Meu coração estava aos pulos, a dor corroia cada centímetro de meu corpo como um predador saboreando sua presa. Minhas lágrimas eram derramadas silenciosamente, enquanto soluços queriam sair de minha garganta.
— Não se assuste pequeno. Venha aqui. — ela dizia com carinho para Ethan enquanto o segurava nos braços, o mesmo tremia e seus olhinhos assustados estavam inquietos pelo local.
— Seja forte, meu pequeno Ethan. — ela o segurou a sua frente e beijou suavemente a sua testa.
As batidas na porta estavam cada vez mais forte, minha mãe colocou Ethan no chão, e voltou para me pegar novamente no colo, um pequeno sorriso sincero formou-se em seu rosto ao olhar para mim, aquilo me partiu ao meio ao ver suas lágrimas escorrerem juntamente com o sorriso.
— Você irá ficar bem, minha pequenina Esme...
— Venha, Ethan... — sussurrou enquanto ia em direção à janela apressadamente.
Fecho meus olhos, eu podia sentir sua respiração alterada em meu rosto novamente. Seu coração batia freneticamente, e seu peito subia e descia rapidamente, revelando a sua tensão.
Ela abriu as enormes janelas, e subiu em seu batente. Um pânico me tomou quando a vi jogar-se da janela.
O pequeno Ethan grunhiu baixinho, e olhou mais uma vez para a porta, inclinando uma de suas pequenas orelhas para ouvir o barulho. Foi então que virou novamente para a janela, e tomou impulso da mesma, até ver asas quase do seu tamanho serem abertas de forma rápida e delicada, então Ethan levantara vôo.
Corro em direção à janela e observo o que nunca havia visto. Minha mãe segurava-me com firmeza, enquanto asas de fogo a carregavam longe do chão. Uma pequena bolinha negra voava ao seu lado. Ele voava numa distância segura e em sintonia com a brisa, suas patinhas felpudas estavam curvadas para trás, seus pelos negros camuflavam-se à noite, seus olhos alaranjados refletiam o brilho da mais pura estrela perdida ao céu.
— Temos que voltar. — Ethan aparece do meu lado, sua expressão marcava a dor de um passado amargurado.
— Não. — falei com firmeza.
— Não?
— Vou com eles. — falei com um fio de voz, enquanto lágrimas brotavam devagar de meus olhos.
— Esmeralda, não pode...
— Droga, Ethan! Será que não entendeu que isso foi a dor de toda a minha vida?!
— Não acha que é difícil pra mim?! — indagou com fúria, encarando meus olhos com firmeza.
Calei-me. Olho novamente pela janela. Um pequeno ponto em chamas ia ao horizonte com velocidade.
— Tudo bem... Tudo bem... — murmurei em meio às pequenas lágrimas.
Ethan me puxa para um abraço cauteloso e confortável. Sua respiração estava tranquila, mas seu coração estava acelerado, seus braços me envolveram como um abraço protetor que nunca havia sentido em toda a minha vida. Afaguei meu rosto em seu peito, deixando as lágrimas desesperadas caírem em gesto de desabafo.
O vento estava frio, um clima de perda se espalhava pelo quarto, uma sensação de perigo ainda estava presente. Por algum motivo, as criaturas pararam de bater a porta, e agora nada era escutado a não ser o balançar suave das cortinas aos lados da janela.
— Se quer mesmo ver... Feche os olhos. Você irá para perto deles, e ao mesmo tempo estará comigo... Em segurança. — sua voz agora era calma, era pacífica.
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Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)
Fantasy(Revisado. Continuação disponível/Coração Selvagem.) Em Sekret, uma história está escondida e um segredo ronda até os cantos mais sombrios e encantados de suas florestas místicas. O trono precisa de uma herdeira, mas diante de sua necessidade, uma l...