em que a plaquinha abaixo dizia "Desligar", eu apenas apertei o botão e ouvi o som do movimento da água parando, a usina parou, eu saí da casa de força com pressa, sabia que tudo estaria mais escuro.
- Desligou a hidroelétrica sozinho?- Oliver me perguntou, fiz que sim com a cabeça.- Isso é bem louco.- Ele disse.- Sou Oliver Rattling Sioux.- Ele estendeu a mão, demos um aperto de mãos.
- Sei quem você é, Annika falou comigo.- Eu disse, ele riu.
- Annika é muito simpática, inclusive com Raphael, sério, parece que os dois se conhecem há anos.- Ele disse.
- Maximus?- Ferds veio até mim.
- Que foi Ferds?- Perguntei, ele pareceu preocupado.
- Preciso da iluminação de Nova  Chicago para navegar, não dá pra navegar agora à noite na escuridão total, vamos ter que ficar por aqui.- Ele disse.
- Fala com meu pai ou com Roy, um dos dois deve saber o que fazer.- Eu disse, ele foi até meu pai.
- Está anoitecendo, logo vai ficar completamente escuro, ainda bem que temos algumas lanternas, né?- Oliver perguntou.
- É.- Eu disse, de repente ouvi um chiado terrível, percebi que vinha do fone, eu já ia tirá-lo.
- Maximus?- Ouvi uma voz no fone, me parecia familiar mas eu não consegui reconhecer ela, era uma voz feminina e fininha, fiquei calado, ouvi uma gargalhada no fone e abaixei o volume, eu não sabia o que estava acontecendo.
- Adivinha quem é?

Descendentes_Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora