Estou numa floresta escura e até mesmo intimidadora, minha cabeça está pesada pelo cansaço que está em meu corpo.
A pedra dura e fria em minhas costas só faz a dor aumentar em meu corpo. Minhas mãos latejam assim como as minhas pernas e joelhos.
Encaro as minhas mãos que estranhamente estavam enfaixadas com um pano macio, branco e limpo. Em meus joelhos estão folhas, que deviam ter algum uso para ferimentos, elas estavam murchas, pareciam trituradas.
Olhei ao meu redor. A floresta é úmida, o que impede a entrada total de luz solar, o cheiro de terra molhada me trazia o pensamento que estava chovendo minutos atrás.
Exploro o local com o olhar, até enxergar um homem sentado em uma pedra com musgo um pouco distante em minha frente. Dou um sobressalto ao perceber quem era o homem. Onde está Renan?
— O que você quer de mim? — minha voz saiu em um tom rude demais, mesmo não sendo a minha intenção.
Donnovan sorriu, me encarando por entre seu cabelo ondulado em sua testa. Reparo rapidamente que ele era jovem, não devia chegar a mais de trinta e sete.
— Um obrigado seria uma coisa melhor a ser dita. — ele se levanta da pedra e vem andando a passos firmes em minha direção.
Estava com uma capa preta que escondia a sua armadura prateada, juntamente com o capuz jogado por cima de sua cabeça, o que chegava até sua testa.
Engoli a seco e apertei com uma das mãos doloridas a grama molhada ao meu redor.
— Um obrigado pelo quê? Você quase me matou na primeira vez que nos vimos. — o desafiei mesmo com o medo falando alto dentro de mim.
Uma gargalhada alta e intimidadora saiu de sua garganta. Donnovan se abaixou apoiando o seu peso em um dos joelhos fincados no chão, enquanto o outro apoiava o seu braço. Ele estava quase da minha altura, me encarando com seriedade e um sorriso frio em seus lábios.
— Devia esquecer a primeira impressão. — seus olhos estavam brilhando como duas estrelas com o brilho prateado da lua em si.
— Impossível. Afinal, por que me salvou?
Ele se levantou e olhou para cima e para os lados. Respiro fundo e forço para me levantar, me apoiando sentada na pedra que serviu de encosto para mim.
Eu estava me sentindo um caco.
— Eu não sei. — ele fala com uma frieza que me deu calafrios.
Donnovan caminha para o meio das árvores de troncos finos e altos que nos cercavam, entrando cada vez mais na escuridão.
— Não sabe? Quer tentar me matar de novo? — indaguei em um tom alto para que escutasse pela distância que nos separava. Mas logo me arrependi pela ameaça que escutei logo depois do nosso encontro.
Ele para de caminhar e me olha por cima de seus ombros largos e fortes. Seus olhos brilhavam e neles estavam a frieza e impiedade estampados.
Apesar do brilho, eles estavam opacos, como se não existisse vida dentro de si.
— Não me faça arrepender-me.
Um sorriso lateral brotou de seus lábios enquanto um vento forte soprou sua capa, transformando seu corpo em uma fumaça negra de seus pés a cabeça.
Ele desapareceu num piscar de olhos, literalmente como um vapor de um fogo, me deixando ali sem entender absolutamente nada do que havia acontecido.
~ ~ ~ ~
Já devia estar entrando pela tarde, meu estômago estava reclamando de fome. Infelizmente eu não tinha um relógio e o sol não estava ajudando com minha contagem. Deve ter uma hora que estou procurando Renan nessa floresta assustadora. A neblina é densa e o frio só aumentava.
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Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)
Fantasy(Revisado. Continuação disponível/Coração Selvagem.) Em Sekret, uma história está escondida e um segredo ronda até os cantos mais sombrios e encantados de suas florestas místicas. O trono precisa de uma herdeira, mas diante de sua necessidade, uma l...