Capítulo 2 - Na cor Das Chamas

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— Esme...

Sinto alguém me balançando para que eu acordasse, então vou abrindo os olhos devagar. O que havia acontecido? Eu não sei, e acho que com o que lembro posso ser considerada louca. Minha cabeça estava pesada e meus olhos se recusavam a abri-los.

— O que aconteceu? — Murmuro sentindo minha garganta arder. Forço minha visão e reparo que meus pais adotivos e Melissa me olhavam preocupados.

Minha cabeça martela como um pêndulo de um relógio inglês.

— Nós que te perguntamos! O que você fez pra dormir durante três dias?! — Mary indaga furiosamente em um tom exaltado. Dou um pulo da cama fazendo com que minha cabeça rodasse e fizesse meu corpo cair em cima da cama.

— Três dias?! — Indago em sobressalto.

Eles me olhavam como se não entendessem nada o que estava acontecendo. Nem eu estou entendendo, queridos...

— Três dias, Esmeralda. Três dias... Três dias! — Robson repetia incrédulo. — O que você fez? — Indagou cruzando os braços em gesto de questionamento obrigatório. Parece que estou em um quartel de uma base extremamente rígida.

— Eu não fiz nada!

— Então como explicam você ter ficado apagada três dias?! – Ele grita.

— Eu não sei! – Grito em resposta. — Se não acredita, ótimo! Engulam suas hipóteses absurdas!

Todos se calam e me olham com perplexidade e confusão estampadas em suas faces. Saiu do quarto em disparada. Já era 19h00min, ainda estava cedo o suficiente para que pudesse sair para clarear a mente. Eu queria entender o meu comportamento tão estranho, mas não sei o que houve. Eu apenas estava estressada, e até mesmo assustada pelas hipóteses absurdas que eles deviam estar pensando sobre mim nesse instante. Tirei minha moto — sim, eu tinha uma, presente de dezesseis anos —, e sai em alta velocidade pelas ruas movimentadas da cidade pequena.

Acabaria levando uma multa mesmo sem ter habilitação.

Eu sentia o vento balançar as ondas do meu cabelo que estavam por fora do capacete. As luzes dos postes coloriam a noite. Era como se fosse a grande cidade de Las Vegas em tamanho reduzido. Paro a moto em um calçadão de uma praia e desço da mesma indo em direção a areia fria e úmida da praia. O clima estava meio frio, o que deixava tudo mais tranquilizante. Sento-me numa pedra logo a beira do mar e observo as águas enquanto refletiam a luz da lua em suas ondas altas. Onde estaria minha família?

— Sozinha?

Levanto-me assustada e olho em direção de quem estava falando. Para minha surpresa era o mesmo rapaz que havia visto no colégio logo depois da prova. Ele era forte, mas nada exagerado tinha cabelos ondulados, com um comprimento maior à frente, os mesmos eram escuros e sua pele lembrava o café com leite.

— Isso estaria longe de seu interesse. — Reviro os olhos e vou caminhando pela areia da praia rapidamente, com medo de que me seguisse. A minha sorte que guardava um spray de pimenta.

Olho para trás e reparo que não estava mais me seguindo, o que fez um alívio imenso percorrer meu corpo.

— Louco. — Murmuro virando-me para frente e me dando de cara com ele novamente.

— Vou considerar como um elogio. — Ele sorri maliciosamente.

— Me deixe em paz! — Digo aos berros e corro em direção a minha moto colocando com rapidez o capacete e dando a partida, porém sinto uma mão em meu ombro.

Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora