— Como você está Esmeralda? — Hobby indagou com educação para mim assim que desci os últimos degraus da escadaria.
— Nervosa e talvez um pouco assustada. — sorri forçadamente.
— Não se preocupe. Acredito que o mago não esteja muito irritado hoje. — ele sorriu.
— Assim espero.
Despedi-me de Hobby e caminhei em direção ao campo de treinamento. Meus pensamentos ficavam cada vez mais turbados enquanto eu me aproximava da porta que levava para o campo. O palácio estava silencioso e a única coisa que podia escutar eram o bater dos solados de minhas botas fazendo sons ocos por todos os cantos.
A cada passo, eu sentia meu coração tremer, formando uma sintonia com os meus passos, algo me dizia que isso não iria dar certo. Não que o mago fosse lá uma pessoa muito má - espero que realmente não seja - mas algo me dizia que alguma coisa iria acontecer, e tenho a impressão que quem iria se sair mal era eu.
— Vejo que nos encontramos de novo, Esmeralda. — uma voz masculina vinha de trás de uma pilastra.
Virei para olhar de onde vinha a voz. Era familiar e um arrepio percorreu a minha espinha ao pensar nas possibilidades de quem poderia ser.
— Quem está aí?
— Você sabe quem é.
Uma névoa negra surgiu aglomerando-se e formando uma silhueta masculina forte e alta.
Donnovan outra vez.
— Como você entrou aqui? Não deveria nem sonhar em vir. — falei em um tom um pouco alto, embora não tenha sido minha intenção.
— Não preciso que me digam o que fazer e o que falar, mas é melhor você falar um pouco mais baixo se não quiser sujar mais ainda a sua imagem por aqui. — ele sorriu friamente debaixo do seu capuz.
— Digo o mesmo para você. Eu tenho o direito de estar aqui, você já é considerado um inimigo dos que vivem por aqui. — digo em um tom mais baixo.
Uma risada calma e desdenhosa invadiu os meus ouvidos fazendo meu corpo se arrepiar dos pés até o último fio de minha cabeça. Donnovan estava começando a conseguir me assustar.
— Ninguém precisa saber que estou aqui, até porque não podem fazer nada se me pegarem. — ele revirou os olhos e puxou o seu capuz de sua capa.
Seus cabelos eram como os meus quando eram negros. Ou eu que sou parecida com ele. Estavam um pouco acima de seus ombros.
Seu rosto era de traços fortes que revelavam sua personalidade grotesca e autoritária. Sua barba estava por fazer, mas nada que o deixasse nojento ou horrível. Era jovem, não como um adolescente que acabou de se tornar um adulto, claro que não.
Uma cicatriz cortava um dos lados de seu rosto, cortando um dos olhos ao meio, embora não parecesse lhe prejudicar. Seus olhos cinzentos chamavam muita atenção.
— O que você quer? — indaguei com as mãos trêmulas. Ter um pai que não se lembra de você é uma coisa, mas ter um pai que além de não lembrar pode te matar em um passe de mágica é outra coisa além do nível pior.
— Vim falar com você sobre o nosso suposto treinamento.
— Eu não vou...
— Você não tem escolha. Se não quiser ser dominada por uma de suas metades terá de aceitar a minha oferta. — me interrompeu com um ar autoritário.
— Mas...
— Hoje. No final do dia. Encontre-me no vale das sombras, onde nos encontramos da última vez. — me interrompeu novamente.
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Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)
Fantasy(Revisado. Continuação disponível/Coração Selvagem.) Em Sekret, uma história está escondida e um segredo ronda até os cantos mais sombrios e encantados de suas florestas místicas. O trono precisa de uma herdeira, mas diante de sua necessidade, uma l...