— Qual a sua estratégia, pai?
Um pequeno sorriso se formou em seu rosto enquanto seu olhar vasculhava quietamente o local à sua frente.
— Devemos ir em silêncio até as portas do palácio, mas se conheço bem a Kéffera, ela com certeza já deve ter pensado na possibilidade de aparecermos.
— Então... O que vamos fazer? — indago observando com calma a mata ao nosso redor que neste momento estava silenciosa e até mesmo assustadora.
— Não precisamos entrar pela porta principal. Isso seria... Educado demais. — um sorriso frio e travesso se formou nos lábios de Donnovan, que me dirigiu um rápido olhar por baixo do seu capuz.
— Vamos invadir? — indaguei o óbvio com surpresa.
— Não fomos convidados para entrar, Esme. — uma curta risada é escutada e ele se posiciona de pé atrás do arbusto que estávamos escondidos.
~~.~~
— Faça silêncio e siga meus passos, ok? — sua respiração estava alterada e silenciosa assim como a minha, mas creio que ele estava bem mais calmo que eu.
Assenti e o segui por entre as colunas imensas que lembravam muito aos templos gregos, o palácio estava escuro e passivo, somente o som das cortinas brancas quase transparentes balançando sob as enormes janelas era escutado. O cenário era calmo e ao mesmo tempo intimidador.
Donnovan caminhava com destreza e habilidade de um gato, com agilidade porém em silêncio. Eu tentava imitá-lo, mas os meus sapatos faziam pequenos ruídos que estavam se tornando irritantes.
— Dá para ficar mais quieta?! — indagou em um sussurro irritado enquanto se virava bruscamente para trás fixando seu olhar cinza em mim.
— Não dá! Agora olha para frente antes que sejamos pegos! — respondi em seu mesmo tom de voz.
Donnovan — ou meu pai — suspirou profundamente e virou-se para frente seguindo o caminho em silêncio.
— Em que saguão nós estamos?
— Ainda não saímos do salão principal, temos que ir a círculos até encontrarmos uma porta de madeira escura e enorme. — ele olha por cima de seu ombro para mim e vira-se novamente —, sério mesmo que não dá para parar com esse barulho irritante?
Paro bruscamente e respiro fundo procurando acalmar meus ânimos, logo me abaixo e retiro meus sapatos.
— Se eu cair e fazer um barulho mais alto do que os sapatos não coloque a culpa em mim. — resmunguei.
— Por que cairia? — ele me encara novamente por cima de seu ombro com um olhar de diversão.
— Não é óbvio?
Ele me analisa com calma e serenidade e logo uma curta risada sai de sua boca.
— Não havia reparado que é menor do que sua mãe, devo dizer que isso você não teve sorte. — divertiu-se.
Reviro os olhos e tomo a frente — afinal, não iria acontecer nada — enquanto segurava meus sapatos em uma das mãos e a outra puxava o vestido um pouco acima de meus pés para não tropeçar. Mesmo que o salto dos sapatos não fossem nada muito moderno ou até mesmo "alto", ajudavam bastante a não pisar nas barras do meu vestido.
— Tome cuidado, posso não conseguir te ajudar se for muito longe. — ele diz logo atrás de mim depois de uns trinta minutos caminhando.
— Que tipo de pai você é? — indaguei perdendo o pouco de paciência que possuía.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)
Fantasy(Revisado. Continuação disponível/Coração Selvagem.) Em Sekret, uma história está escondida e um segredo ronda até os cantos mais sombrios e encantados de suas florestas místicas. O trono precisa de uma herdeira, mas diante de sua necessidade, uma l...