Descendentes_Livro 3

Antecipação

Eu entrei na sala, Maximus não quis entrar porque Oliver nos disse o que havia acontecido e Max não queria mais se sentir triste, não quando precisava de força, talvez ele esteja certo, mas eu não sou assim, sou diferente, eu não hesito em ver algo assim mesmo sabendo que vai ferir meu emocional.
Malasya estava sentada no canto de uma parede, ela abraçava os joelhos e tinha nas mãos um pano manchado de sangue, ela olhou para nós, ela havia chorado muito, os olhos dela estavam verdes, um verde extremamente claro, ela era "Hemorrágica".
- Tessa?- Ela perguntou, olhei para German, que olhava para baixo, eu sabia que ele estava chorando, e por isso não queria olhar.
- Malasya o que foi que aconteceu?- Perguntei.
- Eu vou morrer Tessa.- Ela disse começando a chorar, eu arqueei as sobrancelhas.
- Não, Malasya você não vai morrer ok? Você vai ficar bem.- Eu disse tentando consolar ela.
- É, escute Tessa ok? Você vai ficar bem.- German se esforçou para dizer, ele forçou um sorriso.
- Não...eu começei a...tossir sangue...e eu sinto que eu tô morrendo.- Ela disse, respirei fundo, nunca foi fácil ver pessoas naquele estado para mim.
- Como isso aconteceu?- Perguntei.
- Eu e German...achamos que não íamos dar conta da LNC, era...arriscado...aí nós fugimos...tava dando...certo, mas aí um maníaco me atacou.- Ela disse, eu desviei o olhar, ela segurou o meu braço, só então percebi o quanto ela estava fraca, mas achei que fosse por causa da morbo, ela começou a cantar uma música que eu conhecia, e German também parecia conhecer, a voz dela falhava, começei a cantar junto com ela e ela pareceu mais feliz, German tentou não chorar e também começou a cantar.
Na última frase da música a voz dela fraquejou mais ainda, senti a força dela indo embora e estranhei, arregalei os olhos e segurei o braço dela.
- Malasya?!- Chamei, ela apenas tombou para o lado e ficou caída no chão, sacudi ela e percebi que não havia mais força em seu corpo, chequei seu pulso, quase não haviam  batimentos.
- Tessa o que está acontecendo?!- German me perguntou.
- Yuri preciso que venha pra sala setenta e oito agora!- Eu disse através do fone.
- Por que? O que houve?
- Não dá tempo, só corre, ok?!
- Tudo bem então.
Ele desligou o fone, em alguns minutos ele já havia chegado, Malasya estava pálida, ele checou o pulso dela (com luvas, claro), e carregou ela para a enfermaria, eu sabia que não ia acabar bem, sabia que o que estavam fazendo era em vão, eu sabia que o Fearless já tinha mais uma pessoa a menos.
Maximus me olhou com uma cara de: "eu sabia" quando Yuri levou Malasya para a ala médica.
- Você está bem? Não é todo dia que se vê alguém no estado dela.- Maximus me disse.
- Estou, só estou meio chocada.- Eu disse, Malasya me disse que precisava fugir por causa da LNC, e eu sabia exatamente com quem precisava falar, por mais que eu odiasse a idéia.
Fui até a sala de Aldous, não chamei Maximus porque sabia que as coisas iam ficar meio tensas entre os dois, então, se ele quisesse dizer qualquer coisa sobre nós, teria que dizer para mim e na minha cara.
- Max, eu preciso ir para o meu quarto, ok? Eu sou péssima com isso.- Eu menti, sempre odiei inventar desculpas mas não tinha jeito.
- Tem certeza que você tá bem Tess?- Ele perguntou.
- Absoluta, eu só preciso de um tempo.- Respondi meio nervosa, ele segurou a minha mão, foi como parar de respirar por um segundo, e eu só sorri.
- Não quer que eu vá com você?- Ele perguntou com aquele sorriso no rosto, aquele capaz de derrubar até as garotas mais fechadas.
- Não precisa, mas obrigada.- Eu disse.
- Isso é um agradecimento? Bloodwell, mas que coisa mais gentil pra sua personalidade de garota: "Vou te matar".- Ele ironizou, eu levantei as sobrancelhas.
- Acho que vou começar a rever melhor as minhas frases e te dar umas facadas de vez em quando.- Brinquei.
- Que violência, você podia quebrar a minha cara mas só vai me dar facadas?- Ele perguntou no mesmo tom irônico, eu ri.- Essa era a idéia.- Ele disse, tentei parar de rir.
- Qual?- Perguntei.
- Ver você sorrir.- Ele disse, eu parei de rir, meu Deus, será que tem alguém que pode me ensinar como não amar ele?
- Diz isso pra todas que já conheceu?- Perguntei.
- Na verdade, eu tive a Brynne, claro que eu gostava muito dela, muito mesmo, e ela me magoou pra caralho, mas que se dane, isso já é passado.
E aí apareceu você.- Ele disse mexendo no meu cabelo, eu desviei o olhar.
- E você gosta de mim?- Perguntei.
- Não, o que eu sinto por você é bem diferente, é bem mais do que só "gostar".- Ele disse, ele foi se aproximando de mim, coloquei minhas mãos nos ombros dele e segurei ele para que não chegasse mais perto.
- Preciso ir.- Eu disse, ele assentiu, saí andando e me certifiquei de que ele não me observava, começei a correr e fui até a sala de Aldous, respirei fundo antes de entrar e bati na porta.
- Quem é?- Ouvi ele perguntar.
- Um fantasma metade demônio sugador de almas.- Eu disse ignorantemente, tentando não rir de mim mesma.
- Entre Bloodwell.- Ele disse, eu entrei na sala, encarando ele seriamente.- O que você quer?- Ele perguntou.
- Vou ser direta, curta, grossa e bem clara, eu quero que cancele a LNC.- Eu disse, ele franziu a testa e me encarou de um jeito estranho.
- Por acaso você enlouqueceu garota?!- Ele perguntou.
- Soube do que aconteceu com Malasya, não soube?- Perguntei, ele revirou os olhos.
- Poupe-me...
- Não soube?!- Perguntei em um tom de voz mais alto.
- Acho melhor abaixar o seu tom, Bloodwell.- Ele disse.
- Você não manda em mim.- Eu disse, ele bateu a mão na mesa, enfurecido.
- Eu sou o comandante do Fearless!
- E eu não tenho medo de você Aldous.- Eu disse, ele respirou fundo e  pegou um fone.
- Domaine?- Ele chamou.
- Sim comandante?- Ouvi uma voz feminina dizer.
- Antecipe a LNC, você e Keys vão com os outros e você vai recrutar cinco novos soldados que eu vou te dizer o nome daqui a pouco.- Ele disse, eu arqueei as sobrancelhas.
- Positivo comandante, farei isso.
- Obrigado.- Ele desligou o telefone.
- Cínico.- Eu disse.
- Saia da minha sala, aliás, se eu fosse você eu treinaria bastante, vão sair hoje à noite.- Ele disse, bufei e saí da sala dele, mas que desgraçado...