Pilot

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Era sexta feira, depois de um dia intenso de trabalho, cheguei em casa e encontrei um recado de Filipe, meu primo, no balcão da cozinha.

"Te liguei o dia todo, mas não me atendeu, cheguei em casa ontem tarde e você estava dormindo, quando acordei já tinha saído, mas só pra avisar da excursão da faculdade nesse final de semana, te vejo segunda, tia!"

Eu ri.

Ainda me chama de tia desde a época em que eu trabalhava como professora de inglês no Brasil.

Pego um copo de água e sigo para o meu quarto, o coloco na cabeceira e começo a tirar meu uniforme, jogo-o no chão, em seguida deito-me na cama e me estico. Fico um tempo deitada olhando para o teto branco gelo do meu quarto pensando o quanto o dia no trabalho tinha sido cheio. Mesmo acostumada com a rotina de trabalho de uma fisioterapeuta do departamento médio de um clube de futebol, era sempre um drama ao chegar em casa, pensar em tudo que havia feito. Ainda mais que trabalhava em um dos melhores clubes da Alemanha, o Bayern de Munique.

Meus pensamentos são interrompidos pelo toque do meu celular. Olho o visor era a Bárbara minha amiga. Atendo.

-Alô? Oi Bah! -Falei baixo.

-Pronta? -Ela falou sem me cumprimentar.

-Pronta?- Respondi sem entender.

-Nós vamos viajar, não lembra? Fim de semana fora, festa! -Ela falou.

-Ai meu Deus! Eu esqueci completamente! Não arrumei a mala e acabei de chegar do trabalho. -Revidei.

-Em uma hora você consegue? Eu ainda tenho que encher o tanque do carro e passo aí pra te buscar. -Ela disse animada.

-Consigo sim! Deixa eu correr aqui. Me liga quando chegar aqui no prédio! -Eu falei olhando o relógio.

-Tá bom, tchau! -Ela disse.

-Tchau!-Revidei

Desligamos.

Levantei e corri para o banheiro, tomei banho, me vesti e comecei a escolher algumas roupas pra levar. Coloquei tudo na mala, em seguida me maquiei e arrumei minha bolsa.

Parei em frente ao espelho e olhei como estava. Não está tão ruim pra quem trabalhou quase o dia todo em pé. Pensei.

Ouvi então meu estômago falar alto.

-Muito bem! Trabalhei o dia todo e esqueci de comer.-Falei olhando pra minha barriga.

Meu telefone toca, era Bárbara.

-Tou descendo! -Eu disse ao atender.

Desliguei e saí do apartamento.

Ao chegar fora do prédio Bárbara me abraça.

-Como você esqueceu do nosso final de semana? -Ela disse.

-Esqueci até de comer, Bárbara. Precisamos parar na Maelu antes de seguir viagem, porque senão chego morta lá. -Eu disse colocando a mala no porta -malas.

-Amiga, morta você já está, cadê a empolgação? -Ela perguntou sorrindo e entrando no carro.

-Yay.-Eu disse irônica entrando no carro.

Ela ligou o carro e seguimos para a Maelu, a cafeteria. Compramos café e algumas coisas pra comer e então seguimos nossa viagem para a cidade natal dela, Dortmund.

São aproximadamente seis horas de viagem de Munique para Dortmund quando chegamos à casa dos pais de Bárbara, era quase meia noite. Eu queria ir para um hotel, mas ela havia insistido pra ficarmos juntas com a família dela. Então foi o que fizemos. A mão dela nos recebeu e nos deixou a vontade depois de tanto abraçar a filha, lembrei-me da minha mãe que estava no Brasil e não tinha vontade alguma de vir morar comigo.

Cocaine - Marco ReusOnde histórias criam vida. Descubra agora