Descendentes_Livro 3

Único

Eu me tornei um "Imune", no fundo eu sabia que viraria, assim como Era planejou, eu sabia que o que ela me diria tinha a ver com isso, mas eu não tinha idéia de quem ela recolheu aquele sangue na seringa, podia ser meu, de Tessa, sangue falso, eu realmente não sabia.
- Sabe de quem é esse sangue Maxinho?- Ela perguntou.
- Eu tenho cara de vidente ou coisa do tipo?- Rebati, ela riu.
- Que grosseiro.- Ela disse, mas logo ficou séria.- Olhinhos claros, esse sangue é seu, recolhi ontem à noite enquanto você dormia.
- E por que eu não senti ou escutei nada?- Perguntei desconfiado.
- Porque eu dopei vocês dois, cabeçinha de vento!- Ela deu um tapa na minha cabeça.- Eu sabia que os resultados podiam dar alterados mas eu sou muito esperta para me dar ao luxo de não fazer essa pesquisa.- Ela sorriu, balançei a cabeça negativamente.
- O que queria com o meu sangue? Por que essa pesquisa? E por que justamente eu como seu cobaia?- Perguntei.
- Porque você é um "Sparks"! Seu molequezinho tapado!- Ela se irritou, eu só dei de ombros.
- Isso não muda nada.- Eu disse indiferentemente, ela revirou os olhos como se já estivesse tentando me explicar alguma coisa há muito tempo.
- Maxinho, você não reparou quando leu os diários? Vocês sempre são "Imunes", Kimberly quis matar Leslie quando ela atirou nela por causa do temperamento forte da primeira epidemia mas não haviam dúvidas de que ela seria uma "Imune", os rastros foram deixados, Lydia era uma "Imune" assim como a mãe, e agora você, gerações depois das duas epidemias mais mortais que já existiram, o descendente de uma princesa que renunciou o seu trono para vir morar aqui, parece uma atitude de uma "Esquizofrênica"? Ou "Hemorrágica"? Ou até "Assassina"? Você, o descendente, na mesma epidemia, e "Imune", como a sua dinastia sempre foi, acha que é só mais uma coincidência patética? Você tem alguma noção do que o seu sangue significa?- Ela disse como se estivesse com raiva de mim.
- Como sabe de tudo isso?- Perguntei.
- Porque um dos seus priminhos descuidados deixou duas das cópias caírem no chão em Liverpool, os meus cidadãozinhos são leais.
- Convincente.- Baixei o olhar.
- Sabe quantas pessoas no planeta conseguiram essa façanha?- Ela me perguntou.
- Não tenho idéia.- Respondi.
- Uma; Você.- Eu volte a olhar para ela, aquilo já estava ficando muito estranho, eu não sabia o que ela queria dizer mas eu sabia que era importante.
- Como sabe de tudo isso?- Enrolei, ela me deu um tapa no meu rosto com força.
- Eu sou um computador sua coisinha retardada!- Ela exclamou.
- Que violência, que eu saiba você é minha tia não minha mãe.- Fiz piada, ela bufou e deu um sorrisinho, logo depois pegou uma adaga e pressionou a lâmina contra o meu pescoço, engoli em seco, mas continuei olhando para ela firmemente.
- Eu vou te perguntar mais uma vez olhinhos claros, você tem alguma noção do que o seu sangue significa?- Ela me perguntou.
- Se eu soubesse provavelmente já teria jogado na sua cara, não é?- Perguntei em tom desafiador, ela gargalhou.
- Que bom que você não sabe.- Estranhei mais ainda, ela saiu da cela.
- Pelo visto o seu sangue é bem raro.- Tessa fez piada, eu sabia que ela só estava fingindo dormir, afinal Era não sabe falar baixo.
- É...acho que é, mas eu sei que o que ela quer com o meu sangue não pode ser bom.
- Hyers, ela está escondendo alguma coisa de você.- Tessa afirmou, assenti.
- Sei disso, se eu conseguisse descobrir o que é as coisas ficariam bem mais fáceis.- Eu suspirei.
- Não forçe a barra Hyers, sabe que vai conseguir mas deve fazer uma coisa de cada vez, tem muita coisa para resolver e pensar e isso está fazendo a sua cabeça doer e girar, mas tente focar primeiro em como vamos sair daqui.- Ela sugeriu, sabia que eu estava me sentindo um trouxa por ter caído no truque de Era.
- Eu sei exatamente como nós vamos sair daqui, só que as circunstâncias não colaboram, entende? Está tudo dando errado!- Me exaltei um pouco.
- Sem pessimismo Maximus, levanta.- Ela disse.
- Por que?- Perguntei sem entender.
- Levanta logo seu frouxo.- Ela sorriu, revirei os olhos e me levantei.- Agora jure que vai parar de ser tão babaca, que vai lutar e não vai fraquejar.- Ela disse tentando bancar a mandona.
- Que seja, eu juro que vou parar...
- Não! Jure direito, como se fosse muito importante.- Ela exigiu.
- Sério isso?- Perguntei franzindo a testa.
- Ou você fala ou vou ter que quebrar o seu braço.- Ela disse em tom irônico.
- Isso é chantagem.- Eu disse.
- Não perguntei o que é, anda, até parece que a sua boca se cansa de falar.- Ela riu um pouco.
- Certo, eu, Maximus Sparks Hyers, juro diante da chata, irritante, reclamona e agressiva Tessa Lacey Bloodwell que vou parar de ser tão babaca, que vou lutar e que não vou fraquejar. Está bom assim?- Perguntei quase rindo de mim mesmo.
- Melhorou muito, mas é um juramento, vai ter que cumprir! Se não eu vou quebrar os seus dois braços.- Ela disse fazendo o número dois com as mãos.
- Qual é isso é uma espécie de chantagem para me humilhar.
- É uma técnica, você ri enquanto está fazendo uma coisa séria, além disso, já começou a ser babaca de novo.- Ela disse.
- Qual é, você é psicológa ou é nerd assim mesmo?
- Me chame de nerd de novo e eu quebro o seu pescoço Hyers.- Tessa disse.
- Ok, foi mal.- Eu levantei as mãos, ela ficou séria de repente.
- Eu preciso te dizer uma coisa.- Ela disse.
- Que você vive de TPM? Disso eu sei.- Ironizei, ela deu um soco no meio do meu nariz, ardeu um pouco e meu nariz começou a sangrar.
- Sem essa, babaca, agora dá pra você me escutar? É sério!- Ela disse.
- Calma aí, que estresse.- Eu ri, ela deu um sorriso por me ver rindo, mas logo segurou o meu rosto.
- Olha para mim ok?- Ela disse.
- Tem como não olhar?- Perguntei, ela sorriu e corou, logo levantou a manga da blusa e vi que havia um aparelhinho piscando grudado no braço dela.
- Isso é um mini rastreador de longo alcance? Tess aonde conseguiu isso?- Perguntei.
- Eu sabia que você ia se meter em encrenca mas eu vim preparada, tenho um fone escondido e ligo para a minha mãe sempre que posso.
- Já te falei que você é foda?- Perguntei.
- Não precisa, eu já sei.- Ela lançou um olhar superior para mim.
- Só tem um jeito de curar essa merda chata de convencimento.- Sorri maliciosamente.
- Não tem cura, é a verdade, já viu remédios pra franqueza?-  Ela perguntou, levantei as mãos.
- Dois, na verdade.
- Se você encostar em mim está perdido Hyers!- Ela ameaçou.
- Hã? O que você disse? Não entendi, foi mal mesmo.- Começei a fazer cócegas nela, ela riu.
- Sai!- Ela gritou enquanto ria, logo depois pegou um travesseiro e jogou em mim.
- Mas que casal mais fofo.- Eu ouvi uma voz familiar, olhei para trás e vi Cassie parada na porta...