Capítulo Trinta e Nove - Lar, Doce Lar!

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   Lestrange sentou na ponte, enquanto via Narcisa e Lucius decidirem.
-Não sei se é uma boa ideia. –Narcisa falou em certo momento e Draco escutou, logo apurando a audição e ficando atento. –Belinda pode não se sentir bem.
-Ela vai ter que aceitar. –Bufou o homem.
-Mas é da Belinda...
-Não vamos passar o final de semana inteiro em um hotel só porque ela pode ficar chateada, Narcisa. Você precisa parar de mimar tanto ela, por isso que ela está assim...
-Mas lá...
-Vocês estão falando da casa da Bellatrix e do Rodolphus, não é? –Questionou Belinda.
   Narcisa se virou e a encarou surpresa, ninguém havia notado a aproximação da menina e de Draco, que estava atrás dela.
-Belinda, querida...
-Tudo bem. –Ela deu de ombros. –Aquela casa não recebe ninguém há anos, mas até onde sei os Elfos de lá continuam mantendo tudo limpo, não é mesmo?
-Como sabe disso? –Lucius questionou.
-Ouvi Narcisa mandando limparem a algum tempo. –Deu de ombros. –O que importa é que terei um lugar limpo e sem aranhas. –Embora demonstrasse naturalidade, Belinda não queria ir de fato pra lá.
   Draco viu o olhar de Lestrange ficar mais sombrio, Belinda sempre evitara ficar na casa de Bellatrix, as poucas vezes que foram lá após estarem mais velhos, ela dizia que algo dentro da casa era triste demais e melancólico, sem falar que se sentia observada quando estavam lá, falava ter uma presença assustadora em algum ponto da casa.
   Belinda se distanciou enquanto Lucius fazia uma Chave de Portal e Narcisa falava com o Elfo Doméstico, mandando pegar as coisas de Draco e Belinda. Draco se aproximou dela.
-Certeza que não tem problema?
-Preocupado? –Zombou.
-Até parece. –Deu um sorriso de canto.
-Só vamos dormir hoje e partimos amanhã, não é?
   Draco notou que não adiantaria tocar naquele assunto, ela estava irritada.
-Eu nem perguntei, como merda você conseguiu tanta aranha e rato? –Draco viu um sorriso brotar nos lábios dela e o olhar ficar divertido.
-Você não vai querer saber. –Riu ela.
-Quero sim. Fala logo, Lestrange.
-É segredo.
-Belinda. –Repreendeu e ela riu.
-Draco. –Usou o mesmo tom de voz.
   Draco revirou os olhos e a encarou, ela ainda sorria.
-Fala logo.
-Por que quer tanto saber?
-Eu estou ajudando você a fazer merda, tenho direito de saber como fez.
   Belinda encarou o loiro e sorriu. Os olhos estavam mais azulados do que normalmente, era notória a diversão que continham e ela não se negaria a contar isso a ele, não com aquele olhar, o olhar de seu amigo da infância, afinal, aquele era um dia de retomar a infância, de modo bom e ruim.
-Eu enfeiticei três aranhas e dois ratos, antes de virmos pra cá, com o feitiço dos gêmeos. –Riu e o encarou, notando a surpresa do loiro. –Eu não imaginava que fosse tão difícil.
-Mas como merda vieram parar na sala?
-Calma que eu chego lá. –Disse rindo. –Antes de virmos, pedi ajuda ao Murilo e ele ficou mexendo naquelas coisas peludas. –Ela fingiu estremecer e ele riu. –Ai pedi ao Dobby que trouxesse o Murilo aqui, enquanto estávamos jantando.
-O Dobby, o...
-O nosso antigo Elfo. –Ela sorriu. –Você sabia que Elfos Domésticos podem aparatar mesmo em lugares com proteção? –Questionou rindo. –Eu fiquei surpresa quando descobri.
-Eles invadiram a casa enquanto jantávamos? –Ele estava chocado.
-Sim. –Assentiu. –E ficaram tocando nos ratos e aranhas, ai a casa encheu. –Sorriu abertamente. –Não sei como ninguém não percebeu isso enquanto eles caiam e nos tocavam.
-Eu nem prestei atenção, só te puxei. –Bufou. –Tenho raiva de aranha desde a primeira aula do Velho... –Se calou e Belinda sorriu.
-Do Velho Maluco, eu sei. –Bufou. –Não é pra menos.
-Mas e por que você disse para não comermos e bebermos algumas das coisas?
-Isso também tem motivo. –Sorriu. –Encontrei, com a ajuda do Ty...
-Que fofura, o namoradinho nerd ajudando. –Cortou ele e ela bufou.
-Ajudando a fazer besteira. –Sorriu. –Encontramos um livro de Poções muito bom, no dia seguinte que combinamos de vir para o jantar, lá falava sobre várias Poções de efeitos surpreendentes, você nem vai querer saber.
-Mas por que não vi ninguém sentir nada?
-Efeito retardado. –Riu.
-E o que vai acontecer com eles?
-Uma dor de barriga que vai prendê-los por muito tempo no banheiro.
-Belinda! –Mas ele riu.
-É uma poção que não funciona com qualquer remédio de cura, somente com o antídoto certo. –Deu de ombros. –O qual já providenciei para Narcisa e já a fiz beber, naquele último drink, antes de voltarmos a sala.
-O que ela pediu pra você passar pra ela? –Ela assentiu. –Que meigo da sua parte. –Ela riu da ironia do outro. –Mas e quem não beber esse antídoto?
-Bem, acho bom estar preparado pra passar um longo, longo tempo no banheiro. –Draco gargalhou.
-Você é doida.
-Grande descoberta, Malfoy.
-Belinda, Draco. –Narcisa chamou e os dois a encararam. –Vamos?
   Belinda suspirou e Draco notou que a diversão a abandonara novamente, tão rápido que o surpreendeu. A menina caminhou ao seu lado até onde estava um livro de capa marrom e aparentemente novo. Todos seguraram o livro e Bell sentiu como se tivesse entrado em um redemoinho, o que fez seu corpo protestar.
   Lestrange não escutara Lucius dar a ordem pra soltar, mas viu quando Draco o fez e o imitou, Belinda se assustou por não sentir nada sob seus pés e logo viu Draco de joelhos no chão, antes que tivesse reação caíra de lado e sentiu a dor do braço.
-Merda. –Resmungou e viu Draco estender a mão pra ajuda-la. –Valeu. –Disse quando estava de pé.
   Lestrange olhou para frente e viu o castelo Lestrange erguido de forma majestosa e sombria, o que lhe causou um arrepio, nem mesmo vira Lucius e Narcisa pousarem graciosamente ao seu lado.
   Os quatro caminharam silenciosamente até a entrada da casa e assim que passaram pelo portão Belinda suspirou, há mais de quatro anos não entrava na casa dos Lestrange, a sua casa.
-Lar, doce lar! —Debochou ela quando passaram pela porta de entrada e viu Draco dar um sorriso de canto, mas não havia felicidade alguma, nem mesmo a usual ironia.
-Senhorita Lestrange. —Vick cumprimentou extasiada.
   Os olhos verdes da pequena Elfo Doméstico estavam vidrados em Belinda.
-Vick. —Belinda de um sorrisinho sem ânimo. —Como você está?
-Feliz em vê-la, senhorita Belinda.
-Igualmente. —Suspirou. —Arrume meu quarto, por favor.
   Belinda estava nervosa e era notório, cada canto daquela casa lhe dava arrepios e ela nem poderia dizer o porquê. Lestrange seguiu para o sofá e sentiu um calafrio percorrer sua coluna, a menina olhou para os cantos, tentando localizar de onde vinha o olhar crítico e cruel que estava sobre ela, mas não encontrou nada.
-Você tá bem? —Draco questionou quando ela sentou e a garota assentiu. —Belinda...
   Malfoy tocou no braço da menina e notou o quão gelada ela estava.
-Só que depois de tudo... —Encarou as próprias mãos e depois o encarou. —Essa casa só não é muito aconchegante pra mim.
   Draco viu a dor passar no negro dos olhos da garota e apertou de leve seu braço.
-Vai ficar tudo bem.
   Belinda assentiu e encarou a sala. Os móveis eram elegantes e escuros, a casa Lestrange lembrava muito a mansão Malfoy, porém a sensação era opressiva demais naquele lugar e não lembrava em nada um lar.
   Lestrange viu a foto pregada na parede, à única foto na sala, era uma linda mulher de cabelo negro e cacheado, olhos escuros e sorriso zombeteiro.
-Bellatrix. —Draco comentou. —Mamãe diz que muitos sentiam o cheiro do cabelo da tia Bellatrix em suas Amortentias.
-Ela realmente era bonita. —Comentou vagamente.
-Bella era uma garota linda e apesar de ser rude com a maioria, era encantadora, ao modo torto dela. —Narcisa disse rindo levemente. —Minha irmã era apaixonante.
-Como ela acabou com o Rodolphus? –Quis saber Bell.
   Belinda nunca se importara, quando mais jovem, em saber nada sobre seus tutores, mas no fim das contas, Rodolphus Lestrange fora mais do que seu tutor.
-Belinda. —Draco estalou os dedos em frente aos olhos da menina.
-O que? —Perguntou olhando para os lados.
-Papai está te chamando.
   Belinda ergueu os olhos escuros e encarou Lucius, que não parecia contente, ao seu lado estava alguém inesperado e que fez o sangue da garota ferver imediatamente.
   Mark estava parado elegantemente ao lado de Lucius, mais alto e imponente. Os olhos âmbar eram cínicos e perversos, o sorriso trazia uma zombaria irritante, o cabelo negro quase até os ombros era liso e sedoso, a pele levemente morena e bonita, entretanto não era um homem bonito e tudo nele aborrecia a menina.
-O que ele está fazendo na minha casa?
   Mark abriu mais seu sorriso e encarou a garota com desdém.
-Não deveria falar assim comigo, sou seu...
-Você não é nada meu! —Se colocou de pé e Draco se mexeu desconfortável no sofá, encarando a cena. —Eu o quero fora daqui!
-Abaixe o tom, Belinda. —O sorriso permanecia inalterado.
-Você não tem nada pra fazer aqui! Não tem a merda de motivo algum pra estar na minha casa!
-Anos se passaram, mas você continua birrenta. —Ironizou e sentou na poltrona, sem tirar os olhos dela.
-Eu vou dizer mais uma vez. —Era possível ouvir a raiva, mesmo com seu tom tendo baixado consideravelmente, e vê-la nos gestos da garota. —Saia da minha casa, Mark.
-Me dê um bom motivo, quem sabe me convence.
   Belinda respirou fundo e instintivamente a mão foi até o bolso do vestido, enlaçou a Varinha e sentiu Draco segurar seu braço com calma, ela o encarou e viu o aviso em seus olhos, que voltaram a cair em um cinza profundo, tão escuro quanto o céu anunciando uma tempestade.
-Você quer ficar? —Disse a menina, voltando a encarar o homem. —Fique, temos boas bebidas na adega e nossos quartos de hóspedes são excelentes, embora eu ache que pra você fique melhor o chão do porão.
   Belinda não esperou respostas, mas viu um brilho de surpresa e curiosidade nos olhos âmbar e o escutou gargalhar.
   Draco viu seu pai fixar os olhos na menina, até que ela sumisse e o som da porta se fechando fortemente ecoar no ambiente, logo um barulho abafado.
-Vá atrás dela. —Lucius mandou e Draco assentiu, seguindo rapidamente para a biblioteca.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora