— Agora eu preciso ir. — respirou profundamente e apanhou todos os seus frascos.
— Espere, eu não estou entendendo! — segurei levemente o seu braço na esperança que me explicasse mais —, por favor, me explique mais coisas, já não basta todo esse tempo que não estava presente? – desabafei em um tom baixo e cauteloso.
Ela parou e me olhou com uma tristeza profunda. Em seguida me abraçou com um dos braços, colocando todos os fracos no outro. Logo abaixou um pouco seu rosto e beijou minha testa. Uma lágrima quente escorreu pelo meu rosto, anunciando que mais viriam se eu não me segurasse.
— Eu sempre estive com você, filha. E sempre vou estar.
Olhou-me pela última vez e me soltou. Foi em direção à porta do meu quarto e olhou para os dois lados, fechou com cuidado a porta, balbuciando uma frase que sempre sonhei em escutar.
— Eu te amo, filha.
Assim que escutei o trinco suave da porta se fechar, me sentei na cama macia que estava no centro do quarto, com lágrimas perturbadoras querendo ser derramadas. Mordi minha língua na tentativa de afastar o choro que estava engasgado em minha garganta e para minha sorte e alívio, deu certo.
Afastei todos os pensamentos que vagavam pela minha memória, e olhei para a porta espelhada no meu lado esquerdo. Levantei e fui em direção à porta e a abri. Meu coração quase saltou para fora quando vi aquele cenário.
Literalmente, a torre do meu quarto ficava "pairando" no ar.
Algumas criaturas voavam para todos os lados, lembravam muito a uma raposa, só que suas patas eram mais um pouco curtas e sua cauda era enorme e tinha a aparência de ser suaves — algumas pelo menos tinham. Outras... Bom, eu me policiaria a nunca tocar nelas.
Debrucei-me sob a sacada de mármore que cercava aquele espaço pequeno e observei as criaturas voarem de um lado para outro, logo abaixo havia um rio bem cristalino, com algumas luzes azuis bem suaves, lembravam muito ao céu em uma noite sem nuvens.
Cercando o rio logo abaixo havia uma floresta escura com alguns pontos brilhantes que iluminavam tudo. Imaginei serem vaga-lumes, mas depois de tudo que já havia visto, duvidava de tudo.
Uma das criaturas — será que eles tinham nomes? — se aproximou de mim com seus olhos amarronzados. Seu pelo era azul escuro, porém muito bonito, com partes no pescoço brancas, sua cauda era do mesmo tom azul com a ponta também branca. Nas pontas de suas patas eram pretas. Nesse sentido, parecia mesmo uma raposa.
Estendi minha mão para tocar em sua cabeça, e a mesma se inclinou, fechando os olhos e aceitando meu carinho.
— Oi, tudo bem garota? — indaguei com um pequeno sorriso.
— Eu não sou garota, tá bom? Só por ser uma raposa, tenho de ser fêmea?!— uma voz masculina saiu da raposa. Arregalo meus olhos e dou passos para trás.
— Você fala? — indaguei encostando ao pequeno espaço entre a porta e a "grade" da sacada. Além de falar, este bichinho é mal humorado...
— Por que a surpresa? Você já viu lobos terem asas, não devia esperar menos. — pelo visto a raposa estava mesmo de mau humor.
— Desculpe, não quis ofender. Tudo é novo pra mim. — reviro os olhos me aproximando novamente da sacada. A raposa pousou ao lado de minha mão que estava apoiada na sacada.
— É novo para mim também.
Olho para a raposa que mantinha seu olhar fixo à frente.
— Não entendi.
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Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)
Fantasy(Revisado. Continuação disponível/Coração Selvagem.) Em Sekret, uma história está escondida e um segredo ronda até os cantos mais sombrios e encantados de suas florestas místicas. O trono precisa de uma herdeira, mas diante de sua necessidade, uma l...