Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)

Capítulo 34 - Durma, princesa...

— Ela acordou.

Tudo estava tão confuso para mim, uma agonizante tristeza invadiu meu peito, uma dor me corroía por dentro e num gesto automático, minhas lágrimas brotaram e escorriam com facilidade enquanto soluços iam aumentando cada vez mais.

— Graças aos céus! Filha, está tudo bem?

Eu não consigo parar, não consigo. Por que estou chorando? Eu estou bem, não estou? Por que esse choro desesperado?

— Esmeralda? Sou doutor Victor, sou eu quem acompanhou sua trajetória de coma no hospital. — o homem de jaleco me dirigiu um curto sorriso e logo voltou a sua postura firme e séria.

— Coma?

Indaguei tão baixo que nem eu conseguira escutar ao certo.

— Sim. Não se lembra?

Corri o olhar pelo quarto devagar enquanto pequenas lágrimas ainda insistiam em descer pelo meu rosto, pingando ao travesseiro frio. Meus olhos se fixaram em melissa que repousava tranquilamente, ou aparentava estar tranquila, em um sofá improvisado.

— Mel?

Sussurrei com dificuldade.

Como se escutasse meu chamado, Melissa abre devagar os seus olhos cansados e me olha com tristeza. Logo balançou a cabeça em gesto negativo e piscou freneticamente, contendo para si suas lágrimas.

Mas... O que estava acontecendo?

~.~.~.~.~

— Não sabe como estamos felizes com sua melhora, Esmeralda. Achávamos que não sobreviveria. — Robson me abraçou suavemente ao sairmos do hospital.

— Hum.

Era quase meia noite, e as ruas estavam tão silenciosas quanto de costume, o frio estava constante, talvez por estarmos em época de inverno por aqui. Vapor quente saía de meu nariz enquanto respirava aquele ar frio de inverno com pequenos flocos de neve caindo e repousando suavemente no chão congelado.

Mary e Robson iam felizes a nossa frente, levando algumas bolsas por terem passado tanto tempo no hospital por minha culpa.

Coloco as mãos dentro dos bolsos de meu grosso moletom e logo me aconchego ao mesmo enquanto levantava meu olhar e fixava-o ao céu.

— O céu está bonito apesar da neve, não é?

Melissa aparece inesperadamente atrás de mim, me dirigindo um fraco sorriso mas ainda sim com seu olhar cansado e triste.

— É.

Ficamos em silêncio enquanto observávamos o céu esperando que Robson colocasse as coisas dentro do carro e nos chamasse para ir para casa.

— Não se lembra de nada?

Sua pergunta me surpreende, pelo laudo médico que haviam feito em mim, não haveria condições de ter esquecido tantas coisas como eu esqueci, logo constataram que eu estava muito assustada ainda pelo fato do acidente ser tão traumático.

— Não.

— Isso é passageiro.

Dirigi meu olhar para Melissa esperando que ela prosseguisse com a "informação", mas não foi isso que aconteceu. Depois de alguns minutos, Robson nos chamou para irmos para casa finalmente, o caminho fora silencioso, mas eu conseguia ver pelo canto dos olhos que algumas vezes Melissa olhava para mim com pena e tristeza, não entendia o porquê, no entanto isso me incomodava a cada hora passada.