Lestrange olhou em volta da masmorra circular, era um lugar calmo, afastado e bonito. O teto alto e claro parecia pedir por aquilo, a janela de vidro que ia do teto ao chão mostrava a Floresta Proibida. A menina se jogou na perna de Murilo, que a encarou de cenho franzido.
-O que você quer? –Questionou ele.
-Por que acha que quero algo?
-Você tá sendo carinhosa demais. –Acusou e ela riu.
-Porra, quando sou chata você reclama, quando sou legal reclama também?
-É que não dá pra simplesmente confiar em você quando tá assim. –Esclareceu. –A última vez que fiz isso, você e os ruivos me fizeram de cobaia pras vomitilhas. –A lembrança fez a menina gargalhar.
-Os meninos já disseram que é assim que provamos nosso amor.
-Vocês são doidos, isso sim. –Ela riu.
-Mas onde estão os outros?
-Freddie e Marcos foram pegar comida na cozinha e George buscar o Douglas e o Daniel.
-Isso que é um medo de deixar os gêmeos irem pegar comida sozinhos.
-Até parece que você confiaria em comer algo que eles trouxeram sem que nós víssemos.
-Nem fodendo. –Disse ela aos risos.
-Isso é falta de confiança, sabia? –A menina deu de ombros.
-Você confiaria?
-Mas fácil eu confiar em alguém preso em Azkaban. –O comentário à fez gargalhar novamente.
-Louco.
-Somos todos, não é?
-Algo o qual tenho que concordar plenamente.
Murilo deu um sorriso de canto. Belinda ainda conseguia lembrar a primeira vez que conversara seriamente com o rapaz, ela estava furiosa com Malfoy e ele se sentou ao seu lado na Sala Comunal da Grifinória no meio da madrugada, conversaram até quase o sol nascer, foi ali que ela começara a olhar para ele com um verdadeiro amigo e talvez estivesse certa, com todos tivera um momento exato o qual fez a amizade deles nascer, podem ter se conhecido no Expresso Hogwarts em seu primeiro dia, podem ter brincado e rido juntos, mas para ter amizade de verdade aconteceram pequenas coisas que fizeram compor um todo.
Lestrange encarou os olhos claros do rapaz e sorriu, o cabelo estava pouca coisa maior e com o resquício de luz que entrava pela janela parecia mais claro que o comum.
-Você tá babando, Lestrange. –Zombou ele e ela riu.
-Quando quero algo eu não fico só babando, Mu, você sabe disso. –Ela deu um sorriso de canto. –Eu costumo pegar o que quero.
-Que orgulho. –Disse ele colando uma mão sobre o peito e com a outra fingiu secar uma lágrima.
-Você não vale porra nenhuma.
-E por isso você me ama. –Ela suspirou.
-Talvez. –Ele a encarou com a sobrancelha arqueada e com seu típico sorriso maldoso.
-Sem essa de talvez, eu sei.
-Convencido demais.
-Me diga se estou errado.
-Cala a boca, idiota. –Ele gargalhou.
-Acho que tem um leão se engasgando aqui. –Freddie comentou ao entrar no lugar.
Belinda encarou os gêmeos e os outros três rapazes se acomodarem em um circulo e colocar bolinhos, sucos e alguns pasteis no meio.
-Eu já disse hoje que amo vocês? –Questionou ela sentando e puxando o bolo de caldeirão.
-Só porque a gente trouxe comida. –Daniel bufou.
-O que mais você queria, Daniel Henri Olivier?
-Pra que chamar a porra do nome todo? –Ele arregalou os olhos de brincadeira. –O que eu te fiz, cara?
-Nasceu. –Disse ela rindo.
-Ai não foi culpa minha. –Disse rindo e pegando uma tortinha de morango. –Eu era só um espermatozoide que não sabia o que tava fazendo, vi todo mundo passar correndo e fui atrás, ai quando me dei conta do que era aquela corrida, já era tarde.
-Babaca. –Murilo xingou, mas ria assim como todos os outros.
Todos se serviram e comeram enquanto conversavam amenidades e riam, até que Freddie se jogou na perna de Lestrange.
-Certo. –George chamou, já puxando sua mochila. –Agora vamos aos negócios.
-Quem aqui foi pego? –Doug quis saber.
-Depende de em que sentido. –Daniel falou encarando o amigo.
-Se tiver sido visto por um professor ou algo assim no local, paga meio galeão. –Douglas decidiu. –Um galeão quem foi levado à diretoria.
-E se foi levado à diretoria, mas ninguém tem prova que roubamos algo? –Murilo quis saber.
-Ou se fomos só pra ajudar um filho da puta que foi pego pelo Filch? –Marcos perguntou e Belinda riu.
-Meio galeão. –Disse Freddie rindo.
-Então vamos lá. –George puxou o livro de capa dura marrom e aparência antiga. –Aqui está, o livro da professora Vector.
Belinda puxou o livro e o abriu, verificando a veracidade do objeto, depois sorriu e devolveu para o ruivo. Logo puxando o mapa da sua própria mochila.
-O mapa da professora Sinistra. –Ela entregou para Murilo, que o abriu para verificação de todos. –Quase fui pega quando sai. –Riu com a lembrança. –Eu tava saindo do corredor quando ouvi vozes, por sorte tem um lugarzinho seguro lá perto. –Os meninos riram.
-Toma. –Murilo devolveu e logo entregou o pergaminho de rúnas francesas para Douglas, que sorriu. –Fui pego pelo Filch quando tava saindo da sala da Babbling. –Bufou. –Mas a Bell e o Coren me ajudaram a esconder o pergaminho, só fui acusado pelo suposto roubo de um livro. –Deu de ombros.
-E o que Dumbledore fez? –Belinda quis saber.
-Chamou a professora Babbling e disse que peguei o livro em questão, mas questionou o motivo de alguém ser punido por buscar conhecimento. –Suspirou. –Ai ele ia me liberar, mas graças ao maldito Zelador, vou ter que passar a semana polindo a prataria do castelo, com mais dois alunos da Lufa-Lufa e um da Sonserina. –Murilo bufou. –Todo dia, das 17h às 22h. Sabe qual a pior parte? –Ele encarou os amigos.
-Qual mano? –Douglas perguntou, mas gargalhava.
-Vai tomar no cu. –Mandou Murilo e só fez o loiro rir mais. –Ter que aguentar o Filch todo dia me infernizando a vida. –Falou de qualquer forma. –Vou acabar jogando a prataria naquele cara.
-Soterra ele de baixo de toda aquela prata e diz que foi sem querer. –Freddie disse rindo e Douglas devolveu o pergaminho para Pucci.
-Eu entre e sai sem ser visto. –Anunciou o loiro passando a Losna para Freddie. –Então não devo nada pra vocês.
-Somos dois então. –Freddie sorriu ao devolver a Losna e passou o walkman para Marcos.
-Eu fui pego por causa desse viadinho do Murilo. –Bufou, ainda verificando o aparelhinho, o qual Belinda pegou de sua mão e analisou com cuidado.
-O que exatamente isso faz? –Quis saber ela.
-Nunca tinha visto um desses? –Murilo questionou.
-Vivo com os Malfoy, nada de coisas Trouxas. –Bufou.
-A gente coloca a fita aqui. –Disse ele apertando em um dos botões e a portinha abriu, Murilo sorriu. –Tem fones de ouvido, ai escutamos música ou gravamos o que as pessoas estão falando.
-É útil pra aula da Sibila então. –Disse ela. –Quase nunca presto atenção naquela aula. –Bufou ela devolvendo o aparelho para Freddie e os meninos riram. –Mas sim, continua Marcos.
-Obrigado. –Disse ele cheio de deboche e ela riu, enquanto ele passava o chifre para Daniel, que o pegou com interesse, todos queriam pelo menos um pedaço de algo como um chifre de unicórnio. –Eu o peguei sem problema e guardei, mas ai depois de estar voltando para o Salão Principal fui pego pelo Filch, porque tropecei sem querer nele. –Disse com um sorriso cínico.
-Se aquilo foi sem querer, eu sou um patinho lilás. –Murilo riu.
-Rosa combina mais com você.
-Vai se foder, mano. –Aquilo fez os outros rirem.
-Mas você fez o Filch se machucar? –George questionou com interesse.
-Ele tá mancando mais que o normal. –Respondeu rindo.
-Quem concorda que o Marcos, por ter machucado o Filch, não precisa pagar? –Freddie pediu a votação e todo mundo ergueu a mão, o que os fez gargalhar.
-E você, Dan? –Belinda encarou o rapaz que acabara de devolver o chifre de unicórnio.
-Eu encontrei nossa querida e amada professora Sibila Trelawney quando ainda estava na sala dela. –Sorriu e mostrou a bola de cristal, a qual Belinda pegou antes de qualquer um. –Mas joguei meu charme e ela nem desconfiou que peguei isso.
-Conta isso direito. –Murilo mandou.
Daniel sorriu e começou a narrar como pegara a bola de cristal na sala da professora Trelawney, de como a convencera que só estava ali por precisar de uma bola de cristal para um trabalho, porém omitiu sua despedida com a professora de Adivinhação.
-Você é o cara mais cínico e filho da mãe que conheço. –Belinda riu.
-Dá licença, eu sou foda.
-Não. –Murilo sorriu. –Você só é filho da puta mesmo.
-Só tá com inveja porque fui mais inteligente.
-Foda-se quem foi mais inteligente. –Belinda sorriu. –Os dois vão ter que pagar pra todo mundo. Dan pagará meio galão pra cada e Mu um galeão inteiro.
-Vocês vão acabar me falindo um dia. –Zombou Daniel.
-Ninguém mandou você apostar. –Murilo implicou.
-Vai se foder. –Mandou o outro.
-Assim que eu sair daqui, mano.
-Como assim? –Belinda se meteu e ele riu.
-Bem, minha detenção é só mais tarde, já esta quase acabando a hora do almoço e vou matar a metade do dia. –Sorriu.
-Quem é a vítima?
-Vítima? –Ele a encarou, dando um sorriso maroto. –Ela quer também, minha querida.
-Ainda assim tenho pena da pobre coitada que caiu em suas cantadas baratas.
-Bem, conheço um Corvinal idiota que caiu no seu papo também. –Ela sorriu.
-Estamos empatados então.
-Bom que você sabe. –Ela sorriu e se colou de pé.
-Falando nele, marquei de me encontrar antes do fim do almoço com ele. –Sorriu e vestiu novamente a capa da Grifinória. –Então até mais pra vocês.
-Se ele usar mão boba, corte a mão dele fora! –Mandou Murilo quando ela estava na porta, o que a fez rir.
-Se ele usar mão boba, o problema é meu! –O grupo de rapazes ficou gargalhando enquanto ela sumia.
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A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)
Fanfiction"Sem piedade você aprende a ter coragem que nem sabe existir dentro de você." Belinda Lestrange e Draco Malfoy, dois jovens criados para um propósito maior do que podem imaginar e talvez suportar, mas o que será feito no final? Para qual lado irão c...