O plano dos quatro

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Naquele dia, logo depois do treino com Ashcroft, Tessa e eu elaboramos um plano, nós sairíamos e faríamos como Era fez na chacina, quatro ataques, e cada um de nós vai comandar um deles, meu pai, Zella e meus primos insistiram para que eu planejasse o primeiro ataque, não tinha como contestar, principalmente com Zella, então eu planejei o seguinte: Coy me disse que ainda tinha como chegar em Iron Empire pelos subterrâneos sem sermos vistos, e a "Auxiliadora" iria colaborar com o plano; Seríamos divididos em quatro esquadrões, o de Luke vai ser o responsável pela entrada naquele covil infernalmente bosta, o de Liam vai dar cobertura, o de Eternity iria atirar e procurar coisas, o meu iria tentar acertar alvos importantes, cada esquadrão tem trinta soldados, trinta e um com os líderes, somos isso, não somos um grande exército como o de Courage ou os Knights de Era mas somos um número bom para quem corre o risco de morrer.
Não demorou muito para que planejassemos tudo, passamos semanas treinando e fico feliz de dizer que não sou mais dez por cento merdinha, é minha habilidade de combate de combate agora é de cem por cento, não significa que eu fiquei bombadão significa que eu não sou mais tão otário em combate, aliás, sou otário por natureza mas que se dane.
Sairíamos ao amanhecer, eu estava apenas arrumando minha mochila e preparando minhas armas para o primeiro ataque.
- Maximus?- Ouvi a porta ser aberta sem batidas, não precisava, era meu pai, ele entrou e eu olhei para ele.
- Pelo visto está quase pronto para amanhã não é soldado?- Ele sorriu, eu já tinha tomado um banho e tinha arrumado quase toda a enorme mochila.
- Acho que é o que parece pelo menos.- Ele ficou em silêncio, como se estivesse se preparando para dizer alguma coisa.- Precisando de alguma coisa pai?- Perguntei.
- Na verdade eu só queria ter uma conversa com você filho.- Ele respondeu, estranhei um pouco.
- Eu vacilei com alguma coisa? É que geralmente quando fala essas coisas eu dei mancada ou aconteceu uma coisa bem séria, qual dos dois é?- Perguntei desconfiado, ele riu, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.
- Nenhum dos dois.- Ele me respondeu.
- Então o que é?- Perguntei.
- Um pai não pode querer simplesmente conversar com o filho?- Ele rebateu, semicerrei os olhos.
- É que parece estranho para alguém como você...pai.- Eu disse.
- Eu só queria dizer que sinto falta da sua irmã, sinto muito a falta dela e acho que sabe disso, mas Maximus, Trinity já é um passado, o único que realmente importa para mim agora é você filho.- Ele disse, eu fiquei calado, por não saber o que responder.- Claro que eu não fui o melhor pai do mundo mas filho, não importa quantas vezes eu seja arrogante ou coisa do gênero, mas você sempre será meu filho e eu sempre serei o seu pai.- Ele disse.
- Da última vez que me disse uma coisa dessas uma coisa ruim aconteceu, como vou ter garantia de que vai ser diferente agora?- Perguntei.
- Não tem garantia, essa é a graça.- Ele sorriu e saiu do quarto sem dizer mais nada, não entendi, voltei a arrumar a minha mochila.
- Não deveria ser tão duro com seu pai.- Ouvi a voz de Tessa.
- Você entrou agora?- Perguntei.
- É.- Ela respondeu, eu suspirei.
- Maximus, você tem estado tão preocupado ultimamente, sabe que pode me dizer o que é.- Ela disse, eu tinha certeza que podia contar, mas tenho a mania de guardar as coisas para não parecer mais um idiota fraco.
- Eu tenho medo...não de Era, não de Igor, não de Courage ou da droga toda do exército deles, eu tenho medo de não estar preparado o suficiente.- Confessei.
- Por que teria medo Max? Sua habilidade de combate é de cem por cento, você está preparado.- Ela me encorajou.
- Não é só isso, tenho medo de que alguém morra e eu não consiga fazer nada, que nem aqueles covardes que não conseguem dar a vida para tentar salvar um amigo por medo.- Continuei.
- Você não é um covarde Maximus, vamos conseguir tá bom?- Ela tentou me acalmar, olhei bem nos olhos dela, ela não desviou o olhar.- Se lembra do dia em que você ligou para Aldous quase chorando porque a Trin havia morrido? E que ficamos debaixo de uma árvore contando nossos segredos um para o outro?- Ela me perguntou.
- Lembro.- Eu disse.
- Vamos fazer a mesma coisa, contar um segredo que não temos coragem de contar para outra pessoa, aqui e agora mesmo.- Ela sugeriu.
- Tá bom, eu beijei a Brynne ontem.- Brinquei.
- Como é que é?!- Ela perguntou, eu começei a rir.
- Relaxa.- Eu disse rindo, ela me deu um tapa.
- Vai se ferrar Hyers!- Ela riu.
- Que foi, não está pronta pra lidar com um namorado infiel?- Ironizei.
- Nem com amigas falsas.- Ela acrescentou.
- Acho que estamos fugindo do foco não é?- Perguntei.
- Estamos e eu vou ter o prazer de ser a primeira a me pronunciar.- Ela disse.
- Só não vá fazer um discurso de duas horas, por favor.- Sorri e ela também.
- Temos um medo em comum Hyers, pelo menos isso.- Ela disse.
- Do que está falando?- Perguntei.
- Tenho medo que as pessoas que eu amo morram nessa batalha, tenho medo de fracassar, com você, minha mãe, seus primos, Coy, Brynne...eu já me apeguei muito a todos.- Ela disse, segurei a mão dela.
- Bom, acho que já estou no penúltimo ponto e que estamos juntos apesar de tudo, bem além desse infinito, então acho que tenho autoridade para te dizer: Tess, se você fracassar eu não tenho medo de fracassar do seu lado, mesmo que eu não tenha feito nada.- Eu disse, ela sorriu e me abraçou.
- Eu te amo.- Ela sussurrou.
- Pode repetir? Agora mais alto por favor.- Brinquei.
- Eu te amo Hyers!- Ela exclamou e riu.
- Também te amo, Lacey.- Eu disse no mesmo tom de voz.
- Não me chame de Lacey.- Ela disse.
- Então vai ter que me chamar de Maximus a partir de agora.- Eu disse.
- Tudo bem Maximus.- Ela debochou.
- Tessa.- Foi só o que eu disse, peguei o cabelo dela e joguei para trás de seu ombro.- Temos duas opções, ficamos aqui conversando e arrumando essa mochila ou dormimos aqui sem preocupação se Eny, Luke ou Liam vão nos julgar.- Cochichei no ouvido dela.
- E a sua mochila?- Ela perguntou, fechei o zíper da mochila e sorri.
- Não tô a fim de terminar.- Dei um sorrisinho, peguei um controle e apertei um dos botões, uma divisória se levantou do chão e o quarto ficou como um só.
Ela levantou as sobrancelhas.
- Você não presta Hyers.- Ela disse.
- É, eu sei, genes ruins.- Eu disse sarcásticamente, Ela riu e se deitou ao meu lado, foi naquele momento que eu percebi que não podia existir outro cara mais feliz com uma garota nesse mundo...

Descendentes_Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora