Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)

Capítulo 24 - Exigência de uma Sombra

— Promessas costumam ser dívidas caras.

— Estou disposto a correr este risco. — ele desviou o seu olhar e o direcionou à porta que levava para uma sacada.

— Vamos, não quero ver Donnovan irritado. — estendeu a sua mão para mim, e logo a segurei.

— Existe alguma vez que ele não esteja de mau-humor? — brinquei.

Ethan dá uma gargalhada e me olha com um olhar brincalhão.

— Ele não se chamaria Donnovan se não estivesse sempre de mau humor.

— E o que o nome tem a ver?

— Guerreiro Negro. O nome dele significa Guerreiro Negro. — responde. — Achei que fosse inteligente o bastante para saber. — provocou.

— Não sou nenhuma historiadora para saber disso. — retruquei.

Ele sorriu revelando pela primeira vez suas covinhas.

— Segure-se. — alertou enquanto virava-se de costas e segurava os meus braços, puxando-me para cima de suas costas.

— Não vai me soltar como da última vez, não é? — indaguei insegura.

— Confie em mim, não faço isso. Não mais.

Ethan deu alguns passos e olhou a escuridão da noite que vinha aumentando cada vez mais pela sacada bem esculpida.

— Preparada para o que breve vier? — indagou por cima de seus ombros.

— Sempre.

Como se não estivesse em suas costas, Ethan faz um impulso próximo à sacada e se posiciona de pé em cima da mesma.

— Segure firme. — alertou mais uma vez.

Segurei com firmeza o meu pulso, fechando os olhos e sentindo algumas pequenas mechas de seu cabelo baterem suavemente em meu rosto quando pulamos.

Pêlos negros surgiram entre minhas mãos e um grunhido saiu de seu peito. Asas começaram a bater em sincronia com o vento enquanto seu corpo camuflava-se a noite, sendo iluminado pelo brilho das luas de Sekret.

~~.~~

— Achei que não havia entendido que odeio atrasos. — Donnovan falou com frieza ao nos ver chegando ao Vale das Sombras.

— Não enche o saco, tá legal? — reclamei sem ter a mínima intenção de irritá-lo. Ótimo, Esmeralda. Esta virando rebelde... Parabéns pelo regresso.

— O que disse? — seu tom era ameaçador, no entanto não mais que o seu olhar.

— Nada de importância. — respondi sem ao menos disfarçar o meu medo.

— Fez um bom trabalho, soldado Skyler. — Donnovan dirigiu-se à Ethan.

— Ethan, senhor. Skyler é o meu pai. — Ethan corrigiu com firmeza em sua postura e olhar.

— Muito bem, que seja. Espero que você seja um soldado digno como ele e não me desaponte. — falou em um tom rude.

— Espero o mesmo, senhor. — Ethan respondeu em mesmo tom de Donnovan.

— Vamos começar com o treinamento. Mas antes, fique sabendo, Esmeralda. — Donnovan se aproximou de mim calmamente, como uma presa em direção à sua caça ferida.

— Eu não tenho piedade como os treinadores de Sekret. — falou com seus olhos frios e cinzentos fincados aos meus.

— Não vejo problema. Não tenho medo. — arrisquei.