Capítulo Dezenove

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       Malfoy estava sentado no Salão Comunal da Sonserina, na companhia de Crabbe e Goyle, em uma conversa qualquer.
       Draco se distraiu e viu Audrey ali ao lado, indo em direção as escadas. Porém ela tropeçou em um livro que estava jogado no caminho e deixou o vidrinho que trazia tão cuidadosamente cair, imediatamente uma fumaça cor de rosa saiu do líquido no chão, preenchendo o ar com odores conhecidos, Draco que estava muito próximo a menina, fora o primeiro a sentir.
       Malfoy fechou as mãos em punho e travou a mandíbula ao sentir o cheiro de lavanda, shampoo de pêssego e pergaminho antigo. A imagem de Granger tomou sua mente no mesmo instante, o sorriso claro e aberto, o cabelo castanho cacheado e cheio, os olhos castanhos e calorosos, o riso divertido e ar curioso.
-Merda. —Xingou baixinho e se colocou de pé. —Que coisa é essa, Audrey?
       Draco viu a menina corar e encara-lo de olhos arregalados. Todos da Sonserina sabiam da paixão que a garota pequena, com olhos âmbar, cabelo castanho e liso, sentia por Blaise. E embora apaixonada por Zabini, sempre que se encontrava sendo analisada por alguém, principalmente pelos amigos de Blaise, corava de imediato.
-É... É... —Gaguejou.
-É uma poção. —Bianca disse rindo e parando ao lado do loiro.
-Existem muitas poções, Bianca. —Disse ele, fitando a recém-chegada.
-Sim, sim. É verdade, mas não muitas como essa. —Sorriu. —Por que? Sentiu cheiro de algo ou alguém, Draco?
-Não, deveria? —Ironizou rindo. —Só que essa fumacinha rosa é bem irritante.
-Quem sabe? —Ela cruzou os braços em frente ao peito. —Deveria, se for apaixonado por alguém.
       Draco sentiu como se alguém tivesse lhe acertado um soco no estômago e logo lembrou de Granger novamente, porém afastou o pensamento, colocou as mãos no bolso de forma tranquila e deu um sorriso irônico.
-E por que isso? —Bufou. —Eu apaixonado? Não me jogue praga assim, Bia. —A menina gargalhou.
-Se chama Amortentia. —Disse ela olhando para o chão. —Dizem ser muito perigosa, perigosa a ponto de uma pessoa do 4° ano não ter autorização a carregar uma dessa. —Audrey corou violentamente.
-É... Não é minha. —Sussurrou.
-Tanto faz. —Draco desviou a atenção para Bianca, que logo voltou a falar sobre.
-Dizem que qualquer um, qualquer um mesmo, pode fazer loucuras sob o efeito da Amortentia. —Bianca deu de ombros. —Então eu aconselho a ficar bem longe dessa poção. —Bianca suspirou e murmurou, provavelmente só pra si. —Se a paixão normal já é perigosa, imagina ao estar enfeitiçado.
-Parece saber bem sobre isso. —Draco falou e Bianca ergueu o queixo.
-Cala a boca, nem uma palavra sobre isso, Malfoy.
       Draco forçou um risinho e viu Bianca se afastar, ele mesmo aproveitou a deixa e saiu do Salão Comunal.

       Malfoy estava caminhando a beira do Lago Negro, estava tão distraído que mal viu o vulto que vinha correndo de cabeça baixa naquela direção, até tombarem um no outro e ele a segurar antes que ela fosse de encontro ao chão. Ele a reconheceu antes mesmo de olhar, o cheiro de shampoo de pêssego o fez congelar momentaneamente.
-Não olha por onde anda? —Disse ela, furiosa.
       Draco a encarou e viu os rastros de lágrimas em seu rosto, os olhos castanhos normalmente quentes e curiosos, estavam tristes e a ponta do nariz avermelhada.
-Você tá bem, Granger? —Perguntou antes que pudesse pensar em algo.
      Os raios de sol batiam nas Águas escuras do Lago e refletiam no rosto choroso e chocado de Hermione.
-Até parece que se importa, Malfoy. —Tentou soar rude, porém estava tão fragilizada, que só o fez dar um sorriso de canto.
-Eu to perguntando.
-Pra que quer saber? Pra debochar? Pra espalhar pra toda Hogwarts que fez palhaçada da minha cara?
-Hey Granger, cala a boca. —Draco estava até se divertindo.
-Não me manda calar a boca! Você não...
       Draco riu, sabendo que Hermione não iria se calar, então fez a coisa menos provável do mundo e que ele desejava a tanto tempo. Draco apertou a cintura da menina com a mão esquerda e enrolou a direita em seu cabelo cacheado e selou seus lábios. Inicialmente houve o choque, de ambos os lados, Hermione se afastou e o encarou de olhos arregalados.
       Draco ainda sentia o hálito quente da menina próximo, ela ainda estava em seus braços e o desejo só fizera aumentar.
-Eu já comecei. —Fora tudo o que ele disse antes de beija-la novamente, mas dessa vez era esperado.
       Os lábios dela eram quentes e macios, os cachos eram agradáveis. O beijo iniciou calmo e lento, porém o desejo os consumiu e as línguas travavam uma batalha da qual nenhum vencedor sairia. Era um beijo quente, feroz, porém agradável e sedutor. Quando o ar lhes faltou e tiveram que separar as bocas, Hermione pareceu voltar a si, o encarou e de repente empurrou.
-Fica longe de mim, Malfoy. —Logo corria de volta ao Castelo.
       Draco encava as costas da menina em choque, mal acreditando no ocorrido.

      O que ele fizera?
      Realmente beijou Hermione Granger?
     A Sangue-Sujo e Maldita Sabe-Tudo?

      Malfoy poderia estar se xingando o quanto fosse, porém não conseguia negar que fora o melhor beijo que já dera em alguém. Por fim riu e balançou a cabeça negativamente, notando o quão errado era tudo aquilo.
-Uma vez pra nunca mais, Draco Malfoy, nunca mais.

       Belinda estava jogada na cama e Rúnda estava ao lado, ronronando por conta do carinho que Gina fazia em sua barriga.
-Eu já escutei que bichos de estimação refletem os donos, mas o Rúnda é completamente você, só é uma versão mais peluda e que anda em quatro patas.
-Muito engraçado, Weasley. —A ruiva riu.
-É verdade. Ele é preguiçoso, mimado...
-Vai a merda, Gina.
       As duas riam quando Hermione entrou no quarto, os olhos castanhos muito arregalados, o cabelo cheio, mais cheio e bagunçado que o comum, os olhos estavam distantes e um sorriso bobo estampado. A castanha se jogou na cama e nada disse, Gina e Belinda se encararam.
-Mione? —Gina chamou, mas não obteve resultado. —Hermione!
-Oi? Que foi? —Ela olhava de um lado para o outro, confusa.
-Parece que alguém viu um passarinho verde pelos corredores do Castelo. —Belinda cantarolou e viu a amiga corar. Bell e Gina pularam pra cama de Hermione. —Quem foi?
-Ninguém. —Mas havia um sorriso bobo.
-Vamos Mi, você é obrigada a nos contar. —Gina exigiu. —Quem é ele?
-Ninguém. —Mas ela corou de forma tão intensa que deixou as outras mais curiosas.
       Hermione cobriu o rosto com as mãos e balançou negativamente a cabeça.
-Hermione Jean Granger. —Belinda segurou as mãos da amiga e tirou de seu rosto. —Diga agora, quem é ele?
-Não.
-Juro por Merlin que sairei perguntando de um por um, até descobrir quem foi.
-Você não faria isso.
-Quer pagar pra ver? —Ela riu.
-E por onde você iria perguntar?
-Por toda nossa Casa Comunal e pelos de Durmstrang.
-Vai perder seu tempo. —Cantarolou.
-Céus! —Gina exasperou-se. —Não nos mate de curiosidade, Hermione.
-Não direi.
-Por Merlin. —Gina tapou a boca com as mãos. —Foi ele?
      Belinda viu os olhos de Hermione brilharem, parecendo ter notado somente naquele momento quem ela havia beijado, mas também havia uma intensidade que Belinda não havia notado antes.
-A não... —Bell a encarava. —Me diga o nome, por favor. Eu to começando a pensar no... Não, não, não, não e não. —Não houve resposta. —Ele não, Mi. —A castanha só as encarou.
-Hermione! —Soltaram em coro, fazendo-a morder o lábio inferior.
-Bem...
-O Draco, Hermione? Justo ele? —Belinda estava com uma expressão tão divertida quanto preocupada.
-Vocês acham que ele dirá pra alguém?
-Será que não foi mais uma das pegadinhas dele? —Gina parecia assustada.
      Belinda ponderou, colocou todos os prós e contras, porém havia uma certeza. Ele não diria.
-Não. —Bell afirmou. —Ele não dirá pra ninguém.
      Quando Belinda se colocou de pé, Hermione a encarou assustada.
-O que você vai fazer? —Ela estava alarmada.
-Relaxa Granger, eu vou comer.
-Belinda.
-É sério. Se eu ver o Malfoy, não farei nada.
-Promete?
-Não direi nada do que me disse.
-Eu não acredito.
-Você tá muito nervosa, devia relaxar um pouco, Granger. —Bell deu um sorriso torto, fazendo tanto Gina quanto Hermione arregalarem os olhos.
-Você falou que nem o Draco. -Gina acusou e Bell riu.
-Que horror. —Disse rindo e saindo do quarto.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora