— Nos conhecemos? — ele me fitava intensamente a espera de uma resposta. Seus olhos buscavam minha alma pela forma que me encarava, a frieza, o orgulho e a esperteza davam um brilho a mais em seus olhos amarelos.
— Você... Não é...
— Não, não sou o tal Renan, embora pareça.
— Como sabia...
— Sei de muito mais que imagina. Aconteceu algum problema?
— Nenhum problema, agradeço pela preocupação. — levanto-me do chão e passo por ele até sentir uma mão em meu braço.
— Espere. — ele fala sem direcionar seu olhar para mim.
— O que você quer? Me solta. Já disse que estou bem.
— Não por muito tempo.
Solto o meu braço de sua mão e ando o mais depressa possível por aquele corredor iluminado somente pela luz da lua. Será que ele é alguém que tem parentes daqui? O que ele queria dizer com aquilo?
Ando mais depressa e vou à direção do meu quarto a procura de algum aconchego, mas eu sabia mais que qualquer um que não seria tão simples assim. Entro em meu quarto e fecho a porta vagarosamente permitindo que pensamentos turbulentos preencham a minha mente com péssimos pensamentos, não havia outra opção de pensamento, não havia esperanças de que algo pudesse melhorar ao meu favor.
Deixo meu corpo deslizar pela porta retalhada de madeira branca do meu quarto enquanto meus membros se enfraqueciam como quem está numa batalha há muito tempo e não aguenta mais ficar na mesma, permito meus braços caírem ao meu lado, pesados como quem está no cárcere de tortura com pesos de ferro. Como quem tem a saída à sua frente, mas o peso não lhe permite sair dali.
— O que eu faço agora? — pensei.
Minha cabeça rodava ao redor da confusão que eu estava vivendo, ou a confusão rodava ao meu redor. As árvores balançavam-se calmamente a frente da sacada de portas espelhadas do meu quarto, permitindo que o luar atravessasse apenas as brechas de seus galhos inquietos, o som suave de folhas chacoalhando invadia meus ouvidos como tentativa de paz.
Mas nada me traria paz. Não até as coisas não se arrumarem.
~~.~~
— Esmeralda!
Acordei assustada com as batidas frenéticas em minha porta me despertando do meu único e curto momento de calma, levanto-me vagarosamente e caminho em direção à porta pronta para gritar com quem quer que esteja batendo tão cedo.
— Escuta aqui, quem você...
— O rei, Esmeralda. Está atrasada! - bufou.
— Perdão, majestade. Achei que fosse outra pessoa. — senti minhas bochechas ruborizarem pela forma que o tratei.
— Tudo bem, não esperava que me tratasse de outra forma sendo quem você é.
Suas palavras entraram em mim como adagas envenenadas com um veneno mortal que não possuía antídoto. Minha fala desapareceu de minha mente e minha boca se abriu em gesto de perplexidade, mas eu só fiquei ali. Parada. Quieta. Sem ter nada como reação.
O rei me olhou com uma frieza que ele nunca havia me lançado e virou suas costas para mim, me deixando plantada e abatida. Será que sou um problema para todos que estão aqui?
— Lhe aguardo no salão principal e nem ouse se atrasar.
Ele alertou enquanto desaparecia do meu campo de visão, deixando pequenas e duras lágrimas saírem do lugar mais profundo de meu peito.
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Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)
Fantasy(Revisado. Continuação disponível/Coração Selvagem.) Em Sekret, uma história está escondida e um segredo ronda até os cantos mais sombrios e encantados de suas florestas místicas. O trono precisa de uma herdeira, mas diante de sua necessidade, uma l...