Capítulo 5 - A inocência de Um Lobo

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— Esmeralda! — Eu podia escutar Ethan gritando em minha mente. Meus olhos estavam abertos debaixo do mar, no entanto, não estavam ardendo. Meus cabelos agora ruivos estavam espalhados ao meu redor.

Eu não podia me mover, na verdade, eu não conseguia. Ela me encarava com seriedade e frieza, como se quisesse encontrar minha alma onde quer que ela tivesse dentro de mim. O mar era tão profundo que não havia mais nada debaixo dos meus pés a não ser a imensidão escura e assustadora sem luz solar suficiente.

Mais sereias como aquela apareceram então sussurros foram iniciados. Sussurros suaves, mas assustadores. Elas me cercavam, eu sentia meu corpo totalmente imobilizado por algo desconhecido. Seus olhos negros ainda me encaravam enquanto aproximava-se. Meu fôlego não era um dos melhores, e já estava dando por falta dele.

— Esmeralda, não olhe para elas! — Mais uma vez Ethan me alertou.

Fecho os olhos devagar até que sinto unhas afiadas segurarem meus braços, então que abri os olhos pelo susto que havia tomado. Pelo menos cinco delas estavam bem próximas de mim e os sussurros estavam se tornando gritos em uma língua estranha. Eu não entendia tudo o que falavam pela velocidade, e outras vezes pela língua falada. Elas estavam se aproximando cada vez mais e seus olhos negros me assustavam a cada centímetro de distância reduzido. Um grito agudo foi escutado fazendo meus ouvidos zumbirem de agonia. Fecho os olhos pela dor que corroia meus tímpanos até que consegui me mover, então comecei a me debater lutando pela vida.

Elas seguravam minhas pernas e braços. Eu me debatia com todas as minhas forças, mas estava sendo em vão. Eu já estava desistindo. Os gritos eram dolorosos e suas unhas machucavam meu corpo. Fora que o meu fôlego estava quase no fim.

Até que um vulto enorme negro mergulha rapidamente. Ethan. Seus olhos alaranjados e selvagens como de uma criatura mística me encaravam com preocupação, seu olhar ficou fixo em mim. Até o momento, as sereias — ou podemos chamá-las de bruxas canibais —, não haviam reparado na sua presença, então Ethan mergulha, desaparecendo na profundidade escura do mar.

Elas me puxavam como se fosse um pedaço de carne numa briga de leões famintos, e por fim, algo vem ao fundo. Então, por algum instinto, seguro no início das asas negras de Ethan, subindo com rapidez até a superfície.

Assim que senti o ar entrando nos meus pulmões uma dor percorreu os mesmos, fazendo com que começasse a tossir freneticamente. Não sei quantos litros de água salgada eu engoli, meus olhos pareciam brasas vivas pelo sal enquanto meu nariz ardia pela água que entrara no mesmo.

— Seu imbecil, eu podia ter morrido! — Gritei enquanto tossia com força.

— Desculpe. — Uma voz grave soou da boca de Ethan, devia ser pela sua transformação.

— O que você é? — Pergunto com uma espécie de receio em meu peito.

— Alguém que jurou sua proteção. — Respondeu concentrado no caminho à frente.

— Não foi isso que... Espera. O quê?

— Você vai entender daqui a alguns minutos.

— E o que você é? — Pergunto mais uma vez. Ethan solta um grunhido, acho que se estivesse em sua forma humana, já estaria perdendo sua paciência.

— Posso me transformar em tudo que quiser, só basta pensar ou lembrar o animal, e começar a sentir as suas sensações.

— Mesmo sendo em algo tão... Absurdo?

— Esse lugar se chama Sekret Dhuratat, que significa segredo e dom em outra língua. Existem coisas nesse lugar que não passariam de uma imaginação de alguém com a mente fértil, mas existem. E assim como eu, vários outros seres e pessoas vivem aqui.

Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora