-...Me conta, o que está acontecendo?- Ela me perguntou se sentando no chão, fiz o mesmo.
- O que já aconteceu: Era.- Respondi mesmo que estivesse um pouco desconfiado.
- Ah...Erika Sanderson, sei bem o que aquele demônio é capaz de fazer mas não entendi bem o que quis dizer, Jeffrey e Deborah a mataram e acho que sabe disso então como ela poderia ser seu problema?- Kimberly me perguntou.
- Tiveram duas líderes quando a terceira epidemia começou Jessie e Cassie, as Geminis. Ambas conseguiram fazer células gêmeas às de Era e colocar elas em um dispositivo, e aí Era meio que "ressucitou" como um robô.- Expliquei, ela franziu as sobrancelhas.
- Mas isso é...
- Terrível?
-...Uma droga.- Ela completou, eu sorri.- E o que pretende fazer?- Ela perguntou.
- Não sei.
- Quer um conselho?
- Qual?- Dei de ombros.
- Pense no que pode fazer para vencê-la, ache o dispositivo, sabe que só vencerá ela assim e não adianta desconfiar de mim.- Ela disse, baixei o olhar.
- Desculpe é que eu tenho uma dúvida...você é mesmo humana?- Perguntei, ela deu risada.
- O que?- Ela continuou rindo e eu não entendi.- Maximus eu morri há quase duzentos anos, é claro que eu não sou humana.- Ela respondeu.
- Então como você parece tão humana?- Perguntei.
- Eu sou uma materialização do seu subconsciente, provavelmente Era fez isso mas ela com certeza não sabe que eu estou aqui.- Ela respondeu.
- Então basicamente eu tô no meu subconsciente?- Perguntei.
- Mais ou menos, é complicado...a questão é que você precisa deter Era antes que as coisas piorem.
- Eu tô tentando.
- Tente mais, você precisa de um golpe certeiro Maximus, o seu tempo está acabando e as coisas vão se dificultar. Eu conheço Era, ela gosta de jogos, então sejam o jogo que ela precisar que vocês sejam, a morte tem que partir de quem ela menos imagina, alguém que ela ame e tem que ser rápido.- Ela disse, pensei um pouco.
- Existem dois, Igor e Oliver.
- Ela ama esses dois?
- Acho que ela ama mais Oliver do que Igor.
- Então é dele que vocês precisam para vencer Era.- Ela disse.- Escute Seline Howard Coy, conte o seu plano a ela e calcule todas as probabilidades de dar certo, ela tem um sexto sentido poderoso.
- Como sabe disso?- Perguntei.
- Eu tô na sua mente. Dá pra confiar em mim?!- Eu baixei o olhar novamente, ela suspirou e levantou meu queixo.
- Maximus...você é meu descendente, sangue do meu sangue, a cura que eu não pude ver no início, o conserto para o meu erro. Pensa na sua mãe, no seu pai, na Trinity...
- Meus pais estão mortos, minha irmã é a única que eu tenho agora.- Eu disse, segurei a vontade de chorar que estava me corroendo.
- Meu pai matou minha mãe e se matou depois, meu irmão foi o único que me restou depois de seis anos.- Ela disse.- Não precisa de ódio, precisa fazer só o que é certo, tome as decisões certas, faça Miryam e Aldous sentirem orgulho de você.- Ela disse, eu abraçei ela.
- Obrigado tia Kimberly.
- Me chame de Kim.- Ela riu.
- Mãe?- Olhei para o lado e vi uma garota loira, ela usava um vestido branco.
- Lydia, quero que conheça o seu descendente, Maximus.- Kim disse.
- Você é o descendente da Taylor.- Ela deu um sorrisinho.- Você é lindo mas você é meio lerdo também.- Ela disse, eu ri.
- Lydia!- Kimberly a olhou de um jeito estranho.
- Que foi? Tô sendo sincera.- Lydia deu de ombros, de repente tudo começou a ficar mais claro, literalmente, como se estivesse amanhecendo, Kimberly olhou para o céu.
- Precisamos ir e você também.- Kimberly disse.
- Peraí o que?- Perguntei.
- É a vida, não pode ficar no seu subconsciente por tanto tempo...- Ela se levantou.-...Só prometa uma coisa. Não nos esqueça, tente nos manter vivas em sua memória, não esqueça suas raízes.- Ela disse, eu assenti.
- Prometo tia Kim.- Eu disse, ela sorriu e me deu um beijo na testa.
- Você é um bom menino Max, vai conseguir vencer Era.- Ela sorriu, segurou a mão de Lydia e saiu correndo.
- Espera, tia Kim?- Elas me ignoraram.- Tia Kim!- Do nada eu me levantei e estava em uma floresta, eu sabia que não estava mais no meu subconsciente.
- Max?- Ouvi uma voz conhecida, eu sabia exatamente quem era mas duvidei por alguns instantes.
- Tess?- Perguntei.
- Max!- Ela me abraçou.
- Como você tá aqui? Você foi embora.- Ela suspirou e se afastou, quando eu vi os olhos dela estavam castanhos.
- Kahlberg conseguiu.- Ela sorriu, segurei o rosto dela.
- Você é humana?- Perguntei.
- Sou.- Ela riu.
- Não estava aqui quando eu precisei, só porque queria ser humana?- Eu franzi a testa.
- Como assim?
- Já tá sabendo que o meu pai morreu?- Perguntei.
- Não...nossa Max, eu sinto muito mesmo.- Ela disse.
- Sente? Eu precisava de você Tessa e você simplesmente fugiu e me fez parecer um otário.
- Hyers! Eu fiz isso porque foi preciso! Eu não podia correr o risco de matar alguém, eu tive medo de te matar.
- Teve? Mas não me perguntou se eu me importava de levar um tiro de você.- Eu argumentei.- Eu não me importaria Tessa.
- Mas eu me importaria! Deixa de ser egoísta Maximus, eu era uma ameaça, você não entende não é? Nunca experimentou a sensação de ser um louco que matou os próprios tios.- Percebi que eu tinha feito mancada, ela se levantou e saiu andando, eu me levantei e fui atrás dela.
- Tess.- Chamei.
- Vai se danar.- Ela disse.
- Tessa.- Segurei o braço dela, ela olhou para mim.
- Você está certa, eu pensei só em mim mesmo, você podia surtar e ferir alguém e eu só queria você comigo.- Eu confessei.
- Eu não disse que você tá errado, mas você me acusou do mesmo jeito como se eu não tivesse nem aí.- Ela disse, suspirei.- Sabe como foi duro pra mim ficar longe de você?- Ela perguntou.
- Desculpa.
- Eu que peço desculpas por te deixar sozinho.- Ela saiu andando.
- Princesa, deixa disso.- Eu provoquei.
- Já disse pra não me chamar de princesa!- Ela olhou para mim gesticulando, sorri.
- Agora melhorou.- Eu disse, ela cruzou os braços.
- Se pensa que pode melhorar qualquer briga com uma brincadeirinha e um sorriso está enganado.- Ela disse.
- Tem razão, ironia não resolve as coisas, mas conheço uma coisa que resolve.- Me aproximei dela, puxei ela pela cintura e a beijei com um sorriso malicioso na cara, eu senti falta daquilo, achei que não ia beijar ela por muito tempo mas não foi bem assim e aquilo me deixou mais feliz ainda.
- Maximus?- Ouvi a voz de Kahlberg dizer, Tessa se afastou e olhou para o chão.
- Senhor Kahlberg.- Eu ri.
- Precisamos ter uma conversa bem séria garoto.- Ele disse, levantei as sobrancelhas.
- Já até imagino.- Olhei para o chão.- É sobre o meu pai não é?- Perguntei, ele assentiu.
- Sinto muito mesmo, mas como sabe as coisas precisam continuar indo, você é o líder agora, já sabe o que quer fazer?- Ele perguntou.
- Mais ou menos.- Eu respondi.
- Venha comigo.- Ele parecia mais sério do que o normal, segui ele até uma barraca, havia um microchip lá e Dallas o pegou.
- Esse chip pode roubar a energia de qualquer dispositivo, incluindo Era, é só colocar e tocar no aparelho.- Ele disse, eu pensei por um tempo e sorri.
- Obrigado, agora já tenho uma idéia.
- Diga rapaz.- Ele sorriu.
- Entregaremos isso a Oliver, ele está do nosso lado, amanhã à tarde ele roubará a energia de Era e só precisaremos destruir o dispositivo matriz, sem dificuldade.- Eu disse.
- Boa idéia, só precisaremos lutar contra os Knights.
- Exato.- Afirmei, ele deu um sorriso.
- E não eram quatro ataques?- Ele perguntou.
- Se demorarmos muito ficaremos previsíveis.
- Que bom que está pensando com clareza mesmo após o ocorrido.
- Obrigado senhor.
Ficamos em silêncio por um tempo.
- Maximus, conheça Elisa, a irmã gêmea do bem de Era.- Uma garota loira idêntica a Era apareceu.
- Olá Maximus.- Elisa disse, me assustei um pouco.- Detectei espanto vindo de você, não precisa se assustar eu só quero melhorar os maníacos.- Ela disse.
- Quando Era morrer Elisa assumirá o comando dos maníacos...Graças à Eternity os maníacos se rebelaram.
- Como?- Perguntei.
- Um passarinho vermelho contou a eles que Era tinha a cura, todos estão sabendo disso.- Nós dois sorrimos.
- Onde estão meus primos?- Perguntei.
- Fogueira, perto do lago, a propósito, aquela Anahi parece uma garota legal, Luke e ela estão ficando.
- Esse cara tem o costume de acelerar as coisas.- Eu ri e saí andando, fui para a fogueira, se eu quisesse mesmo vingança daria errado para mim como deu para Era. Eu não tinha mais medo de errar, eu sabia que ela cairia.
De madrugada fui até a frente de Iron Empire e falei com Oliver, entreguei o microchip a ele, já tínhamos um plano, e eu tinha meus amigos, mesmo que meu pai e minha mãe não estivessem mais comigo, meus amigos ainda eram a minha família.
Depois que Oliver entrou eu peguei um canivete que trouxe comigo e fiz um corte grande na minha mão, esperei que ela tivesse sangue o suficiente escorrendo e marquei a parede com meu sangue, a marca da minha mão ficou lá.
Aquilo seria o final de tudo, nós iriamos matar Erika Sanderson e fazer um favor para a humanidade, eu estava sentindo aquilo.
Voltei para o acampamento e fui dormir, confiante e com a esperança de que as coisas finalmente iriam melhorar...
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Descendentes_Livro 3
Fiksi IlmiahMeu nome é Maximus Sparks Hyers, eu tenho dezenove anos de idade. Durante duzentos anos, maníacos (infectados quase 100% curados) e humanos viveram em paz, como se fossem um só, sem preconceitos ou julgamentos. Mas há alguns meses atrás, houve uma...