- Selma Lively?- Tessa perguntou, a mulher de cabelo rosa parou de consertar uma nave e olhou para nós, sua roupa estava bem suja de graxa e ela usava um chapéu.
- Eu mesma.- Ela disse.- Tessa Bloodwell, amiga da Clia, não?- Ela completou.
- É.
- E o garoto?- Ela perguntou, Tessa olhou para mim.
- Maximus Sparks Hyers.- Eu disse dando um sorriso.
- O moleque.- Ela riu.
- Selma, viemos aqui só para te fazer uma pergunta.- Eu disse.
- Na boa, sem enrolações, só vá direto ao ponto.- Ela respirou fundo.
- Queríamos saber se tem falado com Seline Howard Coy.- Tessa disse, olhei para as duas.
- A menininha misteriosa de nove anos? Falei sim, por que?- Ela perguntou de um jeito indiferente.
- Ela te disse alguma coisa sobre a "salvação"?- Fiz aspas com os dedos ao perguntar.
- Salvação? Mas que droga de papo é esse?- Ela debochou.
- Ela com certeza não é "S.L.".- Tessa afirmou.
- Pelo menos tentamos.- Eu disse.
- É sério, que papo é esse?- Ela insistiu na pergunta.
- Meio sigiloso Selma, não sei se entenderia.- Ironizei.
- Não vai entender quando eu meter a mão na sua cara seu moleque.- Ela ameaçou.
- Ei!- Tessa exclamou.- Só quem pode "meter a mão na cara dele" sou eu, então ficamos por aqui.- Ela disse, Selma bufou e voltou a consertar a nave.
- Idiotas.- Ouvi ela resmungar, me virei entediado com a tentativa dela de parecer no mínimo autoritária e mostrei o dedo do meio, Tessa se controlou para não começar a rir.
Saímos do hangar e fomos andando pelas ruas do Force Field, "S.L." já estava na minha cabeça, e por algum motivo eu sentia que precisava saber, talvez por curiosidade.
- Tess, eu acho que vou sair para pensar um pouco, preciso respirar ar puro.- Eu disse.
- Tá, tudo bem.- Ela disse, ela tinha o controle da fenda de passagem do Force Field, então ela abriu para mim, eu fui até perto do bosque e fiquei lá encostado em uma árvore, eu fechei meus olhos."- Maximus, Trinity? Venham!
- O que foi mamãe?
- Pare e sinta, não é bom sentir o vento? ver essas árvores, ouvir esses pássaros cantando, ajuda a refletir sobre como a vida é linda.- Ela sorria o tempo inteiro, e Trinity só estava confusa e eu quieto.
- Mas e se um dia as pessoas morrerem, ainda vai ser lindo pensar nessas coisas mamãe?- Trinity perguntou.
- Quando eu morrer a primeira coisa de que vou me lembrar vai ser de vocês, eu amo seu pai mas vocês...são a minha vida...quero que prometam que um dia, quando sentirem o vento vão lembrar de mim, aqui e agora.
- Prometemos mamãe...Isso foi três dias antes do acidente, como se ela sentisse que ia morrer."
Eu ainda me lembrava da minha mãe, eu minto sobre ela o tempo todo para as pessoas, mas quando ela morreu eu tinha oito anos, eu nunca fui uma criança burra, Trinity ficou arrasada, ficou rude e grossa por um tempo, mas passou quanto a mim? Ela me disse uma vez que quando se sente alguma dor, primeiro você chora, depois você sorri, acho que a ironia é uma forma de sentir que eu estou feliz, eu sabia que deveria estar pensando no "S.L." mas toda a vez que eu me lembrava daquele dia eu não conseguia pensar direito sobre mais nada.
A única que estava na nave com ela era Trinity, a asa colidiu com um prédio depois que o piloto perdeu o controle e foi suficiente para que a nave caísse, Trin foi uma das únicas que sobreviveu, disseram que foi um milagre mas a minha mãe não resistiu, meu pai já bebia antes da morte dela, e depois passou a beber mais ainda.
Às vezes parece que um momento pode mudar a sua vida inteira.
Ouvi um barulho estranho dentro do bosque, era de uma pessoa gemendo de dor, logo depois ouvi passos, eu peguei o canivete que sempre tenho comigo e começei a seguir o som das folhas se mexendo no chão, eu ia andando em passos leves tomando cuidado para não fazer barulho, meu coração disparou, eu tentava controlar minha respiração, mas a medida que eu chegava mais perto do som tinha medo do que eu podia ver ou de quem poderia estar lá, eu sabia que podia ser uma armadilha mas eu não ligava, eu só arrisquei.
Finalmente cheguei ao lugar de onde o som de folhas vinha, eu vi um maníaco, um soldado do Force Field, ele estava morto, e Ruddy bebia o sangue dele, mas o que...Evangeline disse que ele não faria mal a ninguém, e eu confiei nela por ela ser humana, eu só posso ser um grande retardado mesmo, quando Ruddy percebeu que eu estava ali ele se afastou e ficou me olhando, com o rosto sujo de sangue.
- Maximus?!- Ele perguntou confuso, apontei o canivete para ele.
- Seu desgraçado.- Eu disse, ele levantou as mãos.
- Eu posso explicar tudo, só não me mata, por favor.- Ele pediu.
- Disse que podiam se controlar, seu merda! Fez todos de palhaços, até a Eva mentiu por sua causa!- Esbravejei.
- Ela não mentiu, nós não mentimos, "Vampiros", "Canibais", eles podem se controlar, podiam.
- Como assim podiam?- Perguntei, eu tremia de raiva, se tem uma coisa que eu odeio é quando me fazem de otário, ele pareceu assustado.
- Eu não sei o que está acontecendo comigo cara, eu não sei, parece que eu estou enlouquecendo, a sede é muito forte, eu...eu quis o sangue da Eva hoje, eu não podia matar a Eva mas eu também não consegui me controlar, está ficando impulsivo.- Ele começou a dizer desesperado, emtendi o que tinha acontecido.
- Ruddy, quando isso aconteceu?- Perguntei.
- Hoje de manhã quando eu acordei.- Ele respondeu, suspirei.
- Me dá um bom motivo para confiar em você cara.- Eu disse.
- Eu podia ter matado você e bebido seu sangue quando você me viu, eu não vou negar, eu quero beber o sangue de vocês, mas vocês são meus amigos, eu não posso fazer isso com vocês, não com vocês.- Ele disse, no mínimo convincente o suficiente.- Não diz isso para ninguém.
- Vou precisar dizer para uma pessoa...Ruddy você não tem idéia do que está acontecendo com você.- Eu disse.
- O que?- Ele perguntou.
- A primeira e a sexta fase evoluíram, e a sexta não evoluiu para melhor...droga, você vai ter que esconder esse corpo, se Dux souber disso vai matar você, quando fizer isso, vamos para o laboratório, Yuri precisa saber disso...
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Descendentes_Livro 3
Science FictionMeu nome é Maximus Sparks Hyers, eu tenho dezenove anos de idade. Durante duzentos anos, maníacos (infectados quase 100% curados) e humanos viveram em paz, como se fossem um só, sem preconceitos ou julgamentos. Mas há alguns meses atrás, houve uma...