Primeira neve do inverno

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POV Johanna

As palavras de Leonardo não atravessaram meu corpo, arrancaram meu coração e pareciam dilacerá-lo na minha frente.

Minha respiração ficou ofegante à medida que meus olhos se encheram de lágrimas, Leonardo continuava a falar explicando o que estava acontecendo com Martin, mas eu não estava mais ali, meus ouvidos se trancaram pra ele.

Então Marco me abraçou, eu não me movi, nem disse nada por um tempo.

-Joh... –Marco falou me encarando.

Eu voltei à órbita olhando nos olhos dele. E então eu chorei de verdade.

-Não pode estar acontecendo isso... É um pesadelo como disseram na TV...-Eu disse.

-Raposa...-Ele suspirou.

-Vamos vê-lo... Eu preciso vê-lo...-Eu falei e fui apressada em direção a Martin.

Marco veio logo atrás de mim.

-Como você está meu pequeno?-Marco perguntou.

Eu apenas olhei, não falei nada, nem quis tocá-lo. Deixei tudo com Marco. Observei, tive vontade de gritar, chorar e quebrar tudo que estava ali, me segurei.

Marco respeitou meu silêncio, nós saímos de lá sem falar nada um ao outro, o caminho até o apartamento dava pra ouvir nós dois respirando, senti o quanto estava desesperada pelo meu filho perdida nos meus pensamentos.

Quando chegamos, eu entrei e sem pensar fui em direção à uma parte da estante que eu deixava uma bandeja com copos e bebidas, Parei por um segundo quando peguei a garrafa de whisky pra me servir.

-Você não vai beber...-Minha mãe falou furiosa vindo até mim.

-Não... Eu... Eu só saí um pouco de mim...-Eu revidei colocando a garrafa de volta ao lugar.

E foi aquilo mesmo, perdi a noção por alguns minutos.

-Você tá amamentando... Não pode beber...-Minha mãe disse um pouco mais calma.

Olhei em volta, Marco e meu pai pareciam assustados me olhando.

-Mãe... Eu não aceito... Meu filho tem que fazer uma cirurgia no coração... Por que? Por que mãe?-Eu falei chorando.

Puxei a bandeja das bebidas com força e joguei no chão.

-Calma meu amor...-Minha mãe disse me abraçando.

-Eu não quero... Eu não aguento... Era melhor ele ter nascido morto... Ou ter morrido dentro de mim e me levado junto... –Eu revidei.

Olhei pra Marco, ele me encarava e parecia decepcionado com as minhas palavras, respirou fundo e saiu da sala.

Meu pai foi atrás dele.

-Johanna... Você não pode falar assim... Você tem que ser forte... Na verdade não tem que ser, eu sei que você é... Pode chorar, pode espernear, pode quebrar o apartamento inteiro... Mas na hora de ser a mãe que deve ser, tem que ser...-Minha mãe falou me encarando.

-Mãe... Eu não vou suportar perder ele... Deus só pode estar me castigando... O que eu fiz de errado pra merecer isso? Me diz mãe...-Eu disse chorando.

-Ele não está te castigando... Ele conhece você melhor do que ninguém... Ele sabe que você é forte, Ele escolheu você para o Martin, sabe por quê? Por que Ele não escolheria uma mãe fraca... Ele sabe que você vai enfrentar tudo como deve ser enfrentado... Martin não é um castigo, é um presente... Que precisa de você, do seu toque, da sua voz... Do seu amor... Essa é a força dele... Você... Quanto mais se aproxima do seu filho... Eu tenho certeza que ele pensa... Eu vou ficar vivo, eu preciso conhecer a minha mamãe... Eu preciso ver todas as coisas que ela me fala... Preciso que ela me mostre todo o amor que ela tem pra mim...-Minha mãe revidou.

Cocaine - Marco ReusOnde histórias criam vida. Descubra agora