— A vice-secretária irá tomar conta de vocês, acabem suas provas e as ponha em cima da mesa. Provavelmente não haverá provas no resto da semana, o que deve prolongar o período de avaliação. — Ela concluiu e os alunos, como esperado, não gostaram da notícia. —Venha comigo, Esmeralda.
Saímos da sala e fomos caminhando pelo extenso pátio do colégio que naquele horário estava vazio pela quantidade de provas que os alunos estavam fazendo. A professora caminhava rapidamente, e pela sua velocidade não estava conseguindo acompanhá-la. Alguns estudantes nos olhavam curiosos e outros não tiravam sua atenção de seus celulares com seus fones que provavelmente estavam nas alturas.
— O que está acontecendo, profe...
— Heloise. Chame-me apenas de Heloise. Não posso explicar agora, Esmeralda. Ou melhor, não sou eu quem tem essa responsabilidade. —Ela me interrompeu concentrada em seu caminho. Foi então que percebi que estávamos indo em direção aos fundos da quadra. Atravessamos o corredor largo de salas e seguimos direto.
Viramos perto de uma arquibancada coberta de marcas de sapatos pelo constante movimento de alunos que procuravam privacidade para fazer seja lá o que for. A chuva ainda caía com força, e o som das suas gotas batendo nas árvores de copas altas preenchia o ambiente com sua trilha sonora. Os trovões estavam mais fracos e o cheiro de terra molhada se expandia pelo ar.
Caminhamos pela grama molhada e fria, passando direto dos fundos da quadra. Já estávamos fora do colégio, perto de um extenso gramado aberto com altas árvores. Os carros passavam em poças de água, e as pequenas ondas formadas pelos mesmos acompanhavam a melodia das folhas molhadas.
Olho para mais à frente e percebo que nós duas não éramos as únicas a estarem naquele lugar quieto. Um rapaz estava de costas a observar por todas as direções.
— Ethan! — Berrou Heloise. Seu tom parecia demonstrar sua fúria.
Era ele mesmo. Eu me perguntava como ele aparecia e desaparecia tão rápido dos lugares, isso estava começando a me assustar. Ethan vira rapidamente um pouco assustado pelo grito agudo, alto e rouco de Heloise. O vento estava frio enquanto soprava suavemente a folhagem e os cabelos de Heloise.
— Você não explicou para ela?! Não sei com o que Donnovan estava na cabeça quando escolheu você pra uma tarefa de tanta responsabilidade! — Berrou Heloise empurrando-o com força.
— Não havia como eu explicar pra alguém que consegue ser tão louca e assustada! — Ele revira os olhos.
— Não importa! Donnovan iria te matar se soubesse de alguma falha sua!
— Ele pouco se interessa com isso! Se fosse tão importante assim, ele mesmo poderia vir em meu lugar!
— Cale a boca! Ele tem suas prioridades!
— Com o próprio nariz, só se for! Tenha dó, Heloise. Ele não liga para ninguém além dele mesmo!
Heloise suspirou profundamente e me encarou. Eu não estava entendendo nada do que se passava ali, e como as coisas estavam indo tão bem — isto foi uma ironia —, resolvi ficar calada.
— Desculpe Esmeralda. — Ela aproximou-se e tocou em meus ombros. — Deve estar confusa do que está acontecendo com você já que irresponsáveis não cumpriram com o combinado. — Ela diz em um tom sarcástico enquanto olhava para Ethan que revirou os olhos e deu de ombros.
— Já que sabe do que estou passando. Não me resta falar mais nada.
Heloise sorri e olha para Ethan com um olhar fulminante. Ela era jovem, teria no máximo vinte e quatro anos. Seus cabelos eram castanhos ondulados e bem cheios, enquanto seus olhos eram do mesmo padrão de cor, só que mais claros.
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Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)
Fantasía(Revisado. Continuação disponível/Coração Selvagem.) Em Sekret, uma história está escondida e um segredo ronda até os cantos mais sombrios e encantados de suas florestas místicas. O trono precisa de uma herdeira, mas diante de sua necessidade, uma l...