Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)

Capítulo 23 - Uma Promessa

"Estar a beira da morte não é nada de bom. Sentir-se sozinho no seu último ofegar de vida não é acolhedor, é como um buraco negro que te puxa para longe de tudo que ama. De tudo que te ama. Você perde as esperanças, suas alegrias e tudo que tem de bom desaparece do seu alcance. Seus sorrisos não são nada mais do que uma simples curva em seu rosto que não simboliza nada."

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— Ela está acordando!

Meus olhos se abrem devagar. Minhas pálpebras doem e insistem em fechar os meus.

O sol de uma tarde reflete claramente nas janelas do quarto bem arrumado onde eu estava. As cortinas balançavam com a brisa do aroma de flores suaves e delicadas. Estava anoitecendo, e isso estava bem claro.

Meu corpo inteiro dói, minha garganta está seca e meus membros latejam de dor e cansaço. O que havia acontecido? Eu não me lembro ao certo, tudo parece um quebra-cabeça no qual eu não sei por onde começar a decifrá-lo.

— Como se sente? — uma silhueta magra, vestida de branco me indaga com suavidade aproximando-se de onde eu estou deitada.

— Péssima. Quem você é? — minha voz estava horrível, mas não podia esperar nada melhor depois do que havia ocorrido.

— Não está enxergando direito? — indagou na mesma suavidade.

Estreitei meus olhos e tentei fixar minha visão turva para a silhueta. Era a Melissa.

— Estou me sentindo estraçalhada como quem é atropelado elefantes tentando entrar nas olimpíadas. — Melissa ri com o meu comentário.

Minha visão aos poucos começa a melhorar e encaro aos que estavam no quarto — que não era o meu.

— O que aconteceu, filha? — minha mãe me pergunta sentando-se ao meu lado à beira da cama.

— Eu não lembro ao certo. Só...

— Kéffera fez algo para ela. Por algum motivo ela não gosta de Esmeralda. — Ethan entra rapidamente no quarto assustando a todas nós.

— Ethan? O que você está fazendo aqui? Sabe que é proibido. — reclamei com minha pouca força e voz.

— Vi o que aconteceu no campo de treinamento mais cedo, mas não pude intervir. — sorriu forçadamente e passou a mão em seus cabelos.

— Hum. — foi a única coisa que eu tive a dizer. Ele deveria ter tentado, talvez assim eu estivesse mais viva.

— O que a Kéffera falou, meu bem? —minha mãe indagou carinhosamente enquanto brincava com meus cabelos. Seu olhar refletia a preocupação intensa que só uma mãe tem mesmo com sua calma ao perguntar.

— Ameaças! Aquela mulher é uma bruxa! — Ethan explodiu respondendo por mim enquanto comprimia seus punhos.

— Bruxa... — murmurei em um tom tão baixo que nem eu escutei perfeitamente. Fazia sentido.

— O quê? — Melissa me olha com as sobrancelhas arqueadas em gesto de surpresa.

Todos os olhares dali atentam para mim. Até mesmo Scott que por fim manifestou sua presença ao entrar no quarto.

— Ela mencionou... Algo sobre isso... Eu não consigo pensar direito. — fechei os olhos a fim de aliviar a imensa pontada de dor que vinha chegando a mim.

Sinto uma mão pousar em minha testa e um calor percorrer todos os centímetros de meu corpo. Logo as dores se vão a um passe de mágica e uma vitalidade volta para mim.