Capítulo 3 - Aceite, antes que...

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— O que é que está acontecendo comigo? Foi você, não foi Melissa?! — Acusei-a furiosa.

— Acha mesmo que pintaria seu cabelo de ruivo em uma noite? Devo lembrar a você que seu cabelo nunca pegou tinta alguma de tão escuro que é? — Ela relembra suspirando.

Ela estava certa. Já havia ido diversas vezes ao salão e várias pessoas tentaram pintar meu cabelo de outra cor só para testar, no entanto, nunca ficava de cor alguma a não ser a cor de carvão que tinha por natureza.

— Não, não e não! Com certeza não! — Berro. — Melissa sai daqui, por favor? — Indago empurrando-a para fora do banheiro antes mesmo de terminar de falar.

— O que você vai fazer, Esmeralda? — Pergunta assustada e confusa. Ela tem motivos para estar assustada... Geralmente sou muito radical.

— Limpar tudo isso. — Bati a porta antes que ela pudesse responder.

Olho para o espelho perplexa. Eu estou mesmo incrédula. Por que meus cabelos estão dessa forma? Será que aquele maluco estava certo?

— Não, Esmeralda. Não. Ele é apenas um estranho que aparece do nada e sabe muito bem invadir quartos. — Encaro a pia e depois o meu reflexo novamente. — Ora essa! O que estou dizendo?

Balanço minha cabeça na tentativa de afastar meus pensamentos confusos e turbulentos, e afastar principalmente o estranho rapaz.

— Isso deve ter sido pirraça da Melissa. – Resmunguei baixo e me despi para um banho.

Coloquei o chuveiro para derramar a água mais fria possível e logo em seguida joguei-me debaixo do mesmo.
Doloroso, mas preciso.

Tomei meu banho tranquilamente até sentir um cheiro de queimado no ar. Abro os olhos e reparo que a fumaça vinha de... Meus cabelos! Quase entrei em pânico extremo, no entanto procurei manter a calma, afinal eu esperava que aquilo tudo melhorasse como acordar de um sonho. Aquilo era um sonho.

Até por que, quem iria acreditar que não havia colocado fogo por conta própria no cabelo?

Saiu do banho na esperança de ver alguma melhora no espelho e foi isso que vi. Meus cabelos estavam negros novamente, para minha minúscula sorte. Vesti um moletom junto com uma calça jeans, afinal, era dia de aula. Suspirei aliviada até escutar uma batida na porta.

— Melissa eu já falei que... — Abro a porta e dou de cara com o mesmo rapaz que havia me perseguido. Abri minha boca para gritar, porém ele estendeu a mão e pousou os dedos sob meus lábios delicadamente. Sua expressão era séria e serena.

— Como já havia dito pra você, melhor você não gritar, ou vão pensar bulhufas do que estou fazendo aqui em cima. — Ele disse me encarando com os olhos que agora estavam azuis. Doido. Anormal.

— O que você quer de mim? — Murmuro assustada.

- Só sua segurança, Esmeralda. Você não pode ficar mais aqui, vai ser perigoso. — Ele sussurra olhando para todos os lados.

— O que vai ser perigoso?

— Você. — Seus olhos agora me encaram com uma preocupação incompreensível.

— Do que está falando?

— Não tenho tempo pra explicar, Esme. Você precisa aceitar a minha oferta.

— Ou o quê? — Indaguei com receio.

— Ou você vai ser o próximo ser num circo de horrores. — Ele diz dando um sorriso assustador até que se vira e vai em direção à janela.

Herdeira Mestiça (Duologia Sekret - Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora