Capítulo Três

482 24 0
                                    

   Belinda acabara por perder a noção de tempo, não estava disposta a jantar com Lucius, então ficara jogada em sua cama, sem nada pra fazer. Já era bem tarde quando Dobby, o Elfo Doméstico da família, surgira diante de seus olhos.
-Oi Dobby.
-Olá senhorita.
-Como você está?
-Estou bem, obrigado por perguntar senhorita.
-Eu posso ajuda-lo em algo? –Perguntou Belinda sorrindo para o Elfo.
-Dobby veio ver se a senhorita quer comer alguma coisa, porque não apareceu no jantar e Dobby ficou preocupado. –Belinda riu baixinho.
-Não precisava se preocupar.
-Mas Dobby sabe que a senhorita não sai muito do quarto quando Meu Senhor está em casa. –Belinda sorriu novamente, era estranho ser chamada de senhorita o tempo todo, mas mesmo que Belinda tentasse tirar esse vício de Dobby chama-la assim, não conseguia.
-Obrigada por se preocupar.
-Não a de que. –Ele lhe encarou com aqueles grandes e brilhosos olhos. –O que devo trazer para a senhorita comer?
-Um suco de abóbora e o que tiver para comer. –Ela sorriu. –E se não for pedir muito um bolinho de creme.
-Já trarei senhorita. –Então desapareceu no ar.
Belinda levantou-se da cama e foi até a escrivaninha, puxou seu caderno de desenho e seu carvão, logo começou a desenhar aqueles olhos que a decifraram tão bem na carruagem. Alguns minutos depois Dobby chegou com seu jantar e despedira-se da menina, que lhe sorriu e agradeceu novamente, após jantar decidiu desenhar Tayner, ela sempre tivera vontade, mas não havia detalhes suficientes, entretanto hoje ela conseguia dizer cada curva que cada expressão sua fazia.
   Belinda pegou um papel grande, carvão e seus lápis de cor, e começou a desenhar o rosto do rapaz, o maxilar quadrado, os olhos azuis, sinceros, protetores e expressivos que pareciam ler a alma das pessoas, os cabelos grossos, de um loiro quase dourado, grandes que lhe cobriam a nuca e deixavam algumas madeixas em frente a seus olhos, isso lhe deixava com o rosto mais alongado. O nariz fino e altivo, um sorriso encantador nos lábios não muito grossos e avermelhados naturalmente, os dentes certinhos e branquíssimos, um semblante brincalhão e tranquilo. Belinda avaliara seu trabalho e pela primeira vez contentou-se realmente, estava melhor do que ela imaginara. Quando olhou para a janela, notou que já estava quase amanhecendo, ela perdera o resto da noite e toda madrugada naquele desenho, mas não perturbou-se, simplesmente fora até a janela, fechara a cortina e deitou-se, dormindo logo em seguida, com as mãos negras de carvão.

  Os dias passaram de forma lenta e cansativa, o tempo parecia se arrastar. Belinda estava sentada a mesa com Draco e Narcisa.
  Draco olhou para a menina a sua frente, os olhos de Belinda estavam fundos, as olheiras evidentes, o semblante cansado e irritado. Malfoy notara que a comida da menina estava intocada, ele preocupou-se com a falta de animo de Lestrange, mas assim que notara seus sentimentos, os prendeu e dirigiu sua atenção para a comida e para sua mãe.
   Draco recebera a visita de Blaise no final da tarde, eles conversaram e riram bastante, Belinda os viu e ignorou, passando para o escritório, pegou um dos muitos livros que ali ficavam e jogou-se no chão.
-Qual é da Lestrange? –Blaise perguntou para Draco.
-Sei lá cara. –Malfoy respondeu e logo mudou de assunto.

-Draco chame Belinda para jantar conosco. –Narcisa pediu.
  Draco assentiu e se foi, Blaise também ficaria para o jantar e só iria no dia seguinte, usando a rede de pó de Flu. Lestrange estava no chão, um livro fechado encima de sua barriga e ela encarava o teto, os olhos vazios.
-Lestrange.
-Sim? –A voz seca, mas continuou a encarar o teto.
-Mamãe mandou eu avisar que o jantar está servido. –Draco disse rispidamente e ela se colocou de pé. –Ouve bem Lestrange, Zabini está em casa, então é melhor se comportar, papai já falou para você não tratar meus amigos mau se não você pagará caro. –Ela respirou fundo e deu um sorriso de canto, sem emoção alguma.
-Para o Inferno você, seus amigos e Lucius. –Então começou a caminhar, Draco segurou seu pulso e ela virou para encara-lo.
-Se você fizer qualquer gracinha se arrependerá.
-Me arrepender? –Ela riu. –Cuidado com suas promessas Draco, eu não tenho medo de você e deixando claro, tire suas mãos imundas de mim.
-Se não fará o que?
-Quer pagar pra ver Malfoy?
  Draco a encarou, havia um fúria desconhecida em seus olhos, Draco perguntou-se o que estava havendo com ela, mas a largou e passou direto, não perderia tempo com ela, não mais. Belinda respirou fundo algumas vezes e foi para a sala de jantar, onde Lucius, Narcisa, Draco e Blaise estavam, a menina sentou-se e se serviu. Todos conversavam e riam, menos ela. Quando terminou de jantar colocou-se de pé e seguiu para o quarto, sem falar nada, mas assim que entrou alguém bateu na porta.
-Que foi Ciça? –Perguntou para a mulher. Somente Narcisa batia na porta antes de entrar.
-Você está bem?
-Por que a pergunta?
-Você está muito distante, mais que o normal. –Disse a mulher sentando-se na ponta da cama da menina.
-Impressão sua.
-Belinda. –Repreendeu e ela riu.
-Estou bem Ciça, só que não tenho nada pra fazer.
-O Draco está lá na sala jogando xadrez-bruxo com o Blaise, por que não vai até lá?
-Ciça até quando você vai fingir que eu e Draco ainda nos damos bem?
-Não estou fingindo, só desejo que tudo volte ao normal nessa casa. –Belinda riu.
-Sinto muito, mas é improvável que isso ocorra. –A mulher respirou fundo.
-Espero que você esteja errada. –Belinda riu e assentiu.
-Quem sabe?
-Tudo bem, tudo bem. –Colocou-se de pé. –Amanhã iremos sair.
-Não.
-Você nem sabe para onde vamos.
-Draco irá junto, então eu...
-Belinda.
-Tudo bem. –Respirou fundo.
-Boa noite.
-Boa noite Ciça.
  Assim que Narcisa saiu do quarto, Rúnda pulou na cama com a menina e se enroscou em sua barriga.
-Você só vem deitar comigo quanto quer algo, não é mesmo? –Disse acariciando os pelos do gato, que a encarou com aqueles olhos verdes chamativos e deu um longo miado, ela sorriu e continuou a acariciar seus pelos.
  Belinda não sabe quando ocorreu, mas em algum momento durante a conversa que estava tendo com seu gato, adormeceu e tivera um sonho estranho, mas ao acordar não conseguiu recordar-se do que se tratava. Notou que já passava das 10h00min quando acordara, então tomou um rápido banho e se vestiu para sair com Narcisa.
-Bom dia Ciça. –Cumprimentou passando pela sala e indo para a cozinha.
-Bom dia Belinda.
   Belinda tomara um rápido café-da-manhã e voltou para a sala, onde Draco conversava com a mãe, não parecia muito animado para o passeio.
-Vamos?
-Claro. –Belinda concordou.
   Narcisa chamou o Elfo Doméstico para tira-los da casa e leva-los para o Beco Diagonal, Belinda sorriu ao chegar ali, era um lugar conhecido, Lucius os aguardava, Belinda fechou a expressão.
-Vamos Draco. –Chamou o homem.
  Draco foi para o lado do pai e eles começaram a caminhar, mas Narcisa não se mexera, somente sorriu para Belinda e a chamou para outro lugar.
-Draco e Lucius vão resolver algumas coisas e nós duas vamos comprar seu material novo.
-Como queira. –Disse sorrindo novamente.
-O que acha de tomarmos um sorvete antes de começarmos as compras?
-Ótima ideia.
   Belinda estava animada enquanto conversava e andava com Narcisa para comprar seu material, quando estavam passando em frente a Olivaras, Belinda escutou alguém chama-la.
-Lestrange. –Ela procurou de onde vinha o som conhecido e viu Tayner caminhar em sua direção, ele estava do outro lado da rua.
-Douglas. –Disse ela pulando nos braços do amigo e sendo bem recepcionada.
-Como você está?
-Muito melhor agora. –Ele riu e a colocou no chão.
-Fico feliz com isso. –Ele olhou para Narcisa. –Senhora Malfoy.
-Olá. –Ciça sorriu.
-Esse é Douglas Tayner, Ciça.
-Prazer. –Disse ela sorrindo cordialmente.
-Prazer senhora.
-Cadê os outros? –Bell chamou.
-Henri, Coren e Pucci estão comprando os livros novos. –Ele sorriu.
-E o que você tá fazendo aqui?
-Vou comprar uma vassoura, a minha quebrou quando eu treinava Quadribol com o Coren. –Ele bufou e a menina gargalhou.
-Bem feito.
-Para o Inferno, Lestrange.
-Bell, temos que ir querida. –Narcisa chamou e a menina assentiu.
-Ai, não quero ir. –Murmurou para o amigo, agarrando a cintura de Tayner.
-Relaxa baixinha, nos falamos daqui a alguns dias em Hogwarts.
-Eu não sou baixinha.
-De tudo o que eu falei só escutou isso?
-Não, mas foi o que me ofendeu. –Ele gargalhou.
-Não se ofenda com a verdade.
-Eu não sou baixinha.
-É sim.
-Não.
   Douglas riu e a colocou de frente pra ele, tocou o topo da cabeça de Belinda e levou até o peito.
-Tá vendo? Você é baixinha.
-Não sou baixinha. –Ela bufou rindo. –Você que é muito alto.
-Vai sonhando. –Disse ele rindo e abraçando a amiga. –Fica bem tampinha, nos falamos em Hogwarts.
-Vai à merda. –Disse ela rindo e ganhando um beijo na testa.
-Fica bem.
-Você também.
-Deixa comigo.
-Vamos. –Disse ela para Narcisa.
-Ele parece legal. –Disse a mulher quando elas estavam distante.
-Ele é e por incrível que pareça é da Sonserina. –Narcisa a encarou.
-Eu também era Sonserina.
-Continuo com minha opinião.
-Claro que sim, você é muito teimosa para muda-la.
-Exatamente.
   Belinda não teve a oportunidade e nem sorte de encontrar mais nenhum de seus amigos, logo após o encontro com Douglas voltara para a mansão Malfoy.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora